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08/04/2004
-
17h55
da France Presse, em La Paz
A Central Operária Boliviana (COB), formada por um poderoso sindicato agrário, convocou uma greve geral a partir de maio, na pior arremetida contra a precária administração do presidente Carlos Mesa, que governa sem maioria no Congresso e em meio a uma forte oposição política.
Os sindicatos pediram a revogação de uma lei de hidrocarbonetos e anunciaram um protesto para 15 de abril em rechaço à projetada exportação de gás para a Argentina que será definida no dia anterior em um encontro entre o presidente Mesa e seu colega argentino, Néstor Kirchner.
Sustentada pelo poderoso sindicato de camponeses liderado pelo chefe líder aymara Felipe Quispe, a COB frisou que a mobilização da próxima semana é uma advertência a Mesa. Segundo ela, o presidente não cumpriu com o compromisso de revogar a lei de hidrocarbonetos, considerada lesiva aos interesses nacionais.
Sem apoio do Congresso, Mesa pareceu cair depois que o outro ator político e social de primeiro plano na Bolívia, o líder cocaleiro e do Movimento Ao Socialismo (MAS), Evo Morales, também condenou a venda de gás à Argentina e o intimou a cumprir seu compromisso de governar "ao lado do povo".
Acuado
Frente ao dramático quadro, o ministro da Previdência, José Galindo, reconheceu à imprensa que "o governo está cercado e indefeso".
"O governo está sendo cada dia mais cercado. A cada dia estamos diante de uma situação mais difícil", lamentou Galindo, horas depois que a COB rejeitou a proposta oficial de acertar um pacto social para salvar a crítica situação econômica e social.
Com ameaças de convulsão social e advertências ao Executivo "não vamos chegar a nenhum lugar", refletiu Galindo, um dos mais próximos colaboradores do Presidente da República.
Mesa foi levado ao poder como uma saída constitucional a uma rebelião popular que expulsou a 17 de outubro passado o presidente liberal Gonzalo Sánchez de Lozada, que se refugiou nos Estados Unidos.
Mesa, sucessor constitucional de Sánchez de Lozada, assumiu com o compromisso de revogar a lei de hidrocarbonetos, convocar um referendo sobre o futuro do gás e organizar uma assembléia constituinte.
O radical dirigente da COB, Jaime Solares, um dos líderes da rebelião popular de outubro passado, disse que Mesa representa o "continuísmo de Goni, sem Goni", como é conhecido Sánchez de Lozada. "Não se esqueçam que ele era o vice-presidente de Goni", afirmou.
Mesa "é a favor das multinacionais e do modelo neoliberal que deixa mais pobreza e desemprego", acusou Solares e considerou que "carece de uma política de mineração, de gás, da agro, da educação e da saúde".
Solares, que ratificou para 2 de maio o início de uma greve geral e indeterminada, denunciou que Mesa tomou a decisão de vender gás natural à Argentina, submersa numa crise energética imensa, "às custas do povo".
O negócio com a Argentina entrará em vigor por um ano em maio próximo e produzirá entre regalias e impostos regionais um lucro de US$ 36 milhões, de um total de US$ 104 milhões do montante da operação, segundo Galindo.
O ex-candidato presidencial Evo Morales rejeitou as cifras oficiais e afirmou que a operação de US$ 600 milhões deixará ao país apenas US$ 20 milhões.
Os sindicatos temem que o negócio beneficie os consórcios estrangeiros que controlam os hidrocarbonetos bolivianos e indiretamente o Chile, país com o qual a Bolívia mantém um antigo litígio marítimo.
Sindicatos bolivianos convocam greve geral e atacam presidente
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A Central Operária Boliviana (COB), formada por um poderoso sindicato agrário, convocou uma greve geral a partir de maio, na pior arremetida contra a precária administração do presidente Carlos Mesa, que governa sem maioria no Congresso e em meio a uma forte oposição política.
Os sindicatos pediram a revogação de uma lei de hidrocarbonetos e anunciaram um protesto para 15 de abril em rechaço à projetada exportação de gás para a Argentina que será definida no dia anterior em um encontro entre o presidente Mesa e seu colega argentino, Néstor Kirchner.
Sustentada pelo poderoso sindicato de camponeses liderado pelo chefe líder aymara Felipe Quispe, a COB frisou que a mobilização da próxima semana é uma advertência a Mesa. Segundo ela, o presidente não cumpriu com o compromisso de revogar a lei de hidrocarbonetos, considerada lesiva aos interesses nacionais.
Sem apoio do Congresso, Mesa pareceu cair depois que o outro ator político e social de primeiro plano na Bolívia, o líder cocaleiro e do Movimento Ao Socialismo (MAS), Evo Morales, também condenou a venda de gás à Argentina e o intimou a cumprir seu compromisso de governar "ao lado do povo".
Acuado
Frente ao dramático quadro, o ministro da Previdência, José Galindo, reconheceu à imprensa que "o governo está cercado e indefeso".
"O governo está sendo cada dia mais cercado. A cada dia estamos diante de uma situação mais difícil", lamentou Galindo, horas depois que a COB rejeitou a proposta oficial de acertar um pacto social para salvar a crítica situação econômica e social.
Com ameaças de convulsão social e advertências ao Executivo "não vamos chegar a nenhum lugar", refletiu Galindo, um dos mais próximos colaboradores do Presidente da República.
Mesa foi levado ao poder como uma saída constitucional a uma rebelião popular que expulsou a 17 de outubro passado o presidente liberal Gonzalo Sánchez de Lozada, que se refugiou nos Estados Unidos.
Mesa, sucessor constitucional de Sánchez de Lozada, assumiu com o compromisso de revogar a lei de hidrocarbonetos, convocar um referendo sobre o futuro do gás e organizar uma assembléia constituinte.
O radical dirigente da COB, Jaime Solares, um dos líderes da rebelião popular de outubro passado, disse que Mesa representa o "continuísmo de Goni, sem Goni", como é conhecido Sánchez de Lozada. "Não se esqueçam que ele era o vice-presidente de Goni", afirmou.
Mesa "é a favor das multinacionais e do modelo neoliberal que deixa mais pobreza e desemprego", acusou Solares e considerou que "carece de uma política de mineração, de gás, da agro, da educação e da saúde".
Solares, que ratificou para 2 de maio o início de uma greve geral e indeterminada, denunciou que Mesa tomou a decisão de vender gás natural à Argentina, submersa numa crise energética imensa, "às custas do povo".
O negócio com a Argentina entrará em vigor por um ano em maio próximo e produzirá entre regalias e impostos regionais um lucro de US$ 36 milhões, de um total de US$ 104 milhões do montante da operação, segundo Galindo.
O ex-candidato presidencial Evo Morales rejeitou as cifras oficiais e afirmou que a operação de US$ 600 milhões deixará ao país apenas US$ 20 milhões.
Os sindicatos temem que o negócio beneficie os consórcios estrangeiros que controlam os hidrocarbonetos bolivianos e indiretamente o Chile, país com o qual a Bolívia mantém um antigo litígio marítimo.
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