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11/02/2005
-
16h25
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
Depois de 24 dias de espera, os três filhos do brasileiro João José de Vasconcellos Jr., seqüestrado no Iraque, Rodrigo, Gustavo e Tatiana voltaram ao Rio de Janeiro. Enquanto aguardam notícias da construtora Odebrecht e do Itamaraty, os três pretendem retomar as atividades escolares.
Em entrevista coletiva, o filho mais velho, Rodrigo, 24, pediu desculpas pela ausência da mãe, Teresa, e da irmã, Tatiana, por não estarem ainda em condições de falar com a imprensa. "Minha mãe até hoje não consegue assistir televisão e minha irmã evita ler jornais", afirmou.
Segundo Rodrigo, a principal angústia da família tem sido a insegurança sobre o real estado do brasileiro, o que de fato aconteceu e o tempo que vai levar para que o caso tenha um desfecho. Quando Vasconcellos Jr. foi seqüestrado, faltavam apenas dois dias para que ele reencontrasse a família. "Comecei a rezar desde o seqüestro", disse Rodrigo.
A espera prolongada ainda não abalou a esperança da família, embora eles não tenham até agora nenhuma confirmação de que Vasconcellos esteja vivo. Segundo o estudante de ciência da computação, os primeiros dias foram os piores. "Nas primeiras 72 horas, só dormi oito", afirmou.
O fator tempo também causa aflição. "A questão do tempo também é complicada, muitos seqüestros foram concluídos em poucos dias", disse. Apesar disso, a família tem esperanças de que Vasconcellos consiga passar seu aniversário, em 24 de fevereiro, com os parentes. "Levando o tempo que for meu pai vai estar de volta", disse.
Desde que Vasconcellos foi seqüestrado, a família procurou se isolar da ação da imprensa. Os estudantes agora retornam ao Rio com o desafio de vencer a espera, a curiosidade dos colegas e a falta de notícias. "Estou preparado para voltar às aulas", afirmou Gustavo, o caçula, de 16 anos.
Antes do seqüestro, Vasconcellos se comunicava diariamente com a família. Da última vez que conversaram pela internet com o auxílio de uma câmera, os filhos quiseram mostrar o pôr-do-sol, mas o engenheiro reclamou: "Pôr-do-sol aqui também tem, família, só de vez em quando".
Inicialmente, Vasconcellos ficaria no Brasil desde o fim do ano. O engenheiro voltou ao Iraque para concluir um trabalho. Entre os planos da família, havia a idéia de levar os filhos para visitar a Disney.
Segundo o irmão de Vasconcellos, Luiz Henrique, as mensagens de apoio de entidades e pessoas que se mostraram solidárias com o caso têm sido fundamentais para a família. "Esse silêncio é muito barulhento, provoca uma coisa tão grande dentro da gente que é difícil controlar", disse.
Seqüestro
Desde o dia 19, o engenheiro, que é funcionário da construtora Norberto Odebrecht no Iraque, está desaparecido. Ele teria sido seqüestrado em uma ação conjunta realizada pelos grupos Brigadas Mujahidin e Exército de Ansar al Sunna, em Beiji, ao norte do país, quando viajava em um comboio da empresa de segurança Janusian Risk Management.
No dia em que o brasileiro desapareceu, os dois funcionários da Janusian que acompanhavam o brasileiro, um britânico e um iraquiano, foram mortos pelos rebeldes.
O vídeo atribuído aos grupos rebeldes mostrava a carteira de mergulhador de Vasconcellos Jr, mas não exibia imagens dele.
Embaixada
No dia 25 de janeiro, o enviado especial para o Oriente Médio, embaixador Affonso Celso Ouro-Preto, foi para a Jordânia na tentativa de auxiliar no resgate do brasileiro.
O governo brasileiro disse que busca informações sobre Vasconcellos Jr. em trabalho conjunto com a Odebrecht, que tenta conseguir informações por meio de funcionários da Janusian no Iraque.
O caso também está sendo acompanhado pelo executivo Luiz Teive da Rocha, que atua na filial de Miami da Odebrecht e que foi deslocado para Londres (Reino Unido).
Por enquanto, os seqüestradores não entraram em contato com a família de Vasconcellos Jr., que mora em Juiz de Fora, Minas Gerais, nem com a construtora nem com o governo brasileiro.
Muçulmanos no Brasil
Entidades muçulmanas no Brasil se mobilizaram e enviaram representantes ao Oriente Médio para fazer um apelo à Cúpula dos Sábios [que reúne religiosos iraquianos], no fim de janeiro.
Entidades islâmicas brasileiras gravaram apelos pela libertação de Vasconcellos Jr. na rede de TV árabe Al Jazira [Qatar].
As TVs locais divulgaram também o apelo do jogador Ronaldo [Real Madrid], gravado a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o xeque brasileiro Ali Mohammed Abdouni, o governo da Jordânia teria obtido informações anônimas confirmando que Vasconcellos continuava vivo. Dias depois, o porta-voz do governo jordaniano, Asma Khader, desmentiu que o governo teria informações sobre o brasileiro.
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da Folha Online, no Rio
Depois de 24 dias de espera, os três filhos do brasileiro João José de Vasconcellos Jr., seqüestrado no Iraque, Rodrigo, Gustavo e Tatiana voltaram ao Rio de Janeiro. Enquanto aguardam notícias da construtora Odebrecht e do Itamaraty, os três pretendem retomar as atividades escolares.
Em entrevista coletiva, o filho mais velho, Rodrigo, 24, pediu desculpas pela ausência da mãe, Teresa, e da irmã, Tatiana, por não estarem ainda em condições de falar com a imprensa. "Minha mãe até hoje não consegue assistir televisão e minha irmã evita ler jornais", afirmou.
Segundo Rodrigo, a principal angústia da família tem sido a insegurança sobre o real estado do brasileiro, o que de fato aconteceu e o tempo que vai levar para que o caso tenha um desfecho. Quando Vasconcellos Jr. foi seqüestrado, faltavam apenas dois dias para que ele reencontrasse a família. "Comecei a rezar desde o seqüestro", disse Rodrigo.
A espera prolongada ainda não abalou a esperança da família, embora eles não tenham até agora nenhuma confirmação de que Vasconcellos esteja vivo. Segundo o estudante de ciência da computação, os primeiros dias foram os piores. "Nas primeiras 72 horas, só dormi oito", afirmou.
O fator tempo também causa aflição. "A questão do tempo também é complicada, muitos seqüestros foram concluídos em poucos dias", disse. Apesar disso, a família tem esperanças de que Vasconcellos consiga passar seu aniversário, em 24 de fevereiro, com os parentes. "Levando o tempo que for meu pai vai estar de volta", disse.
Desde que Vasconcellos foi seqüestrado, a família procurou se isolar da ação da imprensa. Os estudantes agora retornam ao Rio com o desafio de vencer a espera, a curiosidade dos colegas e a falta de notícias. "Estou preparado para voltar às aulas", afirmou Gustavo, o caçula, de 16 anos.
Antes do seqüestro, Vasconcellos se comunicava diariamente com a família. Da última vez que conversaram pela internet com o auxílio de uma câmera, os filhos quiseram mostrar o pôr-do-sol, mas o engenheiro reclamou: "Pôr-do-sol aqui também tem, família, só de vez em quando".
Inicialmente, Vasconcellos ficaria no Brasil desde o fim do ano. O engenheiro voltou ao Iraque para concluir um trabalho. Entre os planos da família, havia a idéia de levar os filhos para visitar a Disney.
Segundo o irmão de Vasconcellos, Luiz Henrique, as mensagens de apoio de entidades e pessoas que se mostraram solidárias com o caso têm sido fundamentais para a família. "Esse silêncio é muito barulhento, provoca uma coisa tão grande dentro da gente que é difícil controlar", disse.
Seqüestro
Desde o dia 19, o engenheiro, que é funcionário da construtora Norberto Odebrecht no Iraque, está desaparecido. Ele teria sido seqüestrado em uma ação conjunta realizada pelos grupos Brigadas Mujahidin e Exército de Ansar al Sunna, em Beiji, ao norte do país, quando viajava em um comboio da empresa de segurança Janusian Risk Management.
No dia em que o brasileiro desapareceu, os dois funcionários da Janusian que acompanhavam o brasileiro, um britânico e um iraquiano, foram mortos pelos rebeldes.
O vídeo atribuído aos grupos rebeldes mostrava a carteira de mergulhador de Vasconcellos Jr, mas não exibia imagens dele.
Embaixada
No dia 25 de janeiro, o enviado especial para o Oriente Médio, embaixador Affonso Celso Ouro-Preto, foi para a Jordânia na tentativa de auxiliar no resgate do brasileiro.
O governo brasileiro disse que busca informações sobre Vasconcellos Jr. em trabalho conjunto com a Odebrecht, que tenta conseguir informações por meio de funcionários da Janusian no Iraque.
O caso também está sendo acompanhado pelo executivo Luiz Teive da Rocha, que atua na filial de Miami da Odebrecht e que foi deslocado para Londres (Reino Unido).
Por enquanto, os seqüestradores não entraram em contato com a família de Vasconcellos Jr., que mora em Juiz de Fora, Minas Gerais, nem com a construtora nem com o governo brasileiro.
Muçulmanos no Brasil
Entidades muçulmanas no Brasil se mobilizaram e enviaram representantes ao Oriente Médio para fazer um apelo à Cúpula dos Sábios [que reúne religiosos iraquianos], no fim de janeiro.
Entidades islâmicas brasileiras gravaram apelos pela libertação de Vasconcellos Jr. na rede de TV árabe Al Jazira [Qatar].
As TVs locais divulgaram também o apelo do jogador Ronaldo [Real Madrid], gravado a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o xeque brasileiro Ali Mohammed Abdouni, o governo da Jordânia teria obtido informações anônimas confirmando que Vasconcellos continuava vivo. Dias depois, o porta-voz do governo jordaniano, Asma Khader, desmentiu que o governo teria informações sobre o brasileiro.
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