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Análise: Carro-bomba em Nova York chama atenção para o Paquistão
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MICHAEL GEORGY
da Reuters, em Islamabad (Paquistão)
Se houver vínculos entre o Taleban paquistanês e a tentativa fracassada de detonar um carro-bomba na Times Square, em Nova York, isso poderá submeter o Paquistão a pressões renovadas dos Estados Unidos para abrir novas e arriscadas frentes de combate a militantes islâmicos.
O Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), ou Movimento Taleban do Paquistão, reivindicou a responsabilidade pelo atentado fracassado, e seu líder, Hakimullah Mehsud, apareceu em vídeos na Internet no domingo ameaçando lançar ataques suicidas em grandes cidades dos EUA.
Um cidadão norte-americano nascido no Paquistão, Faisal Shahzad, é acusado de ter conduzido à Times Square o carro-bomba que não explodiu no sábado (1º) à noite. Ele irá aparecer diante de um tribunal em Manhattan ainda nesta terça-feira, disseram autoridades.
Dúvidas podem ser expressas novamente sobre a determinação do Paquistão em enfrentar militantes, no momento em que o país enfrenta outros problemas, desde a economia fraca até cortes no fornecimento elétrico que vêm prejudicando a popularidade do governo.
"É possível que o Paquistão tenha que preparar-se para fazer mais sacrifícios e fazer uso muito mais intensivo e sistemático da força, como em operações de busca e destruição", disse Rifaat Hussain, diretor do Departamento de Estudos de Defesa e Estratégicos da Universidade Quaid-i-Azem, em Islamabad.
País fortemente dependente de ajuda externa, o Paquistão diz que não tem condições de ampliar as ofensivas de segurança em áreas como o Waziristão do Norte, que abriga uma rede complexa de grupos militantes que, se forem antagonizados, podem aprofundar as hostilidades contra o Estado.
"A boa vontade internacional vai azedar se não formos vistos como fazendo mais contra os grupos do Waziristão do Norte que ainda não foram afetados e contra grupos do Punjab que ainda não foram afetados", disse o escritor paquistanês Ahmed Rashid, especialista no Taleban.
11 de Setembro
Alguns dos grupos militantes mais perigosos do Paquistão têm seus redutos na Província de Punjab, no coração do país.
Entre eles estão o Lashkar-e-Taiba (LeT), ao qual é atribuído o ataque de 2008 contra Mumbai, a capital comercial da Índia, que deixou 166 mortos. O LeT também é acusado de tramar ataques no Ocidente.
Apoiado no passado pela agência de Inteligência Inter-Serviços (ISI) do Paquistão, para combater a Índia na Caxemira, estima-se que o grupo tenha entre 2.000 e 3.000 combatentes e outros 20 mil seguidores, muitos deles treinados para combater e que poderiam ser mobilizados no caso de uma ação repressiva das forças do governo.
Um ataque em grande escala poderia levar o LeT e outros grupos do Punjab a formar uma aliança com o Taleban do Paquistão, grupo apoiado pela rede terrorista Al Qaeda e que continua a promover ataques suicidas, apesar das ofensivas do Exército que, segundo as forças do governo, mataram centenas de combatentes.
Esses riscos podem ser deixados de lado pelos Estados Unidos, agora que o atentado fracassado na Times Square soou novos alarmes em um país ainda assombrado pelos ataques de 11 de setembro de 2001, lançados pela Al Qaeda.
Se os Estados Unidos pressionarem demais o Paquistão, isso pode prejudicar as relações entre os dois países, que vinham melhorando nos últimos meses.
"Se Hakimullah é responsável pelo que aconteceu na Times Square e está lançando uma campanha contra cidadãos americanos, esse é o tipo de coisa que abala todo mundo e gera a vontade política de realmente exercer pressão sobre o governo paquistanês", disse Brian Fishman, pesquisador de contraterrorismo junto à Fundação New America.
"Se Hakimullah estiver de alguma maneira orientando ataques contra território americano, isso muda o tipo de influência que os EUA vão querer exercer contra o Paquistão. Isso eleva os trunfos políticos em jogo."
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