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13/11/2004 - 17h18

Dúvida e tristeza marcam fim do Ramadã para palestinos

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da France Presse, em Ramallah (Cisjordânia)

Zahera não comprou presentes para os seus filhos e não vai preparar na noite deste sábado a comida especial de Aid Al-Fitr, a grande festa que marca o fim do jejum e oração do mês sagrado do Ramadã, que este ano foi obscurecido pela morte de Iasser Arafat.

"Este será o Ramadã mais triste nossas vidas. Como podemos ter vontade de festejar quando nosso presidente acaba de morrer?", perguntou, em frente a tumba de Arafat, no interior da Muqata, sede da Autoridade Palestina, em Ramallah na Cisjordânia.

Nas ruas da cidade, todas as lojas e restaurantes estão fechadas, somente as padarias têm o direito de abrir durante o período de luto. As bandeiras negras e grandes fotografias do dirigente se multiplicam nas ruas desertas da cidade. Um grupo de jovens do Fatah, movimento fundado por Iasser Arafat, obrigou com suas armas um comerciante a fechar seu estabelecimento.

"Que desastre! Não venderei nada para a festa", repete, logo após fechar as portas, o comerciante. O luto oficial vai durar 60 dias nos territórios palestinos, mas os centros administrativos poderão abrir no fim de sete dias e o comércio já no domingo. Todas as celebrações e festas foram canceladas.

"É o primeiro Aid sem o nosso líder e é difícil aceitar que ele já não está entre nós... mas, devemos ressaltar nossa decisão de prosseguir com a vida", assegurou um homem, após rezar ante a sepultura de Arafat.

Na sepultura do 'rais' palestino circulavam centenas de palestinos neste sábado. Protegida por vários membros da guarda presidencial, a lápide de mármore negro em que se colocou o corpo de Arafat está cheia de coroas de flores, ramos de oliveira e mensagens de tristeza em árabe, inglês, italiano e francês.

Uma grande fotografia de Arafat, sorrindo, decora a sepultura junto a uma bandeira palestina e um kefia - típico lenço quadriculado de branco e preto sempre usado pelo líder. De um lado da sepultura, uma senhora sentou no chão e leu silenciosamente o Corão, como se sussurrasse ao dirigente. Ao mesmo tempo, um homem cantava os versos do livro sagrado destinados aos mortos.

"Nossos filhos não entendem porque não haverá presentes nem festa de Aid Al-Fitr este ano, mas não pode ser de outra maneira. Temos o coração pesado", explicou Wafah, de 35 anos, emocionada.

Perante a sepultura, os palestinos mesclam sua tristeza com a incerteza de seu futuro: as eleições, as negociações com Israel ou a atitude da comunidade internacional. "Agora não temos nada, o povo palestino está prisioneiro. Arafat não pode fazer mais nada por a gente e não é culpa sua se hoje estamos nesta situação. A culpa é de Israel", afirmou Rawan, que rezava acompanhado pelo filho na Muqata.

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