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01/12/2004 - 20h11

Sharon demite ministros e abre crise governamental

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CHARLY WEGMAN
da France Presse, em Jerusalém

A coalizão governamental do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, implodiu na noite desta quarta-feira, depois do afastamento de cinco ministros do partido centrista laico Shinui que haviam votado contra o projeto de orçamento para 2005.

O projeto orçamentário do gabinete de Sharon foi rejeitado no Parlamento por 69 votos contra, entre eles os dos 14 membros do Shinui. Somente 43 deputados --38 do Likud (partido político, de orientação de extrema direita) de Sharon e cinco do partido Judaísmo Unificado da Torá (ultra-ortodoxo)-- aprovaram o texto, em um total de 120 cadeiras na Knesset, o Parlamento israelense.

Pouco depois da votação, Sharon, cumpriu as ameaças que havia proferido, e entregou pessoalmente aos cinco ministros do Shinui suas cartas de demissão, que serão efetivas dentro de 48 horas, acabando com a coalizão criada em fevereiro de 2003.

"Tivemos uma conversa amigável com Sharon, que lamentou nossa saída do governo", declarou aos jornalistas o ministro da Justiça afastado Yossef Lapid, líder do Shinui.

Durante o debate na Knesset anterior ao voto, Lapid denunciou em um áspero discurso as subvenções especiais públicas concedidas na última hora à rede escolar do partido Judaísmo Unificado da Torá para obter o apoio deste partido ao projeto de orçamento 2005.

"Não permitiremos que o Estado seja vendido aos ultra-ortodoxos. Os eleitores do Shinui, que pagam seus impostos, servem e completam devidamente seus períodos de reserva no Exército certamente não são menos judeus que os que se esquivam destas obrigações", afirmou Lapid, justificando de antemão seu voto contra o projeto orçamentário.

De fato, os judeus ortodoxos se dedicam ao estudo da Torá, e se beneficiam de isenções militares.

Lapid também acusou Sharon de ter "manobrado para ejetar o Shinui da coalizão governamental".

O afastado ministro da Justiça acusou também Shimon Peres, dirigente do partido trabalhista, de "querer a todo custo uma pasta ministerial, sem se preocupar com as conseqüências", ao se juntar ao governo.

De acordo com a rádio militar, Sharon deve iniciar negociações com os trabalhistas para os integrar a uma nova coalizão governamental, junto aos membros do Judaísmo Unificado da Torá.

Segundo um estudo publicado antes do voto, quase dois terços dos israelenses preferem a formação de um novo governo que a realização de eleições antecipadas.

Por sua vez, o comitê central trabalhista resolveu depois de uma reunião agitada adiar de duas semanas sua decisão sobre a data das primárias para designar o dirigente do partido.

Desta forma, este comitê propiciou um tempo adicional a Peres para negociar com Sharon as condições de um eventual retorno dos trabalhistas ao governo.

Sharon afirmou que em caso de fracasso das tentativas de aliança, denunciadas tanto por deputados trabalhistas quanto por parlamentares do Likud, ele convocaria eleições antecipadas. A legislatura atual deve normalmente terminar em novembro de 2006.

Segundo seus colaboradores, Sharon quer aplicar seu plano de retirada da faixa de Gaza e de quatro assentamentos isolados da Cisjordânia segundo a agenda prevista.

As mesmas fontes informaram que, se não tiver outra escolha, Sharon preferirá convocar eleições antecipadas no final de 2005, depois da aplicação do plano de retirada.

De acordo com a legislação, o orçamento deve ser votado antes do dia 31 de dezembro depois de três leituras. Se o governo não respeitar o prazo, ele ainda dispõe de um período adicional de três meses para aprovar a lei orçamentária. Porém, em 31 de março, se a lei ainda não estiver votada, o governo cai e eleições devem ser realizadas.

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