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16/06/2004 - 15h23

Diplomatas criticam política externa de Bush

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da France Presse, em Washington

Ex-diplomatas e autoridades americanas criticaram a política externa do presidente George W. Bush em uma carta aberta divulgada nesta quarta-feira.

"Nunca em toda sua história os Estados Unidos estiveram tão isolados, nem provocaram tanto temor e desconfiança", lamenta o texto assinado por 27 altos funcionários, que se apresentam como "democratas ou republicanos, muitos dos quais votaram em George W. Bush".

"Não estamos vinculados a John Kerry", candidato democrata à eleição presidencial de novembro, destacou Bill Harrop, um dos signatários. "Evidentemente, pensamos que seria bom que fosse eleito, mas não falamos em seu nome", disse o ex-embaixador dos EUA em Israel.

"O governo se afastou de mim, e não o contrário", disse o general Merrill McPeak, ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea, que se apresenta como um republicano de longa data.

"Nossa diplomacia foi tão torpe quanto era possível", lamentou. McPeak também disse que o planejamento militar no Iraque foi insuficiente.

"A estratégia para uma saída do Iraque será difícil, principalmente depois dos insultos contra nossos aliados, da indiferença em relação a nossos sócios na região", destacou Chas Freeman, ex-embaixador dos EUA na Arábia Saudita e ex-secretário adjunto de Defesa.

"As coisas foram longe demais. Ainda podemos reparar os danos?", questionou o diplomata Bob Oakley.

"Os EUA gastaram bilhões de dólares. Muitas vidas de americanos e iraquianos foram perdidas. Nossa reputação internacional foi prejudicada. Por tudo isso, é muito tarde", disse Dan Philips, ex-embaixador no continente africano.

"Graças aos EUA, os inimigos de ontem, o partido Baath (o mesmo do ex-ditador Saddam Hussein) e iraquianos islâmicos, encontraram pontos em comum. Permitimos que superassem suas diferenças. Um notável êxito diplomático", ironizou Freeman.

Em maio, quase 60 ex-diplomatas americanos criticaram duramente a política de Washington em relação ao Oriente Médio em uma carta ao presidente Bush. Na ocasião, a iniciativa foi considerada algo excepcional.

Vários signatários citaram a degradação da imagem dos EUA no mundo, confirmada por vários estudos e pesquisas.

Freeman denunciou, entre outras coisas, "a histeria" que tomou conta do país depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Também lembrou os abusos posteriores cometidos pelo governo em termos de direitos humanos e liberdades civis.

"Apesar da onda de choque, o 11 de setembro não mudou nossos interesses fundamentais", argumentou Bob Keeley. "Porém, deu ao presidente uma perfeita cobertura para fazer tudo o que quis".

Em referência ao centro de detenção de Guantánamo (Cuba), onde quase 600 pessoas estão presas sem qualquer tipo de acusação, e sem que seus nomes sejam conhecidos, Freeman afirmou que com o tempo o país sentirá uma grande vergonha quando pensar neste período de sua história.

Para Oakley, o escândalo das torturas na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, constitui uma catástrofe moral. "Chegamos para dar o exemplo no Oriente Médio e o que temos feito? O contrário", declarou.

Com France Presse

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