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04/04/2010 - 19h35

Na África do Sul, AWB se reunirá em maio para responder à morte de líder

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da France Presse
colaboração para Folha Online

O assassinato no sábado do líder de ultradireita sulafricano Eugene Terreblanche, que dedicou a vida à defesa da supremacia dos brancos e à manutenção do apartheid, provocou a fúria de seu movimento, decidido a vingar a morte, ao mesmo tempo em que o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, mais uma vez pediu calma à população.

O Movimento de Resistência Afrikaner (AWB), grupo criado por Terreblanche que se opôs com violência à transição pós-apartheid no começo dos anos 1990, se reunirá em 1º de maio para decidir como responder à morte do líder, que segundo a polícia teria sido assassinado por dois empregados de uma fazenda por uma discussão pela falta de pagamento dos salários.

'Decidiremos as ações para vingar a morte de Terreblanche. Vamos agir, e nossas ações específicas serão decididas na conferência de 1º de maio', declarou o secretário-geral do AWB, André Visagie.

'Ele foi morto a golpes de facões e com tubos de encanamento. Ele foi agredido até a morte', destacou, acrescentando que pediu aos membros do movimento que pedem vingança para que 'fiquem calmos'.

Tensão

O medo e o ódio eram palpáveis em Ventersdorp, povoado de origem de Terreblanche e ex-bastião do AWB.

Em frente à fazenda do ex-líder de extrema-direita, onde seu corpo foi encontrado no sábado, dezenas de seus partidários se reuniram.

'Eles [os negros] matam nossos fazendeiros', declarou um deles, que pediu para ter sua identidade preservada por medo de 'represálias'.

'Matar um idoso assim, enquanto dormia, não há do que se orgulhar', acrescentou.

Apelos

O assassinato reaviva as tensões raciais em um país onde a cor da pele continua sendo um fator de divisão, 16 anos depois do fim oficial do regime do apartheid, e no ano em que o país sedia a Copa do Mundo de futebol.

Consciente do que o caso pode provocar, o presidente Zuma pediu calma e que 'os sul-africanos não permitam aos agentes provocadores se aproveitar da situação para incitar, ou para alimentar, o ódio racial'.

Ao fim do dia deste domingo, Zuma fez um novo apelo à 'unidade' política e à 'responsabilidade' dos dirigentes políticos do país em suas declarações.

Pedidos semelhantes foram feitos pelo ministro da Polícia, Nathi Mthethwa, e pelo comissário nacional, Bheki Cele, que receberam neste domingo familiares da vítima.

O Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) informou, por sua vez, que nada pode justificar o homicídio do líder.

'Lançamos um apelo a todos os sulafricanos para que se abstenham de qualquer especulação, os autores (do crime) se entregaram às autoridades a cargo de aplicar a lei', informou o ANC em um comunicado.

Extremismo

Eugene Terreblanche, 69 anos, dedicou a vida a defender a superioridade dos brancos. À frente de milícias paramilitares e com um emblema parecido com a suástica nazista, foi contrário ao fim do apartheid no início dos anos 1990.

Ele foi preso em 2001 pela tentativa de assassinato de um guarda negro e deixou a penitenciária em 2004 por bom comportamento. Depois disso caiu em relativo esquecimento.

O corpo do extremista foi encontrado no sábado em sua fazenda em Ventersdorp. A polícia prendeu dois trabalhadores agrícolas, de 15 e 21 anos, que haviam discutido com Terreblanche por um problema salarial. Os dois serão levados a um tribunal na terça-feira.

Apesar da motivação não parecer política, o AWB vinculou o assassinato de seu líder à recente polêmica sobre uma canção que pede a 'morte dos boers' (fazendeiros brancos). A música se tornou famosa entre o movimento jovem do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido que governa o país.

Dois tribunais proibiram a canção que, segundo a oposição e várias associações, estimula a violência racial. Mas o ANC defendeu a música em nome da memória da luta contra o apartheid.

 

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