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19/05/2010 - 23h16

Bancoc começa a quinta-feira com tiros para o alto e ao menos nove mortos em templo

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Colaboração para a Folha

Tropas tailandesas deram tiros para o alto na manhã desta quinta-feira (noite de quarta-feira em Brasília) ao se aproximar de um templo onde centenas de manifestantes antigoverno buscaram abrigo após serem dispersados por forças de segurança no dia anterior, que levou à rendição de seus líderes. Os tiros causaram pânico nas pessoas que estavam no interior do templo, incluindo mulheres e crianças.

Fontes médicas disseram ter visto nove corpos dentro do templo, mas não puderam resgatá-los, informou Prawat Thavornsiri, porta-voz da polícia. No jardim do local, era possível ver seis corpos estendidos.

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Adrees Latif/Reuters
Monges budistas que apoiam os camisas vermelhas carregam corpo de homem morto por soldados
Monges budistas que apoiam os camisas vermelhas carregam corpo de homem morto por soldados

Alguns incêndios continuavam no centro de Bancoc, capital tailandesa, após uma quarta-feira de confrontos e incêndios, que terminou com ao menos sete mortos e um toque de recolher entre 20h e 6h no horário local, imposto pelo primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva na capital e em outras 23 Províncias.

O Centro Médico de Emergência Erawan disse ainda que 81 pessoas ficaram feridas nos choques em um acampamento de manifestantes no centro comercial de Bancoc e em confrontos espalhados pela cidade.

O premiê da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, afirmou nesta quarta-feira, em discurso televisionado, que está confiante em acabar com os confrontos com camisas vermelhas que deixaram ao menos 68 mortos desde março no país. Também na televisão, as forças de segurança disseram que vão atirar contra qualquer um que estiver causando distúrbios ou incêndios na capital Bancoc.

Quarta-feira violenta

Na última ofensiva contra os manifestantes antigoverno, no início da manhã desta quarta-feira (horário local), os soldados apertaram o cerco contra os manifestantes em Bancoc. Tanques de guerra foram posicionados na área onde cerca de 3.000 manifestantes antigoverno estava acampados há seis semanas. Após avisarem com megafone que iriam desocupar a área, o Exército destruiu as barricadas e ocupou a área.

Quando os soldados cercaram a principal área dos protestos, os líderes do movimento ofereceram sua rendição, embora muitos seguidores pedissem --muitos chorando-- que eles continuassem lutando. Disparos eram ouvidos próximos dali.

AP
Manifestantes antigoverno levantam armas ao deixar acampamento no coração financeiro de Bancoc (Tailândia)
Manifestantes antigoverno levantam armas ao deixar acampamento no coração financeiro de Bancoc (Tailândia)

Jatuporn Prompan, Natthawut Saikua, Weng Tojirakarn, Wiphuthalaeeng Pattanaphumthai, Korkaew Phikulthong, Yosvaris Chuklom e Nisit Sinthuprai se entregaram no quartel da Polícia Real Tailandesa.

Pouco antes, Prompan afirmou aos camisas vermelhas que o gesto visava evitar mais mortes.

"Eu peço desculpas a todos vocês, mas eu não quero mais nenhuma perda. Eu estou devastado também. Nós vamos nos entregar", disse. Ele anunciou ainda o fim dos dois meses de protestos contra o governo.

O porta-voz militar, o coronel Sansern Kaewkamnerd, disse que as tropas estavam reunindo os manifestantes para preparar o retorno de todos a suas respectivas províncias em meios de transporte oferecidos gratuitamente pelas autoridades.

Incêndios

Em resposta à ação do Exército, os manifestantes incendiaram o edifício da Bolsa de Valores de Bancoc e atacaram o edifício do "Canal 3" da televisão estatal, informou a imprensa tailandesa.

Wally Santana/AP
Manifestante da oposição empilha pneus para aumentar as chamas em um centro de compras em Bancoc
Manifestante da oposição empilha pneus para aumentar as chamas em um centro de compras em Bancoc

Autoridades informaram no final da quarta-feira que 27 prédios foram incendiados por manifestantes, incluindo o Central World, segunda maior loja de departamento do sudeste asiático, que parecia estar prestes a desmoronar.

Um porta-voz do governo disse haver 31 incêndios na manhã da quinta-feira, cerca de metade em bancos, mas também alguns em um shopping na área do acampamento, onde um incêndio começou por volta da meia-noite, após o toque de recolher entrar em vigor às 20h (10h em Brasília).

O Banco da Tailândia disse que os bancos em todo o país devem permanecer fechados. A semana toda foi declarada feriado público para manter as pessoas fora do centro de Bancoc.

Os jornais "The Nation" e "Bangcoc Post", os dois de maior circulação em língua inglesa, esvaziaram suas sedes, perante o risco de se tornarem alvo de ataques por parte dos manifestantes opositores.

Violência nas ruas

Minutos após a rendição dos líderes, três granadas explodiram em frente ao local do acampamento, ferindo gravemente dois soldados e um jornalista estrangeiro, segundo uma testemunha da Reuters. Foram registrados distúrbios em cinco bairros, onde os manifestantes acenderam fogueiras e queimaram pneus. Alguns hotéis montaram barricadas de madeira.

"A situação agora é pior do que a esperada, e está muito difícil de conter", disse Kavee Chukitsakem, diretor de pesquisas da corretora de valores Kasikorn Securities. "Depois de os líderes dos camisas vermelhas se renderem, as coisas ficaram fora de controle. São como insetos voando de um lado para outro, causando irritação. Não sabemos quem são e por que estão fazendo isso."

Os camisas vermelhas são em geral pessoas pobres, de origem rural, seguidoras do ex-premiê Thaksin Shinawatra, deposto em 2006. Eles exigem a renúncia de Abhisit, a quem acusam de ter chegado ao poder ilegitimamente, com apoio de militares golpistas, e querem a realização de eleições imediatas.

Thaksin levantou o temor de uma insurreição em entrevista telefônica à Reuters nesta quarta-feira.

"Existe uma teoria dizendo que a repressão militar pode espalhar ressentimento e essas pessoas ressentidas se tornarão guerrilheiras", disse Thaksin. Ele se recusou a dizer de onde estava falando.

A ofensiva militar ocorreu um dia após o colapso de uma proposta para negociações destinada a pôr fim aos combates de rua.

Os camisas vermelhas acusam Abhisit de não ter um mandato popular, depois de chegar ao poder em uma votação parlamentar controversa em 2008, com o apoio tácito dos militares.

Com Reuters e France Presse

 

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