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27/01/2005 - 09h35

Negociadores esperam por pedido de resgate

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MICHEL GAWENDO
free-lance para a Folha de S.Paulo, em Amã

Os representantes diplomáticos brasileiros e da Construtora Norberto Odebrecht envolvidos na tentativa de negociar a libertação do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr. esperam um pedido de resgate em dinheiro dos seqüestradores. A Folha apurou que a avaliação neste momento é a de que o grupo Esquadrões Al Mujahidin não fará exigências políticas, e o caso passou a ser tratado como seqüestro criminoso.

A diplomacia brasileira no Oriente Médio responsável pelo Iraque considera que os seqüestradores conhecem o cenário político internacional. O grupo, segundo essa visão, sabe que o Brasil foi contrário à invasão do Iraque em 2003, não tem soldados na coalizão nem influência internacional suficiente para fazer apelos significativos pela retirada de tropas do país. Vasconcellos Jr. foi seqüestrado no dia 19 passado, quando deixava a obra da Odebrecht na cidade de Beiji.

Essa avaliação foi adotada tomando como referência as exigências feitas em outros casos de seqüestras de estrangeiros por grupos terroristas no Iraque.

Em caso de pedido de resgate, segundo fontes ouvidas pela Folha, a empresa e a família assumiriam as negociações sobre o pagamento.

Oficialmente, o governo brasileiro não se envolveria. Até agora, nenhum governo assumiu o pagamento de resgate em troca da vida de cidadãos mantidos por grupos terroristas no Iraque.

O grupo ainda não fez contatos oficiais com a Embaixada do Brasil em Amã, onde funciona o núcleo diplomático do Itamaraty para o Iraque. A orientação na embaixada é manter sigilo sobre o caso. "Qualquer informação sobre resgate ou outra exigência pode atrapalhar o processo de busca por informações sobre o brasileiro", disse à Folha Paulo Joppert, diplomata responsável pelo Iraque, em seu gabinete em Amã.

As tentativas de negociação no Iraque estão a cargo de um representante da Odebrecht. Os funcionários da empresa retirados do Iraque depois do seqüestro também foram orientados a manter o sigilo sobre sua localização e a não falar com a imprensa. A diplomacia brasileira não tem representantes no Iraque.

O governo brasileiro continua atuando apenas no campo diplomático. O embaixador Affonso Celso de Ouro-Preto, homem de confiança do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foi enviado a Amã, e tinha a chegada programada para a madrugada de hoje (final da noite de ontem em Brasília). O papel exato de Ouro-Preto não foi definido.

Ele poderá participar de eventuais negociações no Iraque, ou atuar junto a outros governos da região. Por enquanto, segundo Joppert, o governo do Brasil não programou outras viagens ao Iraque para tratar da solução do seqüestro. A estratégia do Itamaraty é "fazer contatos com lideranças da região" para sensibilizar os países em relação ao seqüestro.

O governo já procurou ajuda da Síria. O embaixador do Brasil em Amã, Antonio Carlos Coelho da Rocha, notificou também autoridades jordanianas e entregou uma carta oficial ao seu colega iraquiano na capital da Jordânia, Atta Abdel Wahab. Na carta, o governo brasileiro explica o caso e pede ajuda ao governo interino. Uma porta-voz da Embaixada iraquiana em Amã disse que o governo de Iyad Allawi ficou sensibilizado e "vai ajudar no que for possível". A embaixada em Amã disse também que a Chancelaria do Iraque foi informada.

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