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17/04/2005 - 09h11

Para d. Cláudio, palavra de ordem é evangelização

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CATIA SEABRA
da Folha de S. Paulo

Considerado um dos candidatos à sucessão de João Paulo 2º, o arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, aponta a evangelização como o maior desafio da Igreja Católica após uma década em que a evasão de fiéis chegou a 10% na América Latina ."Essa é a orientação freqüente de d. Cláudio: evangelização e solidariedade", conta o bispo-auxiliar d. Pedro Luiz Stringhini.

A preocupação com a perda de adeptos, em meio à pluralidade religiosa, não está expressa apenas no 9º Plano de Pastoral 2004-2007, da Arquidiocese de São Paulo --sob o título "Ser igreja missionária na cidade de São Paulo", o documento usa expressões de d. Cláudio para pregar a "nova evangelização como missão permanente". Também está evidenciada em sua administração.

Tanto nos 21 anos dedicados à Diocese de Santo André como nos quase sete anos na arquidiocese de São Paulo, d. Cláudio investiu na conquista dos católicos, dando capilaridade e visibilidade à igreja. Em Santo André, como responsável por sete cidades, criou apenas oito paróquias, mas 150 comunidades de base. Ele também apoiou a instalação das pastorais da criança, do menor e da favela. Já na arquidiocese, defendeu a criação de um fórum de pastorais, reunindo as quatro dioceses de São Paulo.

Também como bispo de Santo André, d. Cláudio viajou para a Europa ao lado do frei Sebastião Benito Quaglio em busca de apoio para a compra de uma rádio destinada à evangelização 24 horas. Onze anos depois, a rádio Imaculada Conceição distribui programas para a Europa, a América Latina, os EUA e a África.

"D. Cláudio foi um grande incentivador. Ele entende a importância dos meios de comunicação como instrumento de evangelização", diz frei Sebastião.

À frente da diocese de Santo André, d. Cláudio abriu as portas da igreja para os metalúrgicos da região do ABC no fim da década de 1970. O gesto rendeu-lhe o rótulo de progressista. Mas, segundo amigos e fiéis colaboradores, só ilustra outro traço de d. Cláudio: o apoio aos oprimidos.

Segundo frei Sebastião, d. Cláudio diz que a "igreja não pode se omitir e dizer que "não tem nada a ver com isso'". Dos mais conservadores ao barulhento Rubens Chasseraux - preso cinco vezes durante o regime militar --todos insistem que d. Cláudio não se move por simpatia política, e sim por uma opção pelos pobres.

Mas, com a mesma naturalidade com que circula entre sindicalistas, d. Cláudio participa de jantares com empresários. Um dos seis bispos-auxiliares da cidade, d. Benedito Beni dos Santos lembra como foi bem recebido num jantar oferecido pelo presidente de um banco. "Ele é homem do diálogo", elogia.

"Ele é um ortodoxo bom de mídia", ressalta frei Betto, ao listar esse raro casamento como um dos pontos que o credenciam à vaga de papa.
O fato de ter sido o escolhido por João Paulo 2º para pregar seu retiro em fevereiro de 2002 é apresentado como um sinal de prestígio. Naquele ano, d. Cláudio foi chamado para ser orientador dos exercícios espirituais dos cardeais. Essa seria uma demonstração de que transita pela cúpula o Vaticano.

Para d. Cláudio, repete, a igreja tem que estar presente também fisicamente. Daí o esforço para a recuperação da catedral da Sé, ao custo de R$ 5 milhões.

Outra marca de d. Cláudio é o investimento em formação. Na Diocese de Santo André, criou dois seminários - o de filosofia e o de teologia - além de um instituto para leigos. Em São Paulo, acaba de ser construído um seminário com capacidade para 90 alunos, no Ipiranga.

Rigoroso e meticuloso, d. Cláudio aposta ainda na profissionalização administrativa. Na Diocese de Santo André, as contas ficavam sob a responsabilidade de um leigo, Gino Vendrami, formado em contabilidade e ciências econômicas. Na arquidiocese, um padre formado em direito comanda uma equipe de contadores.

Segundo seus interlocutores, o cardeal defende a rediscussão da disciplina da igreja. Defende, por exemplo, a revisão de normas como a que impede a comunhão de católicos num segundo casamento ou mesmo a do celibato. Ao chegar à arquidiocese, criou a escola diaconal. No fim do ano, serão formados 28 diáconos, que podem celebrar casamento e batismo sem a exigência de celibato.

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