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Rússia diz que planeja suspender adoção para EUA após devolução de menino
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Colaboração para a Folha
A Rússia disse nesta sexta-feira que planeja suspender adoções de crianças russas por cidadãos americanos, após uma mulher americana mandar o filho adotivo de volta para Moscou sozinho em um avião.
AP/Rossia 1 Television Channel |
Imagem da TV Rossia 1 mostra o menino de 7 anos entrando em um veículo, do lado de fora do departamento de polícia em Moscou |
Artyom Savelyev, 7, chegou sozinho no aeroporto de Moscou na última quinta-feira (6), em um voo da United Airlines vindo de Washington. Ele trazia consigo uma carta pedindo ao governo russo para anular o processo de adoção, alegando que a criança era violenta e tinha graves problemas psicológicos.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, denunciou o episódio como "monstruosos" e pediu um acordo com autoridades americanas, formulando as obrigações de pais americanos em tais casos e criando um sistema para monitorar o tratamento dado às crianças.
O ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, foi mais longe, dizendo que a adoção de crianças russas seria suspensa até que esse acordo seja firmado.
O modo como ele foi tratado foi para lá de imoral", disse Lavrov. "O Ministério de Relações Exteriores vai insistir em congelar todas as adoções por famílias americanas até que a Rússia e os EUA assinem um tratado interestado determinando termos para a adoção."
No Tennessee, autoridades investigam a mãe adotiva, Torry Hansen, 33.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Phillip Crowley, disse que o governo americanos estava "obviamente muito preocupado" com o caso, mas esperava que não prejudicasse futuras adoções.
"Se a Rússia decidir suspender essas adoções, eles são cidadãos russos, é um direito da Rússia. Nós gostaríamos de ver essas adoções continuarem, mas entendemos a preocupação russa, e compartilhamos essa preocupação."
Ele disse que oficiais americanos iriam trabalhar com autoridades russas e agências de adoção internacionais para aumentar a proteção para essas crianças.
Caso de Artyom
Artyom foi adotado de um orfanato de Partizansk, no extremo leste da Rússia, em setembro de 2009 por uma família do Tennessee. Após seis meses, sua avó adotiva comprou uma passagem só de ida e mandou-o de volta à Rússia.
"A criança é mentalmente instável. Ele é violento, e tem sérios problemas psicossomáticos. Fui enganada pelo orfanato russo", dizia a nota, mostrada na TV russa. "Pela segurança da minha família, amigos e a minha mesma, não quero mais manter essa criança."
"Ele desenhou nossa casa pegando fogo e diz a todos que vai por fogo na casa conosco dentro dela", disse a avó, Nancy Hansen, adotiva à Associated Press, por telefone. "Foi aí que passamos a temer por nossa segurança."
Ela disse que uma assistente social avaliou o menino em janeiro e informou a autoridades russas que não havia nenhum problema. Mas após isso, a avó disse que os incidentes de bater, chutar e cuspir começaram a aumentar, junto com ameaças.
A avó viajou com o menino até Washington, onde o colocou sozinho no voo para Moscou.
Ele foi recebido no aeroporto por um guia turístico, que recebeu US$ 200 (R$ 355) da mãe adotiva para "entregá-lo ao Ministério da Educação como um pacote", disse Pavel Astakhov, responsável por direitos das crianças do Kremlin.
Artyom seria submetido a exames em um hospital de Moscou nesta sexta-feira.
Adoções
A Rússia é o terceiro país com mais crianças estrangeiras adotadas por americanos, com 1.586 em 2009, segundo o Departamento de Estado americano.
O país endureceu seu processo de adoção após várias crianças russas terem morrido nas mãos de pais abusivos nos EUA. Os procedimentos extras causaram uma queda acentuada no número de adoções americanas, de um máximo de 5.862 em 2004.
Mais de 60 mil órfãos russos já foram adotados nos EUA, segundo o Conselho Nacional para a Adoção, um grupo beneficente americano.
Há mais de 740 mil crianças sem custódia de pais na Rússia, segundo a Unicef (órgão da Organização das Nações Unidas para a infância).
Com agências internacionais
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