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13/07/2004 - 09h54

Medo provoca deserções na polícia iraquiana

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da France Presse, em Mahmudiya (Iraque)

O medo não abandona os policiais iraquianos, ameaçados de morte em seus quartéis ou em suas próprias casas pelos rebeldes, que muitas vezes pertencem às mesmas tribos e os identificam com facilidade.

Alaa, capitão da polícia, não tem colete à prova de balas. Dois de seus colegas foram assassinados, mas ele continua trabalhando numa perigosa região ao sul de Bagdá, em colaboração com os militares americanos, limitando-se a dizer que espera que sua boa sorte não o abandone.

A região que compreende as cidades de Mahmudiya, Latifiya e Yussufiya, 30 km ao sul da capital iraquiana, é chamada agora "a nova Fallujah" por causa das freqüentes emboscadas contra os soldados dos Estados Unidos e aqueles que são acusados de "colaborar" com os americanos.

O capitão Alaa está perfeitamente consciente de que sua expectativa de vida diminuiu muito ao aceitar cooperar com as forças americanas para garantir a segurança na região.

"Claro que tenho medo, mas eu creio no destino, então isso não tem importância. Aqui em Mahmudiya detestamos os covardes, não temos medo de ir a Latifiya. Iremos a Fallujah, iremos a qualquer lado", afirmou Alaa, 38, com olheiras decorrentes das noites de sentinela em seu quartel.

Ânimo

A violência dos ataques desde abril passado foi minando o ânimo dos agentes de polícia na região, pois muitos de seus colegas foram assassinados.

O posto policial de Mahmudiya exibe as marcas dos ataques que sofreu. A entrada do prédio foi atingida por um morteiro em 29 de junho, um dia depois da transferência da soberania no Iraque, quando cerca de 50 rebeldes atacaram e invadiram a delegacia, destruindo o material de comunicações antes de serem expulsos no meio de um tiroteio.

Duas semanas depois, a delegacia da cidade vizinha de Yusufiya explodiu e seu material de comunicação foi roubado, sendo utilizado pelos rebeldes para ouvir as conversas dos policiais e xingá-los. Atualmente, não há policiais nesta cidade.

A violência também dizimou o número de policiais em Latifiya, onde faltam 45 dos 59 recrutados.

Os assassinatos continuam na região, onde em 22 de junho um policial foi morto em Mahmudiya por um grupo não identificado. Em maio, o chefe da polícia local também foi assassinado.

Patrulha

Apesar de suas declarações de valentia, os homens sob as ordens do capitão Alaa têm medo de ir a Latifiya e rejeitam a idéia de uma patrulha conjunta com os marines (fuzileiros navais dos EUA) na região.

O capitão Alaa informa ao comandante Mark de Vito, dos marines, sobre a situação. A patrulha conjunta será em Mahmudiya.

É o momento escolhido pelo novo chefe da polícia de Latifiya para dizer a De Vito que está abandonando o cargo.

"Estamos submetidos a uma pressão terrível. Podem me balear a qualquer momento e sou ameaçado inclusive quando estou em casa. Já não agüento mais, não quero continuar nestas regiões", disse o coronel, pedindo para não ser identificado.

Segundo o comandante De Vito, que sabe que podem ocorrer várias deserções, os rebeldes e os policiais de Latifiya pertencem às mesmas tribos, o que complica as coisas.

"O capitão Alaa pode contar nos dedos de uma só mão os homens em que pode confiar", declarou.

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