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18/04/2005 - 08h15

Missa dá início ao conclave; cardeal pede inspiração a Cristo e fiéis aplaudem

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RODRIGO WERNECK
Colaboração para a Folha Online, em Roma

Uma missa solene aberta ao público no Vaticano, nesta segunda-feira, marcou o início do conclave em que será escolhido o substituto do papa João Paulo 2º, morto no último dia 2. Ainda sem o confinamento dos cardeais-eleitores na capela Sistina, a celebração sagrada "Pela eleição do pontífice romano" começou às 9h46 de Roma (4h46 no Brasil) e teve quase duas horas de duração.

A homilia do cardeal alemão Joseph Ratzinger --considerado detentor do maior número de votos até a véspera do conclave-- teve uma citação a Karol Wojtyla. Ratzinger é considerado herdeiro de João Paulo 2º e "tutor" do conservadorismo na cúpula da Igreja Católica. O alemão pediu a indicação de "um novo pastor segundo o coração de Cristo, um pastor que se guie pela consciência de Cristo, pelo seu amor, pela sua fé". A súplica foi aplaudida pelos fiéis.

Considerado por Ratzinger um momento "de grande responsabilidade" para toda a igreja, o conclave teve na missa solene o último momento de contato entre fiéis e prelados. Centenas de pessoas ocuparam a basílica de São Pedro desde as primeiras horas da manhã, enquanto uma pequena multidão acompanhou a missa em telões colocados na praça São Pedro.

Dentro da basílica, à espera do início da celebração, a professora aposentada italiana Virginia torcia pela escolha de um "papa universal", que possa dar seqüência ao papado de João Paulo 2o.

"Não me importa se será um papa italiano ou um estrangeiro. Eu gosto do (Camilo) Ruini, mas desejo que o Espírito Santo os ilumine para que elejam um papa que percorra o mundo pregando a fé em Deus", defendeu.

Atrás dela, uma turista alemã e um jovem franciscano debatiam qual deve ser o perfil do novo pontífice. "Ele precisa ser um 'pai', uma pessoa carismática", disse o rapaz. Com a entrada dos cardeais-eleitores, a liturgia reuniu orações por um "pontífice aceito por Ti (Deus) pela santidade em vida e inteiramente dedicado ao serviço do Seu povo".

No final da missa, a procissão de cardeais provocou aplausos e cenas de devoção. Os fiéis fotografavam, acenavam e pediam bênçãos aos prelados. Alguns, mais contidos, como Ratzinger, passaram indiferentes, mas muitos clérigos respondiam ao carinho do público. O católico mexicano Javier Gonzalez estendeu a mão a mais de dez religiosos e, na maior parte das vezes, foi correspondido.

"Não conheço nenhum deles, mas fiz questão de cumprimenta-los porque este deve ser um momento muito difícil", disse.

Programação

Ao fim da celebração, os 115 cardeais-eleitores com menos de 80 anos --apenas os prelados desta faixa etária têm direito a voto; os outros, no entanto, também podem ser votados-- retornaram aos seus apartamentos na Casa de Santa Marta (grande edifício construído por ordem do papa João Paulo 2º.

Às 16h30 de Roma, 11h30 no Brasil, eles se reúnem novamente no Palácio Apostólico (residência oficial dos papas desde o século 14), de onde saem em procissão rumo à capela Sistina, onde invocarão o Espírito Santo. Todo o ritual será transmitido ao vivo pela TV Vaticana.

Na capela Sistina, os clérigos prestarão juramento de segredo quanto à eleição papal, de respeito às regras da Constituição Apostólica e de que, caso eleitos, vão se empenhar na missão de 'pastor da Igreja universal'. Ao término do rito, todas as pessoas que não participam do conclave deverão deixar o local.

Segundo a Santa Sé, a primeira votação ainda não está confirmada para hoje, devido à série de ritos anteriores ao confinamento e à necessidade de todos os cardeais-eleitores fazerem o juramento. Por isso, o colégio cardinalício pode adiar o escrutínio inicial para a manha de terça-feira, reservando o fim da tarde de segunda-feira para orações.

Na terça-feira, está programada a realização de quatro votações, duas pela manhã e mais duas à tarde. Os resultados deverão ser conhecidos por volta de 12h e 19h de Roma (7h e 14h de Brasília) por meio da tradicional fumaça liberada de uma chaminé instalada no telhado da capela Sistina, única comunicação entre os religiosos e o lado de fora.

Fumaça

Se a coloração da queima dos votos for negra, o sinal é de que nenhum dos cardeais conseguiu dois terços dos votos (77). No caso de fumaça branca, os sinos da basílica de São Pedro devem se deitar para anunciar ao povo romano a eleição de um novo pontífice. Na hipótese de a eleição final acontecer no primeiro ou terceiro escrutínio do dia, o aviso sonoro dos sinos e visual da fumaça será antecipado.

Iniciado 16 dias depois da morte de Karol Wojtyla, o processo de escolha do novo papa não pode passar de 19 dias, data em que expira o tempo máximo de vacância da Santa Sé, de 35 dias. Se não houver um cardeal que agregue dois terços dos votos nos primeiros três dias de votação, os eleitores terão um dia de descanso e orações, para então retomarem os escrutínios.

Caso o número de eleições fracassadas chegue a 34, os cardeais eleitores deverão apontar o novo papa por sufrágio de maioria simples (58) ou pela escolha entre os dois clérigos mais votados na votação anterior.

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