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05/03/2004 - 18h34

EUA anunciam suspensão de debates sobre Constituição iraquiana

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da Folha Online

Os dirigentes iraquianos não assinarão hoje a Constituição provisória do Iraque, como estava previsto, devido a divergências sobre um de seus artigos, anunciou hoje um porta-voz da coalizão liderada pelos EUA que ocupa o país.

Segundo o porta-voz, nenhuma decisão será tomada hoje. Ele não informou quando serão retomados os debates.

Entifadh Qanbar, porta-voz do Congresso Nacional Iraquiano, um dos grupos que forçaram o atraso da assinatura do documento, disse que os debates serão retomados na segunda-feira às 10h (4h em Brasília).

A assinatura de uma Constituição interina do Iraque foi adiada hoje após objeções de última hora levantadas por alguns membros xiitas do Conselho de Governo Iraquiano, informaram fontes políticas.

A Constituição é um passo importante nos planos de Washington de entregar a soberania de volta aos iraquianos em 30 de junho.

O atraso é um empecilho para a administração liderada pelos EUA, que havia organizado músicos e crianças vestidas em trajes típicos iraquianos para a cerimônia de assinatura.

Hamid al Bayati, do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, disse que cinco membros xiitas do Conselho de Governo Iraquiano se opuseram a aspectos da Constituição, que estava programada para ser assinada às 16h (12h em Brasília).

Na segunda-feira (1º), o Conselho de Governo Iraquiano declarou que tinha concordado unanimemente com a Constituição interina depois de dias de intensas negociações.

Segundo Bayati, xiitas se opuseram à estrutura proposta do conselho presidencial.

Conselho presidencial

Outra fonte do Conselho de Governo Iraquiano afirmou que xiitas preferiam um conselho presidencial com cinco membros a um com três --três xiitas, um sunita e um curdo.

A fonte declarou que xiitas queriam que fossem tomadas agora algumas decisões sobre a estrutura do governo provisório que teve tomar o poder em 30 de junho.

Anteriormente, eles tinham concordado que esses temas fossem incluídos em um anexo ao documento, que seria redigido nas próximas semanas.

Bayati afirmou que os membros do Conselho de Governo Iraquiano que levantaram objeções foram: Abdul Aziz al Hakim, do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, Ibrahim Jaafari, do partido Dawa, Mowaffaq al Rubaie, Mohammed Bahr al Uloum, atual presidente do Conselho de Governo Iraquiano, e Ahmad Chalabi, do Congresso Nacional Iraquiano.

A fonte do Conselho de Governo Iraquiano declarou que os cinco estavam discutindo pelo telefone com o aiatolá Ali al Sistani, o mais importante clérigo xiita do Iraque, que levantou diversas objeções aos planos dos EUA para a entrega da soberania.

Segundo a fonte, os cinco também realizaram encontros individuais com o administrador americano no Iraque, Paul Bremer, para tentar resolver suas objeções.

A assinatura do documento já foi adiada por quase uma semana --primeiro por duras negociações entre os membros do Conselho de Governo Iraquiano que foram além do prazo final de 28 de fevereiro, depois pelos três dias de luto após a série de ataques em Bagdá e Karbala na terça-feira (2).

Bombas

Hoje de manhã, rebeldes lançaram morteiros no Aeroporto Internacional de Bagdá, disse o Exército dos EUA. Duas bombas explodiram em rodovias da capital iraquiana freqüentemente usadas por soldados dos EUA. Não há registro de vítimas.

O Exército dos EUA diz que um membro da rede terrorista Al Qaeda chamado Abu Musab al Zarqawi é o principal suspeito pelos ataques de terça-feira em Bagdá e Karbala, marcando o dia em que os xiitas celebravam um feriado religioso como o mais sangrento desde a queda de Saddam Hussein, em abril passado.

O Conselho de Governo Iraquiano afirmou que os ataques deixaram 271 mortos, enquanto a coalizão liderada pelos EUA declarou que 181 pessoas morreram e outras 573 ficaram feridas.

O comandante das forças dos EUA no Iraque e no Afeganistão, general John Abizaid, declarou ontem que Zarqawi estava no Iraque e era alvo de uma intensa busca. Segundo autoridades dos EUA, Zarqawi quer iniciar uma guerra civil no Iraque.

Outras importantes autoridades americanas disseram que não há fortes evidências de ligações entre Zarqawi e os ataques.

"'Ele está em algum lugar do Iraque", disse Abizaid a uma TV. "Estamos procurando bastante e encontramos alguns poucos agentes dele e muito trabalho que ele está fazendo."

Empenho

O presidente do Conselho de Governo Iraquiano disse que os EUA precisam se empenhar mais para evitar atentados. "Eu culpo as autoridades", disse ontem Mohammed Bahr Al Uloum. "As forças da coalizão são parte das autoridades e estão encarregadas de manter a segurança, então deveriam fazer de tudo para mantê-la."

O principal líder da maioria xiita do Iraque, aiatolá Ali al Sistani, também culpou os EUA por não proteger o país que ocupam.

Ontem, o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que nem seus militares nem as forças iraquianas de segurança podem proteger os iraquianos completamente de ataques devastadores como o de terça-feira.

"É impossível para qualquer um defender cada lugar de cada técnica concebível a cada momento do dia e da noite", afirmou Rumsfeld no Pentágono.

Ontem, pelo menos oito pessoas morreram --três em um ataque com foguete em Bagdá e cinco em Mossul por soldados dos EUA que abriram fogo contra iraquianos que tentavam seqüestrar um caminhão turco.

Os militares dizem que, embora a soberania política esteja para ser transferida em meados deste ano, as forças da coalizão liderada pelos EUA vão continuar responsáveis pela segurança.

Com agências internacionais

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