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10/08/2004
-
15h26
da France Presse, em Caracas
Os grupos de oposição que submeterão o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a um referendo revogatório do mandato, no próximo domingo (15), têm a desvantagem de não contar com um líder único e com um programa de governo convincente, além de misturar partidos com interesses conflitantes, como alguns de extrema direita e outros de extrema esquerda.
Dentro da grande aliança opositora Coordenadora Democrática (CD), convivem os grandes partidos tradicionais, o social-democrata Ação Democrática (AD, que conquistou cinco Presidências desde 1958, e que detém o governo do Estado Zulia, rico em petróleo) e o democrata-cristão Copei (duas Presidências).
Os interesses do AD, maior partido de oposição, chocam-se com os do partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS) e os de direita emergentes Projeto Venezuela [controla o governo do Estado industrial de Carabobo] e Primeiro Justiça.
Fazem parte do bloco ainda alguns pequenos grupos políticos, como o de esquerda Bandeira Vermelha e diversas associações civis, como a cúpula dirigente do organismo empresarial Fedecámaras e Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV).
A Coordenadora Democrática foi criada nos últimos meses de 2001 para combater 49 decretos-lei de Chávez, entre os quais alguns que tratavam de temas controversos, como terra e pesca, que colocaram alguns grupos empresariais em campanha contra Chávez.
No golpe de Estado de 12 de abril de 2002, o líder empresarial Pedro Carmona foi governante de fato por 47 horas. Já a Fedecámaras e a CTV estiveram à frente da grave de 63 dias (entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003), que praticamente paralisou a indústria petrolífera.
Quando surgiu a Coordenadora Democrática, Arturo Valenzuela, responsável para a América Latina no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca desde o segundo mandato do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), advertiu que o movimento "não demonstra estar em capacidade de governar, pois não tem um programa, nem um líder. O único fato de união entre os grupos opositores é a oposição a Chávez".
Oposição
Para o analista Miguel Salazar, diretor do semanário político "Las Verdades de Miguel", "a oposição é dirigida por um grupo jovem de ultradireita. Nunca na Venezuela, a oposição teve tanto traços de ultradireita como agora".
"Vamos caminhar para a desintegração da Venezuela se Chávez não se fortalecer", disse Salazar em uma alusão a intenções de separação do país.
"A oposição quer que a PDVSA [empresa estatal de petróleo] passe a ser privada. Aí está o erro da oposição, que não obedece a interesse venezuelanos", disse o especialista em geopolítica Alberto Müller Rojas.
Além disso, "o problema da CD é que comporta grupos radicais sobre os quais não tem controle. Chávez, ao contrário, controla seus grupos radicais. A violência do governo é mínima; os grupos de oposição são mais intolerantes", observou Müller.
Segundo o especialista, se Chávez ganhar o referendo "os atuais líderes da oposição vão perder força e, talvez, a liderança dos Salas Romer, em Carabobo, deva prevalecer nas eleições seguintes [regionais, em setembro]".
Henrique Salas Romer, pai do atual governador de Carabobo, Enrique Salas Feo, foi derrotado por Chávez em 1998 e é um dos venezuelanos mais bem vistos por Washington.
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Os grupos de oposição que submeterão o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a um referendo revogatório do mandato, no próximo domingo (15), têm a desvantagem de não contar com um líder único e com um programa de governo convincente, além de misturar partidos com interesses conflitantes, como alguns de extrema direita e outros de extrema esquerda.
Dentro da grande aliança opositora Coordenadora Democrática (CD), convivem os grandes partidos tradicionais, o social-democrata Ação Democrática (AD, que conquistou cinco Presidências desde 1958, e que detém o governo do Estado Zulia, rico em petróleo) e o democrata-cristão Copei (duas Presidências).
Os interesses do AD, maior partido de oposição, chocam-se com os do partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS) e os de direita emergentes Projeto Venezuela [controla o governo do Estado industrial de Carabobo] e Primeiro Justiça.
Fazem parte do bloco ainda alguns pequenos grupos políticos, como o de esquerda Bandeira Vermelha e diversas associações civis, como a cúpula dirigente do organismo empresarial Fedecámaras e Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV).
A Coordenadora Democrática foi criada nos últimos meses de 2001 para combater 49 decretos-lei de Chávez, entre os quais alguns que tratavam de temas controversos, como terra e pesca, que colocaram alguns grupos empresariais em campanha contra Chávez.
No golpe de Estado de 12 de abril de 2002, o líder empresarial Pedro Carmona foi governante de fato por 47 horas. Já a Fedecámaras e a CTV estiveram à frente da grave de 63 dias (entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003), que praticamente paralisou a indústria petrolífera.
Quando surgiu a Coordenadora Democrática, Arturo Valenzuela, responsável para a América Latina no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca desde o segundo mandato do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), advertiu que o movimento "não demonstra estar em capacidade de governar, pois não tem um programa, nem um líder. O único fato de união entre os grupos opositores é a oposição a Chávez".
Oposição
Para o analista Miguel Salazar, diretor do semanário político "Las Verdades de Miguel", "a oposição é dirigida por um grupo jovem de ultradireita. Nunca na Venezuela, a oposição teve tanto traços de ultradireita como agora".
"Vamos caminhar para a desintegração da Venezuela se Chávez não se fortalecer", disse Salazar em uma alusão a intenções de separação do país.
"A oposição quer que a PDVSA [empresa estatal de petróleo] passe a ser privada. Aí está o erro da oposição, que não obedece a interesse venezuelanos", disse o especialista em geopolítica Alberto Müller Rojas.
Além disso, "o problema da CD é que comporta grupos radicais sobre os quais não tem controle. Chávez, ao contrário, controla seus grupos radicais. A violência do governo é mínima; os grupos de oposição são mais intolerantes", observou Müller.
Segundo o especialista, se Chávez ganhar o referendo "os atuais líderes da oposição vão perder força e, talvez, a liderança dos Salas Romer, em Carabobo, deva prevalecer nas eleições seguintes [regionais, em setembro]".
Henrique Salas Romer, pai do atual governador de Carabobo, Enrique Salas Feo, foi derrotado por Chávez em 1998 e é um dos venezuelanos mais bem vistos por Washington.
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