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Após casos de abuso na Irlanda, papa discute nova estratégia com bispos
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da France Presse, na Cidade do Vaticano
da Folha Online
O papa Bento 16 convocou para os próximos dias 15 e 16 uma reunião com os bispos de Irlanda para discutir como recuperar a confiança dos fieis após um relatório que revelou décadas de abuso de crianças em instituições irlandesas comandadas por padres, além do esforço dos líderes religiosos de acobertar o crime.
Segundo o cardeal Claudio Hummes, prefeito da congregação para o clero, os padres condenados por pedofilia devem ser castigados, inclusive pela justiça comum.
Bento 16, que reiterou na semana passada a oposição da Igreja Católica às leis a favor dos homossexuais, assegurou em seu discurso que "a família, fundamentada no matrimônio entre um homem e uma mulher, é a maior ajuda que se pode oferecer às crianças".
"Infelizmente, em várias ocasiões, certos membros da Igreja católica violaram os direitos das crianças", disse o papa, condenando os abusos sexuais. "Um comportamento que a Igreja lamenta e continuará lamentando e condenando", acrescentou.
O papa deve entregar aos bispos irlandeses uma Carta Pastoral, parecida com a que foi entregue para a Igreja norte-americana em 2002, após o grave escândalo de abusos sexuais no país.
Segundo a imprensa italiana, o papa indicará claramente as medidas que serão tomadas. A carta deverá ser lida aos católicos irlandeses na quarta-feira de cinzas, no dia 17 de fevereiro.
O papa Bento 16 aceitou a renúncia em dezembro de quatro bispos irlandeses acusados de encobrirem o caso de abuso sexual infantil.
O caso veio à tona com a publicação de um relatório elaborado pela juíza Yvonne Murphy. O documento contém as provas da existência de um esquema por meio do qual sacerdotes e autoridades policiais teriam encoberto casos de pedofilia por mais de 40 anos. Ao todo, 46 padres estão sendo investigados.
O documento foi publicado pouco depois do relatório elaborado pela Comissão da Diocese de Dublin com o nome de 15 padres acusados pelo abuso de 450 crianças em um período de 35 anos. O relatório identifica também as vítimas e foi entregue ao ministro de Justiça, Dermot Ahern --que deve decidir se publicará o nome dos acusados, algo que pode causar uma polêmica de grandes proporções na Igreja Católica.
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