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29/12/2004
-
23h15
JAIRO MARQUES
da Agência Folha
Em relato enviado por e-mail à Folha, a esportista brasileira Juliana Petters Melo, 26, de Santa Catarina, que acompanhou a tragédia da praia de Tom Sai, na Província de Krabi, na Tailândia, contou o que viu, como reagiram as pessoas e o que restou de um local considerado paradisíaco.
"As ondas aqui foram mais amenas, mas, mesmo assim, todas as construções da praia foram danificadas. Pessoas que estavam na areia disseram que o mar recuou uns 150 metros e uma onda de cerca de cinco metros se formou.
Os tailandeses começaram a gritar 'big wave, big wave' (onda grande, onda grande) e outras coisas em tailandês. Eu estava no meu bangalô (a uns 400 metros da praia) e escutei os gritos e o estrondo da primeira onda e, depois, da segunda.
Tailandesas passavam correndo com bebês no colo e gritando 'corre, corre'. No dia anterior, uma das torres de calcário da praia estava com os arbustos em chamas por causa dos fogos de artifício do Natal, então, quando vi as tailandesas correndo, achei que a praia estava pegando fogo, afinal, todos cogitaram a possibilidade de incêndio no dia anterior. Corri, peguei minha câmera e fui para a praia no sentido contrário da maioria das pessoas.
A cem metros da praia avistei os destroços. Uma cena chocante. Os longtails (barcos tailandeses) estavam dentro dos restaurantes. Tudo estava destruído. Que fogo que nada, era muita, muita água.
Uma outra onda veio e pude sentir um pouco como foram as outras. Não era uma onda grande, mas muito densa. Um volume grande de água.
As pessoas aqui em Tom Sai tiveram tempo de correr. Na praia vizinha, Railey, a história foi outra. A praia tem hotéis luxuosos e estava lotada de turista. Crianças brincavam na areia, caiaques estavam no mar, havia gente nadando. Quem tentava sair da água disse que a força das ondas puxava de volta para o mar.
Caminhando por Railey, a sensação era de destruição e silêncio. Cinco barcos do tipo escunas de passeio estavam capotados na areia. Longtails e caiaques estavam a uns 200 metros da praia, em um terreno cinco metros mais alto que a areia. Os macacos tomaram conta da praia. Se antes eles se intimidavam com os turistas, agora a praia é só deles.
Assisti ao resgate de uma turista que estava em um caiaque e foi jogada entre as pedras. Ela sobreviveu, mas viu a mãe, que estava em outro caiaque, morrer.
Das mais ou menos 6.000 pessoas que circulavam por aqui, sobraram umas 200. Dessas, cerca de cem são escaladores. Todos estão ajudando na limpeza das praias.
Tom Sai e Railey são famosas pelas escaladas e recebem escaladores do mundo todo, assim como eu, que vêm para cá nesta época de pouca chuva e clima menos quente.
Aqui o transporte é feito pelo mar. Como a maioria dos longtails quebraram, o Exército veio ajudar. Levaram a maioria das pessoas, gente muito assustada e preocupada com suas famílias --que, na maioria, vivem perto do mar."
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da Agência Folha
Em relato enviado por e-mail à Folha, a esportista brasileira Juliana Petters Melo, 26, de Santa Catarina, que acompanhou a tragédia da praia de Tom Sai, na Província de Krabi, na Tailândia, contou o que viu, como reagiram as pessoas e o que restou de um local considerado paradisíaco.
"As ondas aqui foram mais amenas, mas, mesmo assim, todas as construções da praia foram danificadas. Pessoas que estavam na areia disseram que o mar recuou uns 150 metros e uma onda de cerca de cinco metros se formou.
Os tailandeses começaram a gritar 'big wave, big wave' (onda grande, onda grande) e outras coisas em tailandês. Eu estava no meu bangalô (a uns 400 metros da praia) e escutei os gritos e o estrondo da primeira onda e, depois, da segunda.
Tailandesas passavam correndo com bebês no colo e gritando 'corre, corre'. No dia anterior, uma das torres de calcário da praia estava com os arbustos em chamas por causa dos fogos de artifício do Natal, então, quando vi as tailandesas correndo, achei que a praia estava pegando fogo, afinal, todos cogitaram a possibilidade de incêndio no dia anterior. Corri, peguei minha câmera e fui para a praia no sentido contrário da maioria das pessoas.
A cem metros da praia avistei os destroços. Uma cena chocante. Os longtails (barcos tailandeses) estavam dentro dos restaurantes. Tudo estava destruído. Que fogo que nada, era muita, muita água.
Uma outra onda veio e pude sentir um pouco como foram as outras. Não era uma onda grande, mas muito densa. Um volume grande de água.
As pessoas aqui em Tom Sai tiveram tempo de correr. Na praia vizinha, Railey, a história foi outra. A praia tem hotéis luxuosos e estava lotada de turista. Crianças brincavam na areia, caiaques estavam no mar, havia gente nadando. Quem tentava sair da água disse que a força das ondas puxava de volta para o mar.
Caminhando por Railey, a sensação era de destruição e silêncio. Cinco barcos do tipo escunas de passeio estavam capotados na areia. Longtails e caiaques estavam a uns 200 metros da praia, em um terreno cinco metros mais alto que a areia. Os macacos tomaram conta da praia. Se antes eles se intimidavam com os turistas, agora a praia é só deles.
Assisti ao resgate de uma turista que estava em um caiaque e foi jogada entre as pedras. Ela sobreviveu, mas viu a mãe, que estava em outro caiaque, morrer.
Das mais ou menos 6.000 pessoas que circulavam por aqui, sobraram umas 200. Dessas, cerca de cem são escaladores. Todos estão ajudando na limpeza das praias.
Tom Sai e Railey são famosas pelas escaladas e recebem escaladores do mundo todo, assim como eu, que vêm para cá nesta época de pouca chuva e clima menos quente.
Aqui o transporte é feito pelo mar. Como a maioria dos longtails quebraram, o Exército veio ajudar. Levaram a maioria das pessoas, gente muito assustada e preocupada com suas famílias --que, na maioria, vivem perto do mar."
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