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09/03/2004 - 17h15

Cinco britânicos detidos em Guantánamo voltam ao Reino Unido

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da France Presse, em Londres

Cinco dos nove britânicos detidos na base americana de Guantánamo, em Cuba, desde sua captura há dois anos no Afeganistão, chegaram hoje à noite ao Reino Unido para serem interrogados pelos serviços antiterroristas da Scotland Yard.

Eles chegaram ao anoitecer na base de Northolt, noroeste de Londres, a bordo de um avião C-17 da Royal Air Force, segundo as imagens transmitidas pelo canal "Sky News". Um grupo de oficiais da polícia antiterrorista acompanhava os detidos.

Estes homens, suspeitos de serem combatentes da rede terrorista Al Qaeda ou dos talebans, foram entregues às autoridades britânicas e deixaram hoje o centro de detenção Delta.

"A decisão de transferi-los foi tomada depois de longas discussões entre nossos dois governos", afirmou o Pentágono, acrescentando que "o Governo britânico aceitou o traslado dos detidos e assumiu a responsabilidade de fazer o necessário para que não representem uma ameaça para os Estados Unidos ou seus aliados".

Os cinco homens fazem parte de um grupo de nove britânicos retidos na base militar de Camp Delta, onde estão presas 650 pessoas de 42 países, a maioria capturada no Afeganistão.

Respondendo a uma pergunta sobre qual será seu destino uma vez em solo britânico, o porta-voz de Downing Street disse que "cabe à Scotland Yard e ao Ministério da Defesa anunciá-lo no momento apropriado".

Ruhal Ahmed (23 anos, estudante), Asif Iqbal (20 anos, funcionário de uma loja), Shafiq Rasul (25 anos, estudante de informática), Tarek Dergul (24 anos, ex-empregado de um asilo) e Khamal Al Harith (35 anos, webdesigner) serão postos à disposição policial, na delegacia de Paddington Green, no centro de Londres, segundo Greg Powell, advogado de um deles.

Ontem, na Universidade americana de Harvard, o ministro britânico do Interior, David Blunkett, afirmou que estes homens seriam submetidos a "um processo normal de interrogatórios pelos especialistas antiterroristas de Londres".

Os cinco, três deles naturais da cidade de Tipton, perto de Birmingham (centro da Inglaterra), foram chamados de "os talebans de Tipton".

A organização de defesa dos direitos humanos Liberty se declarou satisfeita com a libertação dos cinco detidos mas criticou a "hipocrisia" do governo britânico, que retém em seu território prisioneiros que não foram formalmente acusados.

"A legislação britânica se parece muito com a dos Estados Unidos", afirmou Barry Hugill, porta-voz da Liberty. "No Reino Unido mantemos presas pessoas sem julgamento nem acusação em virtude da lei antiterrorista", afirmou.

Quanto ao futuro dos outros quatro presos britânicos de Guantánamo, Feroz Abbasi, Moazzam Begg, Richard Belmar e Martin Mubanga, o governo britânico estimou que "o ideal é que sejam julgados nos Estados Unidos".

Segundo fontes americanas, estes homens são "bastante perigosos para serem libertados" e acarretam "uma séria ameaça" para a segurança dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Peter Williamson, presidente da organização Law Society, pediu ao governo britânico fazer "o possível" para garantir que estes quatro homens tenham "um julgamento num tribunal civil dos Estados Unidos ou sejam repatriados ao Reino Unido para serem julgados lá".
 

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