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27/09/2004
-
10h17
MARIUS SCHATTNER
da France Presse, em Jerusalém
Em quatro anos, a Intifada [revolta palestina contra a ocupação israelense, iniciada em 28 de setembro de 2000] se transformou em uma batalha de desgaste, durante a qual o Exército israelense tem mostrado sua superioridade, mas sem conseguir quebrar a vontade de luta dos palestinos.
Principalmente nos últimos 12 meses, Israel aplicou duros golpes nos palestinos, particularmente ao "degolar" a direção do movimento islâmico Hamas através de "operações de liquidação" repetidas.
Combinando essas ofensivas com a construção de uma "muro de proteção" na Cisjordânia --denunciada pela comunidade internacional devido a seu traçado--, o Exército conseguiu reduzir de maneira espetacular os atentados em Israel.
Mas pela falta de perspectiva política, não conseguiu deter a violência.
Tal como reconheceram as mais altas autoridades militares, a repressão não conseguiu reduzir a motivação dos palestinos. Ao contrário, cada "mártir" eliminado pelo Exército reforça o desejo de vingança e os grupos armados não têm nenhuma dificuldade em substituir os que são mortos ou capturados.
"Paradoxalmente são os êxitos do Exército que fazem com que os israelenses, menos preocupados por sua segurança diária, comecem a questionar sobre uma saída política", diz o investigador Shlomo Brom, ex-chefe do serviço de planejamento do Exército.
De fato, a idéia começou a se ampliar, inclusive no governo de direita do primeiro-ministro Ariel Sharon, de que não há solução puramente militar do conflito e que Israel deve lançar uma iniciativa se não quiser deixar o terreno livre para seus adversários.
Este é o objetivo do "plano de separação" lançado por Sharon, que prevê uma retirada da faixa de Gaza até o final de 2005, a retirada de 21 colônias judaicas desse território e de quatro outras isoladas na Cisjordânia.
Mas se trata de uma ação unilateral que, como reconhece o próprio Sharon, não tem a intenção de reativar um diálogo de paz com os palestinos e não deve constituir um precedente para outras retiradas na Cisjordânia.
Sharon não esconde o fato de que seu plano não tem por objetivo ressuscitar o último projeto de paz internacional, elaborado pelo Quarteto [EUA, Rússia, União Européia e ONU], e sim substitui-lo.
Mesmo assim, o projeto de retirada de Gaza, apoiado pela maioria da opinião pública, provocou uma reação da direita e do poderoso lobby dos colonos, evocando até a possibilidade de uma guerra civil.
Os colonos vêem no plano o começo do fim da colonização judia e atacam um processo que terminaria resultando na retirada total dos territórios ocupados depois da guerra de 1967.
Do lado palestino, a população tem assistido impotente à reocupação quase total da Cisjordânia pelo exército israelense, quando os ataques mortíferos se multiplicam na faixa de Gaza, onde centenas de casas foram arrasadas.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a intifada
Saiba mais sobre o conflito no Oriente Médio
Análise: A Intifada se transformou em batalha de desgaste
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da France Presse, em Jerusalém
Em quatro anos, a Intifada [revolta palestina contra a ocupação israelense, iniciada em 28 de setembro de 2000] se transformou em uma batalha de desgaste, durante a qual o Exército israelense tem mostrado sua superioridade, mas sem conseguir quebrar a vontade de luta dos palestinos.
Principalmente nos últimos 12 meses, Israel aplicou duros golpes nos palestinos, particularmente ao "degolar" a direção do movimento islâmico Hamas através de "operações de liquidação" repetidas.
Combinando essas ofensivas com a construção de uma "muro de proteção" na Cisjordânia --denunciada pela comunidade internacional devido a seu traçado--, o Exército conseguiu reduzir de maneira espetacular os atentados em Israel.
Mas pela falta de perspectiva política, não conseguiu deter a violência.
Tal como reconheceram as mais altas autoridades militares, a repressão não conseguiu reduzir a motivação dos palestinos. Ao contrário, cada "mártir" eliminado pelo Exército reforça o desejo de vingança e os grupos armados não têm nenhuma dificuldade em substituir os que são mortos ou capturados.
"Paradoxalmente são os êxitos do Exército que fazem com que os israelenses, menos preocupados por sua segurança diária, comecem a questionar sobre uma saída política", diz o investigador Shlomo Brom, ex-chefe do serviço de planejamento do Exército.
De fato, a idéia começou a se ampliar, inclusive no governo de direita do primeiro-ministro Ariel Sharon, de que não há solução puramente militar do conflito e que Israel deve lançar uma iniciativa se não quiser deixar o terreno livre para seus adversários.
Este é o objetivo do "plano de separação" lançado por Sharon, que prevê uma retirada da faixa de Gaza até o final de 2005, a retirada de 21 colônias judaicas desse território e de quatro outras isoladas na Cisjordânia.
Mas se trata de uma ação unilateral que, como reconhece o próprio Sharon, não tem a intenção de reativar um diálogo de paz com os palestinos e não deve constituir um precedente para outras retiradas na Cisjordânia.
Sharon não esconde o fato de que seu plano não tem por objetivo ressuscitar o último projeto de paz internacional, elaborado pelo Quarteto [EUA, Rússia, União Européia e ONU], e sim substitui-lo.
Mesmo assim, o projeto de retirada de Gaza, apoiado pela maioria da opinião pública, provocou uma reação da direita e do poderoso lobby dos colonos, evocando até a possibilidade de uma guerra civil.
Os colonos vêem no plano o começo do fim da colonização judia e atacam um processo que terminaria resultando na retirada total dos territórios ocupados depois da guerra de 1967.
Do lado palestino, a população tem assistido impotente à reocupação quase total da Cisjordânia pelo exército israelense, quando os ataques mortíferos se multiplicam na faixa de Gaza, onde centenas de casas foram arrasadas.
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