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30/05/2004 - 17h25

Adiada para segunda-feira reunião para escolher futuro governo iraquiano

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da France Presse

As negociações entre o Conselho de Governo transitório, a coalizão internacional e a ONU (Organização das Nações Unidas) para compor o futuro governo do Iraque foram adiadas para segunda-feira.

Até o momento nenhuma das partes envolvidas conseguiu fechar um acordo sobre a indicação do novo presidente, enquanto a trégua com os milicianos xiitas parecia cada vez mais frágil.

A coalizão e os membros do Conselho de Governo transitório não chegaram a um acordo, segundo fontes iraquianas, sobre o nome do futuro presidente, e o enviado especial das Nações Unidas ao Iraque, Lakhdar Brahimi, não participou na reunião de domingo.

Dois candidatos sunitas foram citados como possíveis presidentes: o xeque Ghazi Al Yauar, atual presidente do Conselho de Governo, e Adnan Pachachi, também membro do executivo iraquiano.

"A coalizão está fazendo pressão para que Ghazi Al Yauar não seja o presidente, enquanto nós, membros do Conselho, queremos que seja ele", disse um dos membros do executivo, Mahmud Osman.

"Querem nos impor alguém. Não o aceitaremos. Esta não é a maneira de nos devolver a soberania", afirmou. Pela manhã, ele disse que a ONU e a coalizão preferiam Adnan Pachachi.

"O clima está muito tenso", indicou um dirigente iraquiano, que participou das negociações. "Praticamente todos os membros do Conselho de Governo querem Yauar. Pediram inclusive uma votação, mas a coalizão foi contra", afirmou um líder em anonimato.

Outro dirigente iraquiano que também não quis ser identificado declarou que a coalizão está querendo propor nomes que não são membros do Conselho de Governo para sair do atoleiro.

Os dois cargos de vice-presidente também não foram preenchidos até agora, segundo esta fonte. Um deles, de acordo com outra fonte ligada ao governo, deveria ficar com Roj Nuri Shawis, do Partido Democrático do Curdistão (PDK, em inglês).

Os xiitas Ibrahim Al Jaafari, do partido Al Dawa, e Adel Abdel Mahdi, do Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque (CSRII), acrescentou a fonte, são os candidatos à segunda vaga de vice-presidente.

Por causa das divergências entre estes dois partidos, Iyad Allawi foi escolhido sexta-feira como candidato de compromisso ao cargo de primeiro-ministro.

A coalizão garantiu à imprensa que não está apoiando nem um nem outro candidato. "Não estamos pressionando para apoiar um candidato à presidência em vez de outro", declarou o porta-voz Dan Senor.

"Há uma organização dirigindo este processo de nomeação e é a ONU", declarou, acrescentando que o enviado da ONU Lakhdar Brahimi não "terminou de definir a composição do novo governo".

Já o enviado das Nações Unidas ao Iraque, Lakhdar Brahimi, disse em entrevista concedida neste domingo à revista "Time" que as pressões americanas, a lentidão dos iraquianos e a falta de segurança tornam difícil sua tentativa de formar um governo interino em Bagdá para atuar a partir do dia 30 de junho.

"A situação da segurança é realmente difícil," disse Brahimi. Melhorar a segurança "exigirá muito trabalho" dos iraquianos, acrescentou.

Brahimi afirmou que vem trabalhando contra o relógio para conseguir um consenso que permita a formação de um governo interino para informar ao Conselho de Segurança, a quem caberá a votação de um projeto americano definindo a transição no Iraque.

"Digo aos iraquianos que se esperam que no dia 30 de junho à meia-noite, 135.000 soldados saiam do Iraque como que por passe de mágica, isso não vai acontecer", declarou o diplomata, segundo a revista "Time" que estará nas bancas nesta segunda-feira.

"Devem negociar como governo soberano sobre o que os soldados americanos vão fazer, sobre o que serão autorizados ou não a fazer, e como deverão começar a sair de seu país", afirmou Brahimi.
O administrador americano no Iraque, Paul Bremer, apressou o Conselho de Governo iraquiano a escolher um primeiro-ministro interino, contou um funcionário iraquiano de alto escalão, decisão que contrariou Brahimi.

Ele pensava submeter os nomes dos designados à aprovação da ONU para dar legitimidade internacional ao novo gabinete, até a realização de eleições no próximo ano.

Brahimi destacou que encontrar um governo interino aceitável "é um assunto muito complicado". "Estamos tentando, apesar de uma tradição de pouca comunicação entre a própria população iraquiana", disse.

Nas ruas de Najaf, milicianos xiitas e soldados americanos voltaram a se enfrentar nas imediações do cemitério da cidade, onde estão entrincheirados milicianos de Moqtada Sadr.

Na noite de quarta-feira, a trégua foi rompida em Kufa, com combates entre milicianos xiitas e soldados na sexta-feira e sábado que deixaram quatro mortos e 22 feridos.

Duas pessoas morreram e três ficaram feridas num ataque neste domingo a um bairro do noroeste de Bagdá. As vítimas eram, ao que tudo indica, agentes de segurança estrangeiros.
 

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