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11/09/2004 - 08h18

EUA marcam hoje 11 de Setembro "politizado"

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LUCIANA COELHO
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Em um prédio vizinho ao local onde ficava o World Trade Center, uma faixa, pendurada metros acima de uma enorme bandeira americana, diz: "Nós não esqueceremos nunca". Passados três anos dos ataques terroristas que mataram quase 3.000 pessoas em Nova York, a frase continua valendo. Especialmente no que cabe à disputa presidencial americana.

Em ano eleitoral, os EUA marcam hoje o mais político 11 de Setembro desde que dois aviões seqüestrados por terroristas se chocaram contra os prédios do WTC, levando-os ao chão logo depois. Os ataques, que deram ao presidente George W. Bush a possibilidade de fazer da segurança nacional sua maior bandeira, passaram a semana no centro do debate.

Bush voltou ontem a relacionar o perigo de novos ataques ao resultado da eleição. O voto em 2 de novembro, disse ele, "também mostrará como os americanos respondem ao constante perigo do terror". "Se os EUA mostrarem dúvidas e fragilidade nesta década, o mundo vai se tornar uma tragédia", disse ele num evento de campanha na Virgínia.

"Desde aquela terrível manhã de setembro de 2001, temos combatido terroristas em todo o mundo. Não pela glória ou pelo poder, mas porque a vida de nossos cidadãos está em perigo", disse Bush.

Em evento paralelo, o secretário de Estado, Colin Powell, disse crer que o mentor dos atentados, Osama bin Laden, esteja vivo, mas acuado.

O recorrente discurso da segurança nacional professado por Bush e seus correligionários, que tornou a Convenção Nacional Republicana, no início do mês, praticamente monotemática, parece ter surtido efeito.

A pesquisa mais recente da TV ABC com o jornal "The Washington Post", feita entre os dias 6 e 8 e publicada ontem, deu ao presidente 11 pontos de vantagem sobre seu adversário --Bush teve a preferência de 52% dos 1.202 entrevistados, e Kerry, de 43% (a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos). Numa pesquisa anterior da ABC e do "Post", no fim de agosto, os dois candidatos empatavam em 48%.

A estratégia de explorar politicamente o 11 de Setembro tem sido muito criticada, e um eventual efeito negativo é temido pelos republicanos. O vice-presidente Dick Cheney teve de descer o tom de seu discurso, após dizer no início da semana que "uma escolha errada" deixaria o país mais suscetível ao terrorismo, e que os EUA "seriam atingidos de um modo que será devastador para a posição americana".

"Eu não disse que, se [o democrata John] Kerry for eleito, o país sofrerá um novo ataque", declarou Cheney ontem ao jornal "Cincinnati Enquirer". Kerry acusa os adversários de usar a estratégia do medo. O governo Bush "está tratando de assustar os americanos", disse o senador, em campanha em Missouri. "É verdade, temos uma guerra, temos um problema. Mas não deveríamos politizá-lo assustando a população."

Preparo

Ontem, em um evento em homenagem aos 23 policiais de Nova York que morreram nos atentados, o comissário de polícia municipal, Raymond Kelly, disse que a cidade "está hoje muito mais bem preparada para enfrentar qualquer um que tente atacá-la".

A cerimônia foi a primeira na região do Ground Zero, onde antes ficavam as torres gêmeas e agora máquinas trabalham incessantemente na construção de um memorial.

Hoje, as homenagens recomeçam às 8h46, com um momento de silêncio para marcar a hora em que a Torre Norte foi atingida pelo primeiro dos dois aviões.

Nesse mesmo momento, todas as igrejas e congregações religiosas serão convidadas a tocar seus sinos, como ocorreu nos últimos dois anos. Em seguida, familiares de parte das cerca de 3.000 vítimas escolhidos por sorteio depositarão flores no local.

Os eventos prosseguem com a leitura dos nomes dos mortos por seus pais e avós, interrompida por novos minutos de silêncio no momento do segundo ataque (9h03), da queda da Torre Sul (9h59) e da queda da Torre Norte (10h29). No ano passado, a leitura foi feita por filhos de vítimas.

A cerimônia será concluída por volta do meio-dia, com a apresentação das bandas dos departamentos de polícia e de bombeiros de Nova York. Durante a noite, dois fachos de luz serão acessos nos lugares onde ficavam as torres, no já conhecido "Tributo das Luzes".

O prefeito Michael Bloomberg, republicano, deve presidir as solenidades, mas nenhum dos dois candidatos à Presidência estará presente. Ambos, no entanto, participarão de tributos aos mortos no ataque --Bush na Casa Branca e Kerry em seu Estado de origem, Massachusetts.

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