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03/05/2010 - 02h30

Partido de Chávez realiza primárias de eleição legislativa

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FLÁVIA MARREIRO
de Caracas

O chavista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) realizou ontem primárias para escolher 110 dos 165 candidatos da sigla nas eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela, em setembro. A meta do governo é manter ao menos maioria qualificada no Legislativo, que atualmente domina, num ano em que se prognostica recessão econômica e o país sofre com crise energética e de segurança e desabastecimento de alguns alimentos.

O presidente da Venezuela e do PSUV, Hugo Chávez, afirmou, no começo da tarde de ontem, que 1,9 milhão de pessoas, de um total de 6,7 milhões de militantes, haviam votado. Estimou que a participação alcançaria cerca de 50%. O chavismo diz que não punirá os faltantes, mas dirigentes do PSUV afirmaram na sexta que a lista de presença seria levada em consideração para indicação a cargos públicos.

Os governistas comemoravam ontem as eleições sem "dirigismo", uma semana depois de o partido aprovar estatuto se declarando "anticapitalista, anti-imperialista e seguidor dos preceitos do cristianismo".

Todos os filiados puderam se apresentar para as eleições internas _algumas regiões tiveram mais de 50 pessoas disputando uma vaga de candidato, mas os ligados a prefeituras e a ministérios mantiveram vantagens, como presença nos canais de TV estatais e rádios comunitárias.

O PSUV disponibilizou 68 ônibus em Caracas para transportar eleitores, mas candidatos também o fizeram, por exemplo, no popular bairro 23 de Janeiro, próximo ao centro de capital, local de votação de Chávez.

Fila para açúcar e nocaute

"Voto no PSUV porque quero que todo mundo tenha tudo, igual", diz o analista de sistema Alexis Suárez, 41, diante de um local de votação na avenida Sucre, na pobre região de Catia, no oeste da capital. Pediu que o governo puna os especuladores que, diz, fazem o açúcar sumir nos supermercados e na rede do governo a preços subsidiados para reaparecer no mercado negro pelo triplo do preço.

A uma quadra dali, moradores em uma longa fila esperavam para comprar farinha de milho e açúcar num supermercado privado. "O governo nacionalizou todas empresas de açúcar e cadê?", reclamava Haidé Morales, 60.
Ao lado dela na fila, Altagracia Guzmán, 57, mãe de um ídolo do país, o jogador de beisebol Angél Moisés Guzmán (Chicago Cubs), lamentava a morte de outro de seus filhos, David, 28, num assalto em janeiro. "Quero ir embora do país."

Ontem, Chávez prometeu ganhar a votação de setembro "por nocaute". Analistas de opinião apontam que o chavismo, que encolheu nas áreas urbanas do país nas eleições regionais e municipais de 2008, ainda tem votos suficientes hoje para manter a maioria no Legislativo.

Além da máquina estatal, o governo mantém apoiadores na ampla classe E (metade do país), usuários dos serviços básicos de saúde e educação ampliados pelo governo e outros grupos como os funcionários públicos e pensionistas -- estes últimos que passaram a receber o salário mínimo (US$ 279, segundo o câmbio oficial mais alto, de 4,3 bolívares fortes por dólar).

Já a oposição ensaia apresentar candidaturas unificadas em setembro. Escolheu 22 candidatos em primárias no domingo passado e ainda tenta resolver disputas internas para manter o consenso com relação aos demais postos.

Além dos 110 candidatos apontados pelas primárias, a cúpula do chavismo escolherá os 52 candidatos por lista (plurinominais) e comunidades indígenas que apoiam o governo elegerão outros três nomes que concorrerão por circunscripções indígenas.

 

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