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TV crítica venezuelana se ajusta a regra que obriga a exibir discursos
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da Folha de S. Paulo
O presidente do grupo empresarial dono do canal venezuelano RCTV, Marcel Granier, anunciou nesta segunda-feira que, "sob protesto", a TV vai se ajustar às normas baixadas pelo governo que obrigam TVs por assinatura a transmitir discursos do presidente Hugo Chávez e outros eventos oficiais.
A decisão vem quase um mês depois de a RCTV, crítica do governo, sair do ar, por recusar-se a exibir um discurso de Chávez. A suspensão provocou uma onda de protestos contra o governo capitaneada por líderes estudantis e engrossada por venezuelanos insatisfeitos com a crise energética no país.
A RCTV, então líder de audiência no país, migrou para a TV por assinatura em 2007, quando o governo se recusou a renovar a concessão para seu sinal aberto porque a emissora apoiou a tentativa de golpe contra Chávez em 2002. Mesmo pago, é um dos canais mais assistidos na Venezuela, onde 37% têm TV a cabo.
Granier anunciou ainda que o grupo criará o canal RCTV Mundo, com programação majoritariamente internacional e, portanto, desobrigada a retransmitir falas do presidente.
O governo Chávez afirmou que a decisão da RCTV é "um reconhecimento da lei". "Não temos razões nem para nos alegrar nem para nos entristecer. Se querem ser internacionais, cumpram a lei", disse o presidente da Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações), Diosdado Cabello.
Pela regra da Conatel, as TVs a cabo consideradas nacionais --com mais de 30% de programação produzida na Venezuela-- estavam também obrigadas a participar das cadeias oficiais de rádio e TV.
Ao lado da RCTV, outros cinco canais tiveram a transmissão suspensa, mas ajustaram-se aos pedidos do governo na semana seguinte.
A decisão de estender as cadeias oficiais à TV a cabo foi criticada por organizações de imprensa e pela ONG Human Rights Watch. Segundo a ONG, desde a chegada de Chávez ao poder, em 1999, a mídia venezuelana foi obrigada a transmitir quase 2.000 discursos. Em 2009, segundo estudo da organização, foram 141 discursos --apenas um deles durou sete horas e 34 minutos.
Polêmica na Globovisión
A controvérsia com a RCTV não foi o único episódio recente na turbulenta relação do governo Chávez com alguns meios de comunicação na Venezuela. Há duas semanas, o empresário Alberto Ravell, diretor-geral da TV oposicionista Globovisión, anunciou que deixava o cargo, aumentando os rumores de ingerência do governo no canal.
Segundo relatos da imprensa local, Ravell renunciou por divergências com outro sócio, o banqueiro Nelson Mezerhane, do Banco Federal, supostamente defensor de uma linha menos dura contra Chávez.
A Globovisión afirmou que o canal "não se compra nem se vende" e que não mudará a sua linha editorial. Assim como a RCTV, a TV é 1 das 4 emissoras privadas que apoiaram o frustrado golpe de 2002.
Com agências internacionais
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