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29/11/2004 - 12h53

Análise: Oposição ganha terreno na Ucrânia, mas país pode sofrer divisão

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HENRY MEYER
da France Presse, em Kiev

O protesto popular que explodiu depois da eleição presidencial na Ucrânia fortaleceu a oposição, mas se a mesma chegar ao poder sem o apoio da Rússia ou das regiões pró-Moscou o país corre o risco de uma divisão.

Consciente desse risco, o presidente da Polônia, Aleksander Kwasniewski, um dos mediadores estrangeiros para a crise, pediu à oposição que estenda a mão à Moscou, um gesto difícil em decorrência do apoio do presidente Vladimir Putin ao candidato oficial. [Viktor Yanukovich].

A oposição conseguiu reunir dezenas de milhares de partidários na Praça da Independência de Kiev [capital] depois do segundo turno presidencial, celebrado no último dia 21, considerado fraudulento pelo Parlamento e ilegítimo pelos Estados Unidos e a União Européia (UE).

Porém, depois que as regiões nacionalistas do oeste se negaram a reconhecer a vitória do candidato pró-russo, o primeiro-ministro Yanukovich, as regiões pró-Moscou do leste e sul podem se livrar do candidato da oposição pró-Ocidente Viktor Yushchenko.

Referendo separatista

Quase 3.500 políticos de regiões pró-russas reunidos ontem, na presença de Yanukovich e do prefeito de Moscou, reservaram-se o direito de convocar um referendo de autonomia caso a oposição saia vitoriosa. O Parlamento da região mineira de Donetsk convocou a votação para o próximo domingo (4).

No entanto, o presidente Leonid Kuchma afirmou nesta segunda-feira que uma divisão do país é "inaceitável", ao fim de uma reunião com Yanukovich e os governadores das regiões pró-russas do leste.

A Rússia, que tem importantes interesses financeiros na Ucrânia, foi um dos poucos países que consideraram a eleição legítima. Além disso, Putin saudou Yanukovich como novo presidente.

Moscou pode se ver tentada a respaldar as aspirações separatistas das regiões do leste, em um confronto que também coloca em lados opostos a Rússia e o Ocidente.

O governo russo acusou a UE de "incentivar abertamente a oposição a cometer atos ilegais e violentos".

Crítica

Kwasniewski criticou o Kremlin por seu compromisso político na eleição ucraniana, assim como as visitas de Putin ao país antes de cada turno eleitoral. "A Rússia se posicionou muito cedo. Putin participou da campanha eleitoral em duas ocasiões.

É algo sem precedentes que não implicaria riscos se o resultado fosse claro. Porém, em um país tão dividido é necessário mais prudência", declarou o presidente polonês.

No entanto, Kwasniewski considerou que Yushchenko terá que estender a mão à Rússia, "um sócio do qual precisa no plano político e econômico".

"Nenhum presidente ucraniano pode se permitir uma política de indiferença em relação à Rússia ou de ausência de vínculos com esse país, também na perspectiva da eventual adesão da Ucrânia à UE", acrescentou.

Mikhail Pohrebinski, ligado ao governo, diz acreditar que a ameaça de autonomia é uma "demonstração de força" para obrigar Yushchenko a concordar com uma divisão do poder, que considera a única solução para evitar a "desintegração da Ucrânia".

Yushchenko, consciente da divisão do país, tenta tranqüilizar as regiões pró-russas, que são o pulmão econômico do país.

"Esta é a vitória de todos, o objetivo de minha vitória não é dividir a Ucrânia entre o leste e o oeste, entre aqueles que falam russo e aqueles que falam ucraniano", disse para milhares de seguidores reunidos em Kiev.

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