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08/02/2005
-
21h33
da France Presse, em Santiago
O juiz Juan Guzmán Tapia, que pela primeira vez levou a juízo o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, encerrou nesta terça-feira sua investigação sobre os crimes da "Caravana da Morte", a comitiva militar que percorreu o Chile em 1973 e sobre o qual se atribuem várias execuções sumárias. Tapia deve ditar condenações para 18 ex-militares.
Guzmán Tapia iniciou sua investigação há oito anos, quando o Partido Comunista apresentou sua primeira acusação no Chile contra o ex-ditador (1973-1990), a quem responsabilizou por 94 fuzilamentos sem julgamento que executou a caravana militar, entre setembro e outubro de 73.
"Conforme a investigação, creio que se chegou mais além do que se pensou", disse o magistrado, que inicialmente também culpou o general Pinochet por esses assassinatos.
O general Pinochet, que ordenou a execução dessa comitiva, foi liberado do processo em julho de 2002, quando a Corte Suprema aceitou que uma demência moderada não permite defender-se ante os tribunais.
Entre as vítimas da "Caravana da Morte" figura o jornalista Carlos Berger, condenado a 40 dias de prisão por um Conselho de Guerra e fuzilado junto a outros 25 sindicalistas e membros de movimentos de esquerda nas proximidades de Calama, a 1.200 quilômetros ao norte de Santiago, no dia 19 de outubro de 1973.
Os corpos de 19 das vítimas nunca foram entregues aos familiares e seus nomes se incluem nas listas dos mais de mil desaparecidos que deixou o regime de Pinochet.
Entre os acusados por estes crimes, além de Pinochet, está o general aposentado Sergio Arellano Stark, que foi o chefe da comitiva militar. Seu filho, o advogado Sergio Arellano Iturriaga, defendeu sua inocência e não se manifestou surpreso com o final da investigação: o juiz Tapia aponta seu pai como o principal culpado da operação.
"Não nos surpreende, porque sempre foi sua intenção fazê-lo, apesar da pobreza de sua investigação", disse o advogado.
"Agora vem a etapa acusatória para condenar de uma vez por todas estes criminosos", afirmou o jurista Hugo Gutiérrez, representante dos familiares das vítimas.
Os primeiros antecedentes públicos sobre a trajetória da "Caravana" pelas várias cidades do norte e do sul do Chile foram conhecidos 15 anos depois, quando a escritora e jornalista Patricia Verdugo editou seu livro "Los Zarpasos del Pluma" [As Garras do Puma, numa tradução livre], em alusão ao helicóptero "Puma" que transportava os militares.
A caravana, segundo a autora, "foi o ato fundamental da ditadura" de Pinochet para neutralizar qualquer sinal de oposição, após o golpe militar que culminou com o suicídio do presidente socialista Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973.
Pinochet, de 89 anos, enfrenta agora um segundo processo a cargo do juiz Guzmán Tapia, que no dia 4 de janeiro ordenou sua prisão domiciliar durante nove dias, como culpado dos assassinatos e desaparições forçadas da "Operação Condor" [plano de repressão coordenado entre as ditaduras do Cone Sul durante a década de 70, para eliminar os opositores de esquerda].
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a ditadura chilena
Juiz aponta 18 culpados para "Caravana da Morte" chilena
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O juiz Juan Guzmán Tapia, que pela primeira vez levou a juízo o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, encerrou nesta terça-feira sua investigação sobre os crimes da "Caravana da Morte", a comitiva militar que percorreu o Chile em 1973 e sobre o qual se atribuem várias execuções sumárias. Tapia deve ditar condenações para 18 ex-militares.
Guzmán Tapia iniciou sua investigação há oito anos, quando o Partido Comunista apresentou sua primeira acusação no Chile contra o ex-ditador (1973-1990), a quem responsabilizou por 94 fuzilamentos sem julgamento que executou a caravana militar, entre setembro e outubro de 73.
"Conforme a investigação, creio que se chegou mais além do que se pensou", disse o magistrado, que inicialmente também culpou o general Pinochet por esses assassinatos.
O general Pinochet, que ordenou a execução dessa comitiva, foi liberado do processo em julho de 2002, quando a Corte Suprema aceitou que uma demência moderada não permite defender-se ante os tribunais.
Entre as vítimas da "Caravana da Morte" figura o jornalista Carlos Berger, condenado a 40 dias de prisão por um Conselho de Guerra e fuzilado junto a outros 25 sindicalistas e membros de movimentos de esquerda nas proximidades de Calama, a 1.200 quilômetros ao norte de Santiago, no dia 19 de outubro de 1973.
Os corpos de 19 das vítimas nunca foram entregues aos familiares e seus nomes se incluem nas listas dos mais de mil desaparecidos que deixou o regime de Pinochet.
Entre os acusados por estes crimes, além de Pinochet, está o general aposentado Sergio Arellano Stark, que foi o chefe da comitiva militar. Seu filho, o advogado Sergio Arellano Iturriaga, defendeu sua inocência e não se manifestou surpreso com o final da investigação: o juiz Tapia aponta seu pai como o principal culpado da operação.
"Não nos surpreende, porque sempre foi sua intenção fazê-lo, apesar da pobreza de sua investigação", disse o advogado.
"Agora vem a etapa acusatória para condenar de uma vez por todas estes criminosos", afirmou o jurista Hugo Gutiérrez, representante dos familiares das vítimas.
Os primeiros antecedentes públicos sobre a trajetória da "Caravana" pelas várias cidades do norte e do sul do Chile foram conhecidos 15 anos depois, quando a escritora e jornalista Patricia Verdugo editou seu livro "Los Zarpasos del Pluma" [As Garras do Puma, numa tradução livre], em alusão ao helicóptero "Puma" que transportava os militares.
A caravana, segundo a autora, "foi o ato fundamental da ditadura" de Pinochet para neutralizar qualquer sinal de oposição, após o golpe militar que culminou com o suicídio do presidente socialista Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973.
Pinochet, de 89 anos, enfrenta agora um segundo processo a cargo do juiz Guzmán Tapia, que no dia 4 de janeiro ordenou sua prisão domiciliar durante nove dias, como culpado dos assassinatos e desaparições forçadas da "Operação Condor" [plano de repressão coordenado entre as ditaduras do Cone Sul durante a década de 70, para eliminar os opositores de esquerda].
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