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27/08/2004 - 20h20

Presidente do Panamá transmite crise diplomática a sucessor

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JAMES APARICIO
da France Presse, no Panamá

A presidente do Panamá, Mireya Moscoso, passará a faixa presidencial ao social-democrata Martin Torrijos na próxima quarta-feira, deixando como legado um presente de grego: a crise diplomática com Cuba, depois que Havana rompeu nesta quinta-feira as relações com o Panamá, em protesto contra o indulto concedido pelo país a quatro militantes anticastristas.

Torrijos anunciou que iniciará negociações com a ilha comunista a partir do dia 1º de setembro para restabelecer as relações entre os dois países.

"É lamentável que a presidente Moscoso e o ministro da Justiça Arnulfo Escalona tenham interrompido, com a concessão de um indulto, o processo judicial que deveria ser cumprido por Luis Posada Carriles, Gaspar Jiménes, Pedro Remón e Guillermo Novo Sampoll", disse Torrijos.

"As relações com Cuba serão restabelecidas por Torrijos, que é muito amigo dos dirigentes cubanos", disse Moscoso.

O Panamá suspendeu as relações diplomáticas com Cuba em 1962, mas 14 anos depois o general Omar Torrijos Herrera, o pai do presidente eleito, as restabeleceu, apesar da oposição dos Estados Unidos.

O ministro designado das Relações Exteriores, Samuel Lewis, lamentou os indultos concedidos por Moscoso e a ruptura posterior das relações diplomáticas decidida por Cuba.

De acordo com Lewis, Moscoso não informou o novo governo de sua decisão, "demonstrando uma política incoerente que deixa como legado ao governo eleito um conflito entre as duas nações".

Além disso, "foi interrompido um processo jurídico, que devia ter prevalecido sobre qualquer consideração política. Este indulto não é coerente com nossas políticas de luta contra o terrorismo e a delinqüência", disse Lewis.

O Panamá vende a Cuba mercadorias procedentes da Zona Franca de Colón por um valor estimado em US$ 300 milhões por ano, mas Havana deve cerca de US$ 200 milhões a empresários panamenhos, confirmou a ex-presidenta da Associação dos Usuários da Zona Franca, Digna Donado.

Entre outros vínculos comerciais, Cuba é o principal destino turístico dos passageiros da companhia aérea panamenha Copa, e uma centena de panamenhos estudam medicina com bolsas concedidas pelo governo cubano.

De acordo com o presidente do Colégio Nacional de Advogados, Carlos Vásquez, Moscoso conclui seu mandato de cinco anos "de um modo infame, que encobre com o véu da vergonha a justiça panamenha", referindo-se ao indulto concedido a Carriles.

O jornal "La Estrella de Panamá" criticou Cuba por suspender as relações com Panamá, um ato que, segundo ele, "confirma a intolerância de um regime que mantém milhões de cubanos sob uma feroz e temível ditadura".

"O governo de Castro não tem boas relações com o mundo livre, como comprovam suas conflitos com Europa, Estados Unidos, El Salvador, México, Peru, Uruguai e agora Panamá", disse o jornal.

Por sua vez, o jornal "La Prensa" afirmou que os indultos concedidos por Moscoso "são incontestáveis, pois é uma faculdade estipulada pela Constituição".

A publicação lamentou o indulto a dezenas de jornalistas acusados ou condenados por calúnia e difamação nos últimos anos, destacando que "teria sido preferível a revogação de todas as leis absurdas que afetam a liberdade de expressão e pretendem transformar a opinião em crime".

Para o jornal "Crítica Libre", o indulto concedido a Carriles e a seus cúmplices "é contrário às políticas" do governo de Moscoso contra o terrorismo, "principalmente a partir dos ataques praticados há três anos" em Nova York.

No entanto, diz o jornal, "Cuba deve respeitar a decisão panamenha, e não tentar promover movimentos para subverter a ordem pública no Panamá". "Provavelmente, daqui a algumas semanas, os dois países designarão embaixadores para normalizar suas relações", diz a publicação.

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