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26/11/2004 - 11h36

Análise: Previsíveis, EUA devem usar força para dar resposta ao Irã

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NEWTON CARLOS
especial para a Folha Online

De agora em diante, como o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fortalecido num segundo mandato, a ordem é ir em frente "a todo vapor". É o que diz, com fé e disposição renovadas, Danielle Pleitka, do American Enterprise Institute, na linha de frente dos centros de estudos que agrupam neoconservadores, ideólogos ou falcões do "novo século americano".

Há "ameaças reais" que precisam ser encaradas e o Irã encabeça a relação de prioridades anunciada pela senhora Pleitka. Os aiatolás iranianos não podem continuar avançando "impunemente" em seus programas nucleares e "é preciso conte-los de qualquer jeito".

Ela vê o uso de força a caminho de tornar-se a "única opção". Como no caso do Iraque, "para que o mundo seja um lugar melhor para viver".

A agenda da Casa Branca é preenchida por denúncias de que o Irã , para escapar dos controles da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), armazena urânio enriquecido, matéria-prima das armas nucleares. Além disso estaria colocando seus foguetes em condições de atacar com ogivas não convencionais.

A "questão iraniana", como é encarada pelo governo Bush, relaciona-se com a doutrina dos ataques preventivos, já aplicada contra o Iraque.

Neoconservadores se empenham, desde à eleição de Bush, em expedir o atestado de óbito da "síndrome vietnamita", o receio de intervir com força total e afundar em lamaçais. O Iraque já é exemplo de supressão das "lições do Vietnã".

Elas não constam dos manuais do projeto imperial dos "neocons". O martírio de Fallujah [bastião de rebeldes iraquianos contrários à ocupação americana do Iraque] é outro exemplo e o uso da força é considerado seriamente no caso do Irã. Há impaciência, como se vê com o "American Enterprise Institute", e a receita mais cotada seria a do "regime change", a de mudança de regime, a mesma em curso no Iraque com emprego sem meias medidas dos recursos militares.

O Irã cumpre no momento uma pauta de negociações com países europeus, sem que o governo Bush se mostre satisfeito. O vice-presidente Dick Cheney, entusiasta da guerra no Iraque, é um dos que mais comemoram o desfecho de disputas internas envolvendo o controle da política externa dos EUA. Um antigo assessor seu, Stephen Hadley, ficou no lugar de Condoleezza Rice na chefia do Conselho de Segurança Nacional. Rice, agora Secretária de Estado, é uma das autoras do Plano de Segurança Nacional, um dos produtos dos "neocons" que têm em Cheney o seu grande fiador no governo.

Rice mantém conversas regulares com um ex-conselheiro de Ariel Sharon, de nome Dov Weissglasse. Linha direta, portanto, com o primeiro-ministro de Israel. Sharon já disse, inclusive em suas visitas a Washington, que o Irã atua em três frentes contra Israel. Fornece armas pesadas, como foguetes, ao Hizbollah,.organização islâmica com base no Líbano.

Financia grupos terroristas, é outra acusação de Israel, e está empenhado em ter armas nucleares, a temida bomba islâmica.. Se o uso de força for a opção escolhida, como sugere a senhora Pleitka, o mais provável é que, numa primeira etapa, Israel bombardeie instalações nucleares iranianas.

Newton Carlos é jornalista e analista de questões internacionais

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