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31/03/2005 - 12h42

Saiba mais sobre o caso Terri Schiavo

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da Folha Online

O caso da americana Terri Schiavo, 41, que morreu nesta quinta-feira após permanecer 13 dias sem receber alimentação devido a uma determinação da Justiça americana, transformou-se em tema de uma disputa judicial nos Estados Unidos que mobilizou políticos e a sociedade.

Terri permaneceu 15 anos em um estado que os médicos chamam de "vegetativo persistente". Nos últimos sete anos, seu marido e guardião legal, Michael Schiavo, vinha pedindo às cortes americanas pela morte de sua mulher. Ele se baseava na argumentação de que Terri teria dito reiteradas vezes --antes de entrar em estado vegetativo-- que não gostaria que sua vida fosse mantida artificialmente, caso algo lhe acontecesse.

Os pais de Terri --Bob e Mary Schindler-- defendiam a posição de que Terri tinha um "estado mínimo de consciência". Mesmo com a obtenção de laudos médicos comprovando o fato, a Justiça americana permaneceu ao lado de Michael [marido de Terri], determinando a retirada do tubo de alimentação que garantia a vida da paciente, no último dia 18.

Apesar de toda a discussão, uma das maiores dificuldades do caso foi compreender o estado de saúde de Terri. Segundo médicos ouvidos pela Folha Online, entender as questões médicas que envolveram o caso é uma tarefa muito complexa.

O estado vegetativo persistente é conceituado pelos médicos como uma condição em que não há mais funcionamento do córtex cerebral [considerada a "parte nobre" do cérebro, que concentra a atividade cognitiva]. O dano cerebral pode ser causado por trauma ou anoxia --falta de oxigênio no cérebro.

Terri sofreu uma parada cardíaca em 1990 causada provavelmente por deficiência de potássio, o que fez com que seu cérebro ficasse sem receber oxigênio. Desde então, não apresentou mais funções corticais.

Para os especialistas, no estado vegetativo persistente apenas a parte "automática" do cérebro está em funcionamento, onde estão ativas, por exemplo, as funções que regulam o sono, reações básicas de reflexo, como sucção e acompanhamento do olhar. No estado vegetativo persistente, as funções voluntárias, ou conscientes, inexistem.

Diversos estudos médicos apontam que, se um paciente sofre um dano cerebral causado por falta de oxigênio, como foi o caso de Terri, sua recuperação se torna muito difícil, caso não haja evolução em seu estado de saúde nos três meses subseqüentes ao acidente.

Diferença entre coma e estado vegetativo persistente

O coma, segundo os especialistas, é um rebaixamento do nível da consciência. Já no estado vegetativo persistente, não há nível algum de consciência. A reação desses pacientes a qualquer estímulo exterior são apenas reflexos, e não há percepção do que acontece ao seu redor.

Mesmo que uma pessoa esteja em coma e inconsciente, é possível detectar impulsos elétricos no córtex cerebral, por meio do eletroencefalograma [exame da atividade elétrica do cérebro].

No caso de Terri, o neurologista Ronald Cranford, que acompanhou a paciente, afirmou que vários exames comprovaram o diagnóstico de estado vegetativo. Em 2002, por exemplo, a realização de dois eletroencefalogramas demonstrou "a inexistência de atividade cerebral".

Pacientes com danos cerebrais passam por vários exames neurológicos, para detectar qualquer atividade cerebral. Geralmente, são realizados eletroencefalogramas com estimulação dolorosa, auditiva e luminosa. Se houver qualquer reação, o aparelho demarca um ritmo diferente no funcionamento cerebral. Quanto maior é a lesão cerebral, menos resposta cerebral há, segundo especialistas.

Aplicação de morfina

Outro ponto bastante controverso no caso de Terri foi a aplicação de doses de morfina que, segundo os pais, teria por objetivo evitar qualquer dor que Terri pudesse sentir durante o processo de morte.

Um paciente em estado vegetativo persistente não têm consciência e não sente dor. A notícia causou dúvidas sobre seu real estado de saúde, dias antes de Terri morrer.

Na opinião dos médicos consultados, a aplicação da morfina foi "uma medida humanitária", que atendia à crença dos pais de Terri, que diziam haver um traço de consciência na filha. Essa também teria sido uma tentativa de provar que Terri não estava em estado vegetativo, e assim conseguirem interromper o processo de morte.

Terri ficou 13 dias sem receber alimentação, e sua morte foi causada pela suspensão da ingestão de líquidos e alimentos.

Isso fez com que a paciente passasse por um processo de desidratação, que provocou a parada dos órgãos. Diversas substâncias liberadas pelo corpo levam o paciente a sentir sonolência, que progride para um coma, e a morte.

Em pessoas que apresentam consciência, esse processo é doloroso, afirmam os especialistas. Mas no caso de Terri, não houve percepção de dor ou qualquer tipo de sofrimento, que envolve uma série de sentimentos passível de ser vivenciada apenas em estado consciente, como medo, ansiedade e pânico.

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