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17/02/2005 - 12h39

Israel prepara megaoperação de segurança para retirada

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BIANCA KESTENBAUM BANAI
especial para a Folha Online, em Tel Aviv

O Exército e a polícia de Israel estão se preparando para uma das maiores operações logísticas dos últimos tempos no país: a retirada dos colonos da faixa de Gaza, principal bandeira política do governo do premiê direitista Ariel Sharon.

A ação de retirada, rejeitada pelos colonos, sobretudo por religiosos radicais, desencadeará um reforço planejado na segurança dos principais políticos israelenses e de Sharon --além de o esquema de vigília ser redobrado, os líderes poderão ser levados para locais sigilosos.

Nesta terça-feira, o Parlamento israelense aprovou por maioria [59 votos a favor, 40 contra e cinco abstenções] a lei que determina as indenizações a serem pagas aos 8.000 colonos judeus moradores de 21 assentamentos da faixa de Gaza e quatro na Cisjordânia, o que totalizará US$ 870 milhões.

No próximo domingo (20), o gabinete do governo votará o plano geral de retirada das colônias judaicas de Gaza e parte da Cisjordânia. Após sua aprovação, o próximo passo do governo será, a partir da segunda-feira (21), enviar cartas às famílias comunicando-as oficialmente que devem desocupar suas casas.

As prováveis manifestações dos colonos nas principais cidades do país, como Tel Aviv e Jerusalém, terão acompanhamento da polícia.

Ameaças e onda de provocação a políticos, inclusive com cartas com tom violento enviadas a alguns ministros na última semana, estão sendo consideradas muito parecidas com o clima de revolta após os acordos de Oslo --que acabaram causando o assassinato do ex-premiê Yitzhak Rabin, em novembro de 1995, por um extremista judeu.

Gush Katif

Segundo a polícia, uma das mais difíceis etapas do plano será a remoção dos moradores de Gush Katif, colônia habitada por judeus religiosos que se negam a sair do local e até agora não aceitaram nenhuma proposta do governo em relação a indenizações financeiras, nem novas oportunidades de moradia e de emprego.

Para os mais radicais, a retirada de Gaza representa um prêmio aos grupos terroristas. Em Israel, a maioria da população aprova o projeto por considerá-lo um passo decisivo para a volta das negociações de paz com os palestinos, agora liderados pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

O início da retirada está previsto para o mês de julho, verão no país, e deverá se estender por cerca de três meses. Porém, a polícia pretende concentrar a operação de retirada dos colonos num prazo de três semanas devido aos confrontos previstos entre militares e judeus radicais que se opõem ao plano.

Um mês antes do início da retirada, entradas e saídas da faixa de Gaza deverão ser restritas apenas a seus moradores.

Reservistas

Já estão sendo recrutados militares da reserva, de preferência solteiros, voluntários que servem aos serviços de segurança do país e todo o contingente policial que terá dias de férias, cursos e licenças suspensas.

Para enfrentar a resistência dos colonos, policiais cumprirão um programa planejado e organizado de forma bastante detalhada. Tal plano começou a ser explicado nos últimos dias em círculos fechados e restritos de militares que participarão da operação.

De acordo com o plano, as famílias deverão ser transportadas para hotéis do país. Suas casas serão trancadas. Soldados e policiais que trabalharão nesta operação, todos desarmados, ficarão como responsáveis pela embalagem de objetos e esvaziamento das residências.

Os donos das propriedades só terão permissão de carregar objetos pessoais e religiosos como as mezuzot --pergaminho escrito a mão com uma reza que protege a casa, guardada dentro de uma caixinha e pregada na entrada principal da casa, dos cômodos e da cozinha.

O destino das propriedades ainda é incerto. A idéia de destruição total e a grande quantidade de entulho a ser transportado aumentaria ainda mais a já inflacionada conta do plano de retirada. A provável solução que deverá ser adotada pela comissão que trata da retirada será o abandono total das casas.

Escolas, sinagogas e outras construções públicas existentes na faixa de Gaza deverão ter o mesmo destino. Problema maior são os cemitérios. Rabinos do Exército estudam um plano para a remoção dos túmulos e novo enterro em cemitérios dentro do território de Israel.

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