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13/04/2004 - 23h46

Bush vai atender pedido de envio de mais tropas para o Iraque

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FERNANDO CAPELLÃO
da Folha Online

Em entrevista coletiva, transmitida ao vivo em horário nobre pela TV nos Estados Unidos, o presidente americano George W. Bush, reafirmou que a soberania será transferida para os iraquianos no dia 30 de junho, conforme previsto.

"Nós fixamos um prazo para a desocupação no dia 30 de junho. É importante cumprirmos o prazo. Nós não somos uma nação imperial, como podem confirmar a Alemanha e o Japão", disse Bush.

Bush também afirmou que mais tropas serão enviadas para o Iraque, como quer o comando militar americano na região. O general John Abizaid, o chefe militar dos EUA no Oriente Médio, disse nesta terça-feira que pediu o envio de mais 10 mil soldados.

"Abizaid é quem decide sobre as tropas no Iraque. Ele está deixando claro que precisa que mandemos mais tropas. Se é isso que ele quer, nós mandaremos mais soldados. Ficaremos lá o tempo que for necessário, nem um dia a mais", disse o presidente.

Sobre as comparações que vêm sendo feitas entre a situação do Iraque e a Guerra do Vietnã, Bush disse que uma afirmação desse tipo pode prejudicar o trabalho das tropas da coalizão no Iraque.

"A analogia é falsa. Na minha opinião, é a mensagem errada para os soldados da coalizão no Iraque a para o inimigo", disse Bush. "Construir um país livre é um trabalho duro, nós mesmos tivemos dificuldades na História dos Estados Unidos."

"Nós vamos continuar o trabalho dos que caíram [soldados da coalizão mortos em combate]" disse Bush, prometendo não desviar o rumo no Iraque.

Recepção

Questionado sobre a reação dos iraquianos à presença dos americanos no país, Bush reafirmou que eles estão satisfeitos por estarem livres de Saddam Hussein. "Os iraquianos estão felizes porque tiramos Saddam Hussein do poder. Mas eles não estão felizes por causa da ocupação. Eu não gostaria que meu país fosse ocupado", disse Bush.

No início da Guerra do Iraque, Bush e outros membros de seu governo afirmavam que os americanos seriam muito bem recebidos pelos iraquianos, que desejavam a liberdade. Nos últimos dez dias, cerca de 70 soldados da coalizão morreram em confrontos com grupos de resistência iraquianos. Os EUA vêm enfrentando agressões tanto dos rebeldes sunitas quanto dos xiitas extremistas que apóiam o líder radical Moqtada al Sadr.

Bush afirmou qua não há uma guerra civil no Iraque e que a maioria dos iraquianos quer a democracia e a liberdade.

Armas

Sobre as armas de destruição em massa, o principal motivo apresentado para invadir o Iraque no ano passado, Bush disse acreditar que ainda podem ser encontradas.

"Eu acredito que nós vamos descobrir a verdade sobre as armas. Foi por isso que enviamos uma comissão independente. Eu estou ansioso para ouvir a verdade sobre onde elas estão exatamente. Elas ainda podem estar lá, podem estar escondidas", disse Bush.

Ideologia do terror

O presidente americano associou os ataques de rebeldes à tropas da coalizão e a civis no Iraque aos atentados de 11 de março em Madri, aos ataques em Bali e ao 11 de Setembro, dizendo que a ideologia dessas ações era a mesma.

"Os terroristas que fazem reféns ou põem bombas em estradas perto de Bagdá servem à mesma ideologia de assassinato que mata gente inocente em trens em Madri, e mata crianças em ônibus em Jerusalém, e explode uma casa noturna em Bali e corta a garganta de um jovem repórter só por ser judeu. Nós vimos essa mesma ideologia dos assassinatos no horror de vários homens e mulheres inocentes e crianças no 11 de Setembro."

11/9

Respondendo à perguntas sobre as acusações de que seu governo não fez o suficiente para prevenir os ataque de 11 de Setembro, em que 3.000 pessoas morreram, Bush disse que não deixou de fazer nada do que estava a seu alcance.

"Se nós tivéssemos alguma idéia de que algo como esses ataques estava para acontecer, nós teríamos agido. Qualquer membro desse governo teria respondido com ação." afirmou.

Questionado sobre um relatório que recebeu pouco antes dos ataques, alertando para o risco de que a Al Qaeda [rede terrorista liderada por Osama bin Laden] seqüestrasse aviões em território americano, Bush disse que o documento não permitia supor que algo como o 11 de Setembro iria acontecer.

"A maior parte do relatório era sobre eventos passados. Havia uma indicação de que Osama bin Laden poderia seqüestrar um avião, mas não para chocá-lo contra edifícios, e sim para tentar negociar, através de ameaças, a libertação de algum preso", disse.

Eleições

O presidente Bush afirmou que não está preocupado com a hipótese de não ser reeleito e disse que acredita que os americanos vão continuar apoiando a atuação dos EUA no Iraque.

Questionado sobre se a operação no Iraque vale a pena mesmo que ele perca o cargo nas eleições de novembro, Bush respondeu: "Eu não pretendo perder meu emprego." Bush disse que não age baseado em pesquisas de opinião.

"Eu espero que os americanos olhem para mim e olhem para meu adversário e decidam quem eles acham que é o melhor para combater o terrorismo e defender os Estados Unidos", disse Bush

Foi a primeira vez que Bush deu uma entrevista coletiva transmitida ao vivo em horário nobre desde que começou a Guerra do Iraque. Na visão de analistas, a entrevista, convocada por Bush, é uma tentativa de reverter a crise que paira sobre seu governo, convencendo o povo americano de que tem um plano bem definido para o Iraque.

Cerca de 670 soldados dos EUA morreram desde o início da guerra. Mais de 4.000 combatentes iraquianos e pelo menos 8.000 civis também morreram no mesmo período. Adversários políticos de Bush, inclusive seu rival nas eleições desse ano, o democrata John Kerry, afirmam que a situação do Iraque é similar à Guerra do Vietnã (1965-75), um fracasso militar e político para os EUA.
 

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