Publicidade
Publicidade
18/02/2004
-
03h32
CÍNTIA CARDOSO
da Folha de S.Paulo em Nova York
A troca de alianças entre pessoas do mesmo sexo tornou-se o foco de uma batalha política com fortes componentes ideológicos nos Estados Unidos.
A decisão do democrata Gavin Newsom, 36 --prefeito de San Francisco há dois meses--, de liberar casamentos entre homossexuais na semana passada ganhou proporções nacionais. Mas a validade da concessão das certidões de casamento emitidas para casais gays ainda pode ser anulada.
Do lado conservador, prevalece o discurso de defesa da "santidade do matrimônio". A luta pela criação de uma emenda constitucional que proíba o casamento entre homossexuais é liderada pelo presidente George W. Bush. O principal argumento dos grupos contrários ao casamento gay é o de que a Justiça não pode exercer o papel de transformar valores já cristalizados na sociedade.
No final do ano passado, a Suprema Corte de Massachusetts decidiu que não havia nenhum dispositivo na Constituição dos Estados Unidos que impedisse casais homossexuais de se casarem. A partir de maio deste ano, o Estado passará a emitir certidões de casamento para casais gays.
A maioria da população americana, entretanto, é refratária a essa decisão. Pesquisa recente do Instituto Gallup mostra que 6 em cada 10 americanos desaprovam a legalização do casamento entre homossexuais. Esses números dão fôlego aos partidários do casamento como uma instituição restrita a heterossexuais.
"É ultrajante que juízes tentem mudar uma instituição que já existe há milhares de anos. O propósito do casamento sempre foi o de unir os sexos opostos para gerar o maior número de crianças possível", disse à Folha de S.Paulo Gary Bauer, presidente do "think tank" conservador American Values.
"Geralmente, as pessoas temem gays e lésbicas porque são mal informadas e porque recebem recompensas sociais por serem heterossexuais e homófobas. Um desses prêmios é o direito de casar e de ter relações e famílias definidas e protegidas legalmente", afirmou Beverly Greene, professora de psicologia da Universidade St. John, em Nova York.
Tema de campanha
Hoje, o debate saiu da esfera acadêmica para ser o foco da campanha presidencial. Do lado republicano, a posição contrária ao casamento gay é abertamente defendida por Bush. Do lado democrata, entretanto, os pré-candidatos tentam adotar uma retórica conciliatória.
John Kerry defende a adoção do conceito de "uniões civis" para casais gays, mas não usa o termo casamento. O fato de Kerry ser senador pelo Estado de Massachusetts, um dos centros da controvérsia, pode ser um alvo de ataques para Bush.
Howard Dean, que aprovou uma lei a favor de uniões civis durante o seu mandato de governador em Vermont, e John Edwards também seguem a cartilha do discurso moderado.
Para os ativistas do movimento gay, porém, isso é pouco. "Acho fantástico que o prefeito de San Francisco, que é heterossexual e casado, tenha tido a coragem de defender abertamente os direitos dos gays. Quanto ao Partido Democrata, acho que eles não estão indo longe o suficiente. Vamos esperar para ver qual vai ser a verdadeira posição deles depois das primárias", declarou Monica Taher, da associação Glaad (sigla em inglês para Simpatizantes e Defensores de Gays e Lésbicas).
Os ativistas dos direitos civis dos gays afirmam que a diferenciação entre união civil e casamento não é apenas uma questão semântica.
O casamento confere um status legal de alcance nacional, o que pode, por exemplo, garantir a permanência de cônjuges estrangeiros no país. Já as uniões civis ou parcerias domésticas têm alcance apenas regional.
Casamento gay vira debate nacional nos EUA
Publicidade
da Folha de S.Paulo em Nova York
A troca de alianças entre pessoas do mesmo sexo tornou-se o foco de uma batalha política com fortes componentes ideológicos nos Estados Unidos.
A decisão do democrata Gavin Newsom, 36 --prefeito de San Francisco há dois meses--, de liberar casamentos entre homossexuais na semana passada ganhou proporções nacionais. Mas a validade da concessão das certidões de casamento emitidas para casais gays ainda pode ser anulada.
Do lado conservador, prevalece o discurso de defesa da "santidade do matrimônio". A luta pela criação de uma emenda constitucional que proíba o casamento entre homossexuais é liderada pelo presidente George W. Bush. O principal argumento dos grupos contrários ao casamento gay é o de que a Justiça não pode exercer o papel de transformar valores já cristalizados na sociedade.
No final do ano passado, a Suprema Corte de Massachusetts decidiu que não havia nenhum dispositivo na Constituição dos Estados Unidos que impedisse casais homossexuais de se casarem. A partir de maio deste ano, o Estado passará a emitir certidões de casamento para casais gays.
A maioria da população americana, entretanto, é refratária a essa decisão. Pesquisa recente do Instituto Gallup mostra que 6 em cada 10 americanos desaprovam a legalização do casamento entre homossexuais. Esses números dão fôlego aos partidários do casamento como uma instituição restrita a heterossexuais.
"É ultrajante que juízes tentem mudar uma instituição que já existe há milhares de anos. O propósito do casamento sempre foi o de unir os sexos opostos para gerar o maior número de crianças possível", disse à Folha de S.Paulo Gary Bauer, presidente do "think tank" conservador American Values.
"Geralmente, as pessoas temem gays e lésbicas porque são mal informadas e porque recebem recompensas sociais por serem heterossexuais e homófobas. Um desses prêmios é o direito de casar e de ter relações e famílias definidas e protegidas legalmente", afirmou Beverly Greene, professora de psicologia da Universidade St. John, em Nova York.
Tema de campanha
Hoje, o debate saiu da esfera acadêmica para ser o foco da campanha presidencial. Do lado republicano, a posição contrária ao casamento gay é abertamente defendida por Bush. Do lado democrata, entretanto, os pré-candidatos tentam adotar uma retórica conciliatória.
John Kerry defende a adoção do conceito de "uniões civis" para casais gays, mas não usa o termo casamento. O fato de Kerry ser senador pelo Estado de Massachusetts, um dos centros da controvérsia, pode ser um alvo de ataques para Bush.
Howard Dean, que aprovou uma lei a favor de uniões civis durante o seu mandato de governador em Vermont, e John Edwards também seguem a cartilha do discurso moderado.
Para os ativistas do movimento gay, porém, isso é pouco. "Acho fantástico que o prefeito de San Francisco, que é heterossexual e casado, tenha tido a coragem de defender abertamente os direitos dos gays. Quanto ao Partido Democrata, acho que eles não estão indo longe o suficiente. Vamos esperar para ver qual vai ser a verdadeira posição deles depois das primárias", declarou Monica Taher, da associação Glaad (sigla em inglês para Simpatizantes e Defensores de Gays e Lésbicas).
Os ativistas dos direitos civis dos gays afirmam que a diferenciação entre união civil e casamento não é apenas uma questão semântica.
O casamento confere um status legal de alcance nacional, o que pode, por exemplo, garantir a permanência de cônjuges estrangeiros no país. Já as uniões civis ou parcerias domésticas têm alcance apenas regional.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice