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09/03/2004 - 16h19

Problemas enfrentados por Bush desestabilizam republicanos

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da France Presse, em Washington

A maioria republicana no Congresso começou a mostrar sinais de nervosismo ante os problemas enfrentados pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, no Iraque, o persistente desemprego e os desequilíbrios orçamentários, a menos de oito meses da eleição presidencial.

O analista conservador Robert Novak, próximo aos republicanos, se referiu a um "mal-estar" predominante entre os amigos de Bush no Senado e na Câmara dos Representantes, numa coluna de opinião publicada recentemente no "Washington Post".

"Não existe qualquer dúvida sobre o fato de que a perda de credibilidade dos republicanos, percebida inclusive no seu próprio partido, sobre o déficit das finanças públicas, e os maus resultados sobre as intenções de voto para Bush apontados pelas pesquisas criam uma grande ansiedade entre nossos eleitores", disse Tom Feeney, legislador republicano na Flórida.

De acordo com uma pesquisa da CNN/USA Today divulgada ontem, o senador democrata John Kerry derrotaria Bush por 52% das intenções de voto contra 44%, se a eleição presidencial do dia 2 de novembro fosse realizada hoje.

O nível de popularidade do presidente republicano está pela primeira vez abaixo de 50%, informou o mesmo estudo.

Feeney destacou a insatisfação e a preocupação dos conservadores com a explosão do déficit orçamentário e com a incapacidade de Bush de controlar os gastos estatais.

O déficit recorde de US$ 375 bilhões em 2003 poderia ser superado em 2004, alcançando US$ 521 bilhões.

Ao conseguir a aprovação pelo Congresso de duas reduções de impostos, Bush se tornou o presidente que mais gastou dos Estados Unidos depois do democrata Lyndon Johnson, nos anos 60.

O Congresso aprovou no final de 2003 um caro programa plurianual de US$ 400 bilhões promovido por Bush, cujo objetivo era garantir uma cobertura parcial dos gastos em remédios dos idosos.

Algumas semanas depois de sua aprovação, a Casa Branca revisou em alta o custo do programa, com US$ 140 bilhões suplementares, provocando a consternação dos republicanos.

No entanto, além do déficit, o que gera uma maior preocupação é a incapacidade do presidente de promover uma política eficiente para lutar contra o desemprego, apesar da recuperação econômica. Este problema é particularmente evidente em Estados industriais como Ohio, Pensilvânia e Missouri, cujos setores manufatureiros continuam reduzindo seus efetivos por causa da transferência da produção para países onde os salários são mais baixos.

Os deputados republicanos temem que estes mesmos Estados acabem decidindo o resultado da eleição presidencial de novembro. "Meus eleitores consideram que sofremos uma depressão, e o presidente tem de lhes dar garantias", disse o senador republicano de Ohio George Voinovich.

Em sinal da amplitude desta preocupação, o Senado acabou de aprovar por 70 votos contra 26 uma emenda democrata para proibir a transferência da produção nos contratos federais, uma medida apoiada por 25 republicanos.

No âmbito da política externa, a impossibilidade de encontrar armas de destruição em massa (ADM) no Iraque irrita principalmente os republicanos moderados, como a senadora do Maine Susan Collins. "Estou muito preocupada com isso."

"Apesar de a invasão do Iraque ter sido justificada por outros motivos, a impossibilidade de descobrir ADM neste país significaria um fracasso colossal dos nossos serviços de inteligência", disse.

"Para tranqüilizar o núcleo mais radical dos conservadores republicanos e restaurar sua credibilidade, Bush foi obrigado a fazer um discurso ideológico e a tomar iniciativas de choque, como apoiar uma emenda constitucional proibindo os casamentos homossexuais", disse Norman Ornstein, especialista em assuntos do Congresso do American Enterprise Institute.

No entanto, "tais posições conservadoras indispõem os centristas e os moderados, cujos votos são cruciais em qualquer eleição presidencial, reduzindo as chances de reeleição de Bush", disse Ornstein.
 

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