29/06/2004 - 17h59

Ataque após entrega de soberania ao Iraque mata três marines

da Folha Online

No primeiro ataque registrado contra as forças americanas no Iraque após a transferência da soberania ao país, ocorrida ontem, uma bomba plantada em uma estrada de Bagdá [capital do Iraque] matou nesta terça-feira três fuzileiros navais [marines] americanos, segundo informações oficiais do Exército dos EUA.

O atentado contra as forças dos EUA ocorreu quando rebeldes detonaram uma bomba colocada em uma estrada durante a passagem de um comboio militar americano no leste de Bagdá, matando três marines e ferindo outros dois. A explosão também danificou um jipe militar Humvee.

Após a transferência da soberania ao novo governo iraquiano, as forças da coalizão lideradas pelos EUA entraram em um acordo com autoridades do país para a entrega de Saddam Hussein e 11 membros de seu antigo regime.

Apesar de o Iraque reaver a custódia legal do ex-ditador, militares dos EUA vão manter a custódia física de todos os prisioneiros.

O primeiro-ministro iraquiano, Iyad Allawi, afirmou que o governo assumirá a custódia legal de Saddam e dos 11 membros de seu regime a partir desta quarta-feira. Segundo ele, os procedimentos legais contra o presidente deposto começariam na quinta-feira (1), mas seu julgamento não deve se iniciar nos próximos meses. "Este governo [iraquiano] pediu formalmente a transferência dos prisioneiros mais conhecidos", afirmou.

"Saddam Hussein e outros 11 prisioneiros serão transferidos para a custódia legal do Iraque amanhã. Eles serão indiciados por promotores iraquianos no dia seguinte."

Custódia física

Allawi disse que forças lideradas pelos EUA vão manter a custódia física de Saddam e dos outros 11 prisioneiros --entre o ex-vice-primeiro-ministro Tarek Aziz e o ex-vice-presidente Taha Yassin Ramadan-- até que forças iraquianas estejam prontas para mantê-los capturados com segurança.

"Essas pessoas enfrentarão a Justiça no tribunal especial iraquiano criado em janeiro para julgar membros do antigo regime por crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de guerra", afirmou.

Saddam e outras importantes autoridades do seu antigo partido Baath terão o direito de ter advogados para defendê-los em julgamentos abertos e justos, para provar que o Iraque está comprometido com a Justiça e o cumprimento da lei, afirmou Allawi.

Mas Saddam vai perder seu status de prisioneiro de guerra, que dá a ele certos benefícios sob o direito internacional, ao ser indiciado por um tribunal iraquiano, afirmou o ministro da Justiça, Malik al Hassan.

"Não estamos interessados no status que foi dado a Saddam quando ele foi capturado pelas forças de coalizão, mas no status que vamos dar a ele", declarou.

"Ele é acusado de crimes cometidos no Iraque. Ele é considerado uma pessoa acusada de crimes comuns, sem status de prisioneiro."

Capturado em 13 de dezembro de 2003, Saddam foi procurado pela coalizão militar liderada pelos Estados Unidos no Iraque por oito meses, optando por se esconder na região de sua cidade natal, Tikrit.

Turcos

A Turquia afirmou nesta terça-feira que três reféns turcos ameaçados de morte por um grupo extremista lidado à rede terrorista Al Qaeda no Iraque tinham sido libertados.

"Nossos cidadãos foram libertados", declarou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Abdullah Gul. "Lutamos muito para a sua libertação. Estamos satisfeitos de dar essa notícia."

A declaração do ministro ocorreu depois que a rede de TV árabe Al Jazira, do Qatar, noticiou que um grupo extremista responsável pela decapitação de outros dois reféns estrangeiros tinha anunciado a libertação dos três turcos "pelo bem dos irmãos muçulmanos".

A Al Jazira mostrou um vídeo com imagens dos três reféns turcos ajoelhados no chão em frente a três membros do grupo do jordaniano Abu Musab Zarqawi, ligado à Al Qaeda, a rede de Osama bin Laden, enquanto um dos militantes lia um comunicado.

"Pelo bem de vocês, nossos irmãos, e do povo muçulmano da Turquia, vamos libertar esses reféns e mandá-los de volta para casa com segurança", afirmou o comunicado.

Com agências internacionais

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