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16/08/2004 - 21h46

Veja íntegra da declaração de Lula sobre o referendo na Venezuela

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da Folha Online

"Bom, primeiro, quero dizer da nossa alegria e satisfação por estarmos assistindo o resultado do referendo da Venezuela. Como vocês sabem, o Brasil, os Estados Unidos, o México, a Espanha, Portugal e o Chile são os países que fazem parte dos países amigos da Venezuela e que trabalharam, todo esse tempo, para que o referendo pudesse acontecer, e pudesse acontecer da forma mais democrática, mais limpa possível.

E é com muita satisfação que eu acompanho o resultado da Venezuela, e vejo o depoimento de pessoas importantes que estão lá, como o ex-presidente Jimmy Carter; o Gaviria, representante da OEA (Organização dos Estados Americanos); o embaixador brasileiro, também, como homem da OEA; o ex-presidente Dualde, que está lá, em nome do Mercosul. Todos são unânimes em afirmar que houve uma manifestação democrática, sem precedentes, na história da Venezuela, com um comparecimento muito grande dos eleitores. E um processo que agradou aos observadores internacionais, pela forma como ele aconteceu.

Eu acho que a Venezuela sai desse episódio mais fortalecida. Acho que ganha o povo da Venezuela, com essa experiência democrática exemplar. E acho que os países amigos deram uma demonstração de que, quando há vontade política, paciência mas, ao mesmo tempo, perseverança, a gente consegue consolidar coisas que até então pareciam impossíveis.

Tenho acompanhado, também, as declarações de membros da oposição da Venezuela. E penso que tanto o governo quanto a oposição deveriam ter um único pensamento: o futuro da Venezuela. Acho que a Venezuela é um país rico, um país que produz petróleo como poucos produzem no mundo, um país que tem um potencial de gás excepcional, portanto, um país que poderia ser muito mais rico do que é, se resolver os problemas da convivência democrática, da adversidade, da convivência democrática e pacífica.

Acho que não há nem vencedores nem perdedores na Venezuela. Eu acho que o povo da Venezuela ganhou. Ganhou pela sua auto-afirmação, ganhou porque consolidou o processo democrático e ganhou porque conseguiu provar ao mundo que a paz e a democracia ainda são grandes caminhos para resolver os grandes problemas da humanidade.

Por isso eu estou feliz. Acho que o Brasil tem uma participação, porque acreditou nisso o tempo inteiro. Em nenhum momento fomos pessimistas com relação ao que poderia acontecer na Venezuela. E eu acho que, agora, o povo da Venezuela pode evoluir de forma excepcional, porque as condições estão dadas.

Acho que quem ganhou tem que ter muita humildade, e quem perdeu tem que ter muita serenidade. E falo isso de cátedra, porque vocês sabem que perdi três eleições no Brasil e, em nenhum momento, eu perdi a noção de tempo, da democracia, e esperei o momento.

Eu acho que o que é importante, agora, é os vencedores saberem que têm muito trabalho pela frente e muita responsabilidade, e aqueles que não conseguiram ganhar nas urnas têm que se preparar, porque a democracia exige mais de cada um de nós. E eu acho que a Venezuela pode ser um bom exemplo de prática democrática e de sucesso econômico no nosso continente.

E, por último, quero dizer a vocês que eu conversei com o presidente Chavez, agora há pouco, para transmitir a ele a solidariedade do governo brasileiro, sobretudo para agradecer o respeito que ele teve para com todas as decisões que o Grupo dos Amigos tomou.

Vocês hão de convir que não foi fácil fazer com que a Venezuela entendesse que os EUA participassem do Grupo dos Amigos; a Espanha que, ainda no tempo do presidente [José María] Aznar, tinha concordado com o golpe. Ou seja, tudo isso foi um processo de muita conversa, de muita paciência, de muita perseverança, de muito diálogo, até que o presidente Chávez compreendeu que era extremamente importante a participação desses países porque representavam também a oposição.

Acho que todos nós ganhamos com isso. E o que interessava para todos nós era que a Venezuela pudesse viver em paz. E eu acho que as condições estão dadas para isso. Vai depender agora da maturidade dos governantes e da oposição para entenderem a mensagem que o povo da Venezuela deu às autoridades.

A Venezuela joga um papel muito importante no nosso processo de integração sul americano. Eu acho que esse exemplo, dado pela Venezuela, pode contribuir, pode fortalecer, e muito, a tão sonhada integração comercial, cultural, política, e a integração física que nós queremos construir.

Por isso eu, além de estar na posse do seu amigo Leonel, fiquei muito feliz com o que aconteceu na Venezuela. Estão dadas as condições para que a gente possa passar essa mensagem ao mundo: 'uma boa conversa vale muito mais do que um tiro de canhão'."

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