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06/06/2004 - 19h20

EUA e líderes do mundo lamentam morte de Ronald Reagan

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da France Presse, em Los Angeles

As condolências pela morte do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan chegaram hoje de todas as partes do mundo, enquanto seus compatriotas lamentaram a perda do carismático líder que governou o país no último período da Guerra Fria. Reagan morreu ontem, aos 93 anos, vítima das complicações de uma pneumonia depois de sofrer por dez anos com o mal de Alzheimer.

A imprensa americana deu grande destaque à notícia da morte de Reagan e dedicou a ele matérias especiais, deixando em segundo plano as comemorações dos 60 anos do desembarque aliado na Normandia.

O ex-presidente terá funerais de Estado realizados na próxima sexta-feira, na Catedral Nacional de Washington, depois de dois dias de velório no Capitólio. Em seguida, seu corpo será levado para sua biblioteca na Califórnia, onde será enterrado em uma cerimônia privada.

Além disso, uma vigília em sua memória foi organizada no Parque Lafayette, em frente à Casa Branca, na noite de domingo e o Serviço Postal americano anunciou que vai emitir um selo em homenagem ao ex-presidente.

Reagan, que exerceu dois mandatos de presidente (1981-89) e foi astro de Hollywood, morreu em sua casa de Los Angeles, ao lado da esposa Nancy e dos filhos Ron Reagan e Patti Davis.

O ex-presidente também tinha outros dois filhos, Michael e Maureen, frutos de seu primeiro casamento com a atriz Jane Wyman.

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O presidente americano George W. Bush, que estava na França para as comemorações dos 60 anos do Dia D, lembrou as qualidades de seu mentor ideológico, afirmando que Reagan rejuvenesceu os Estados Unidos e ajudou a salvar o mundo com sua batalha contra o comunismo.

"Ele deixa para trás uma nação que ele restaurou e um mundo que ajudou a salvar", afirmou Bush em Paris, onde recebeu a notícia da morte de Reagan. "Os Estados Unidos deixaram para trás uma era de divisão e dúvidas, e sob sua liderança o mundo deixou para trás uma era de medo e tirania".

Anfitrião das celebrações, o presidente francês Jacques Chirac exaltou "a memória de um grande homem de Estado que, mediante a força de suas convicções e seu compromisso em favor da democracia, deixará uma marca profunda na história".

"Sua visão e sua maneira de governar restauraram a confiança de sua nação em si mesma", destacou o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, acrescentando que, "no exterior, as negociações de acordos sobre controles de armas durante seu segundo mandato e a busca de relações mais estáveis com a Rússia contribuíram para acabar com a Guerra Fria".

Reagan foi um dos responsáveis pela reunificação da Alemanha, recordou o chanceler alemão, Gerhard Schröder. "Seu compromisso por superar o conflito Ocidente-Oriente e sua visão de uma Europa livre e reunificada permitiram criar as condições que finalmente tornaram possível o restabelecimento da unidade alemã".

Da mesma opinião compartilha o pai da reunificação alemã, Helmut Kohl, para quem Reagan teve um impacto muito positivo no mundo e, em particular, na Europa.

"Reagan fazia parte daqueles que cooperaram mediante um acordo tático para abolir esse sistema estúpido e mortífero que era o comunismo", declarou o polonês Lech Walesa, dirigente histórico do sindicato Solidariedade.

"O melhor amigo do Japão", definiu o ex-primeiro-ministro Yasuhiro Nakasone, "amigo de Israel", segundo a presidência do conselho israelense, Reagan estabeleceu vínculos com muitos países. O presidente afegão Hamid Karzai se declarou "triste", o papa João Paulo 2º, "angustiado", e o presidente alemão, Johannes Rau, "profundamente comovido".

A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, grande amiga e aliada de Reagan, lembrou dele como um "autêntico grande herói americano", e o ex-presidente George Bush (pai), que foi vice-presidente de Reagan, disse que ele era uma pessoa especial por sua "bondade, decência e senso de humor".

Mas, em Trípoli, o dirigente labéu Muammar Gaddafi lamentou que Reagan tenha morrido sem ser julgado pelo ataque aéreo americano contra seu país em 1986, quando morreu sua filha adotiva Haifa.

Os iranianos também não quiseram emitir comentários sobre a notícia da morte, uma vez que as relações entre os Estados Unidos e o Irã, sob a presidência de Reagan, foram muito conflituosas.

Reagan, um anticomunista visceral, foi a pessoa mais velha a ser eleita presidente dos Estados Unidos. Escapou por pouco da morte em uma tentativa de assassinato em 1981.

Reagan, que interpretava caubóis em sua época de ator em Hollywood, também escapou imune do escândalo Irã-Contras (venda de armas de forma secreta ao Irã e transferência dos recursos aos contras, nicaragüenses anti-sandinistas, sem o conhecimento do Congresso), e deixou a presidência em 1989 com o maior índice de popularidade ostentado por um chefe de Estado na história do país.

Em 1987, Reagan entrou para a história com um pedido apaixonado ao líder soviético Mikhail Gorbatchov a favor da derrubada do Muro de Berlim antes da queda do comunismo europeu em 1989. Porém, também se aproximou de Moscou e teve uma inusitada amizade pessoal com Gorbatchov.

O ex-líder soviético disse este domingo que lamentava profundamente sua morte.

Sua luta contra o comunismo e seu papel na restauração do orgulho nacional americano, assim como da economia do país, com suas políticas conhecidas como "Reaganomics", foram amplamente recordadas.

Em novembro de 1994, Reagan anunciou que deixava a vida pública para lutar contra o mal de Alzheimer, uma doença degenerativa do cérebro que provoca desorientação e lentos problemas físicos.

A ex-primeira-dama Nancy Reagan, 82, confessou que, apesar de estar muito triste, ficou aliviada com o fim do sofrimento de seu marido.

Para a companheira de toda uma vida, o ex-presidente era um eterno otimista. "Para ele, o copo sempre estava meio cheio e não meio vazio. Acho que sua fé e confiança em si mesmo eram parte desse otimismo. Ele acreditava que Deus tinha um plano para cada um de nós".

Ao referir-se à política de Ronald Reagan, afirmou que a "obra maior" de seu marido foi ter encontrado "um final pacífico para a Guerra Fria". "A outra grande herança que ele deixou for ter influenciado nosso país com seu otimismo", concluiu.

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