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05/04/2005 - 11h07

Papado é envolto em teorias conspiratórias e criminosas

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RICARDO FELTRIN
Enviado especial da Folha Online a Roma

Desde São Pedro, 2.000 anos não foram suficientes para destruir a instituição do papado mas, século a século, crescem as lendas a respeito do líder máximo do catolicismo. Satanismo, envolvimento com a máfia, com a CIA [agência de inteligência americana] ou com grupos de "manipuladores" mundiais, tudo isso faz parte do lado "sombrio" atribuído ao pontificado --porém jamais provado.


Ao menos 10 anos antes do advento do livro "Codigo da Vinci", de Dan Brown, boa parte das lendas e teorias conspiratorias que hoje grassam na internet provêm de um livro chamado "As Sociedades Secretas do seculo 20", escrito por Jan van Helsing (certamente um pseudonimo).

O livro não é vendido em livrarias e nem consta de catálogos. Quando encontrado em sebos, é vendido por pequenas fortunas. Não é exatamente um livro, mas a fotocópia de mais de 300 páginas daquilo que foi um livro. O original jamais foi visto. Há uma versão fotocopiada em português.

Uma das principais "teorias" de Van Helsing (além de um indisfarçável e insistente anti-semitismo) é que todos os papas pertenceriam a ordens secretas semelhantes (em estrutura interna) à maçonaria ou ao Opus Dei.

Segundo ele, João Paulo 2º teria sido um auxiliar da CIA na derrubada do comunismo, em parceria com Ronald Reagan e um outro "conspirador", o desmantelador da União Soviética Mikhail Gorbatchov (1985-1991).

Todos os papas, afirma, também integrariam um grupo fechadíssimo chamado "Comitê dos 300" --o grupo das 300 pessoas mais poderosas e influentes da Terra.

Para despistar os olhos do mundo sobre suas atividades, o comitê se reuniria sigilosamente sempre durante grandes eventos internacionais públicos, como os encontros do G7, Clube de Paris, de Roma ou o Fórum de Davos.

Essas 300 pessoas definiriam secretamente --aparentemente obedecendo a uma hierarquia ainda mais acima dela, chamada a Tríade-- os rumos da economia mundial, do desenvolvimento e a pauta de avanços tecnológicos que a humanidade teria acesso nos próximos anos.

Um dos principais braços externos do Comitê dos 300, diz van Helsing, seria o CFR (Council Foreign Relations) --o poderoso Conselho das Relacoes exteriores dos Estados Unidos.

Também definiriam eleições e derrubariam governantes em qualquer local do mundo, dado seu poder econômico(afinal, o comitê incluiria boa parte da lista dos mais ricos do mundo da Forbes).

O historiador britânico Paul Johnson, em "The Papacy" (traduzido no Brasil como "O Livro de Ouro dos Papas", editora Ediouro, 349 pags.), também cita algumas dessas teorias conspiratórias papais.

Ele cita especificamente a teoria de que João Paulo 1º, antecessor de Karol Josef Wojtyla, pode ter sido assassinado por envenenamento na madrugada de 28 de agosto de 1978.

A autoria do crime? Johnson não diz, mas deixa indícios de que teria sido um trabalho da máfia italiana, disposta a calar o novo pontífice porque o mesmo estaria disposto a investigar a fundo e divulgar informações sobre o então escândalo do banco Ambrosiano (pertencente ao Vaticano).

Quatro anos depois, além de outras mortes, o escândalo levaria ao suicídio (suspeitíssimo) de Roberto Calvi, então presidente do Ambrosisano e apelidado de "banqueiro de Deus".

Paranóia ou oportunismo literário a verdade é que as teorias conspiratórias envolvendo o papa e o Vaticano não vão terminar tão cedo. Não enquanto houver milhões de entusiastas desse tipo de literatura. Vide o sucesso de Dan Brown.

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