Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/04/2004 - 17h41

Memorando sobre 11/9 não apagará polêmica sobre atentados

Publicidade

JEAN-LOUIS DOUBLET
da France Presse, nos EUA

A publicação por parte da Casa Branca de um memorando secreto da Defesa sobre as atividades da rede Al-Qaeda nos EUA, entregue a George W. Bush um mês antes dos atentados do 11 de Setembro, não apagará a polêmica deflagrada com as eleições presidenciais de novembro como pano de fundo.

Em um artigo publicado no jornal "The New York Times" deste domingo, Bob Kerrey, um proeminente membro da Comissão oficial que investiga os atentados, expressou que os ataques poderiam ser evitados e que a atual estratégia antiterrorista americana está longe de ser a ideal.

Kerrey comenta que tanto os democratas, quanto os republicanos, compartilham o fracasso, em todos os níveis, por não terem evitado os ataques.

"Duas coisas estão claras para mim neste nível da investigação. A primeira é que o 11 de Setembro poderia ter sido evitado e a segunda é que nossa estratégia atual contra o terrorismo está longe de ser perfeita", escreveu Kerrey, ex-senador democrata por Nebraska.

Ao se referir à política antiterrorista atual, Kerrey foi mais adiante: "Em particular, nossas táticas militares e políticas no Iraque criam as condições para uma guerra civil lá e dão à Al-Qaeda razões poderosas para recrutar jovens que declarem a jihad (guerra santa) aos Estados Unidos".

Bush, por sua vez, sustenta que não havia como evitá-los, porque não se podia prever que os aviões seqüestrados seriam utilizados como mísseis contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e contra o Pentágono, em Washington.

"Não posso dizer mais do que apenas isto: se soubéssemos, teríamos atuado", ressaltou o presidente, em uma conversa com jornalistas neste domingo, durante uma visita à base militar de Fort Hood, no Texas.

Segundo Bush, o memorando não fazia qualquer referência a um eventual ataque contra os EUA. "Não dizia nada sobre um ataque aos Estados Unidos. Falava de intenções e de alguém (numa alusão a Osama bin Laden) que odiava os Estados Unidos. Isso nós já sabíamos", disse à imprensa em Fort Hood.

"Se eles (os serviços de inteligência) tivessem encontrado algo, teriam me informado", afirmou Bush, insistindo que a Comissão deveria investigar a forma como a informação foi coletada e transmitida.

A Casa Branca publicou ontem um memorando entregue a Bush em 6 de agosto de 2001, que indica que militantes da rede fundamentalista Al-Qaeda tinham entrado no país e que o FBI suspeitava de que estariam preparando seqüestros aéreos dentro dos EUA.

Pressionada pela Comissão oficial que investiga o episódio, a administração Bush decidiu, finalmente, acabar com o sigilo sobre o documento.

O memorando, intitulado "Bin Laden: decidido a atacar nos Estados Unidos", aponta que, em meados de 2001, o FBI, além de suspeitar que a Al-Qaeda planejava os seqüestros, também suspeitava de que seus militantes estavam avaliando e vigiando edifícios federais em Nova York.

Esse documento foi amplamente discutido em uma audiência pública da comissão na quinta-feira passada, durante o comparecimento da conselheira de Segurança Nacional de Bush, Condoleezza Rice.

Desde então, a Comissão vinha pedindo à Casa Branca que publicasse o seu conteúdo, com alguns trechos censurados para proteger a identidade das fontes.

"Não pudemos corroborar algumas das ameaças mais sensacionais informadas, como a de um serviço (parte censurada) em 1998 que indica que (Osama) Bin Laden queria seqüestrar um avião dos Estados Unidos para obter a libertação do "xeque cego" Omar Abdelrraman", condenado pelos atentados contra o World Trade Center, em 1993.

"No entanto", continua o texto, "a informação do FBI desde então indica padrões de atividade suspeita neste país condizentes com a preparação de seqüestros aéreos ou de outro tipo de ataque, incluindo recente vigilância de prédios federais em Nova York".

O documento acrescenta que os ataques de Bin Laden "contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia em 1998 demonstram que preparou as operações com anos de antecedência e que os contratempos não o desanimaram".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página