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23/04/2005
-
12h06
KELLY VELÁSQUEZ
da France Presse, no Vaticano
Numa tentativa de melhorar sua imagem de duro e intransigente, Bento 16 recebeu a imprensa neste sábado no Vaticano e agradeceu pelo trabalho realizado nas últimas semanas.
Em sua primeira audiência pública, Bento 16 procurou seduzir as pessoas presentes com um estilo espontâneo e simples e foi interrompido em várias ocasiões por ovações e aclamações de jovens, que gritavam "Bento, Bento!".
Saudando com as mãos abertas, sorridente e meio intimidado, o novo papa se mostrou bem diferente de seu antecessor, um experimentado ator de teatro, que conhecia os ritmos e as técnicas para se dirigir às massas.
Na moderna sala Paulo 6º, diante de cerca de 4.000 pessoas, boa parte delas jornalistas, Bento 16 se expressou perfeitamente em italiano, inglês, francês e alemão, mas não pronunciou uma só palavra em espanhol, apesar de comunidade hispânica ser majoritária na Igreja Católica.
O papa entrou na sala por uma porta lateral e evitou o contato com a massa, que teria ocorrido se houvesse entrado pela passagem central. "Vem aqui, vem aqui!", gritavam grupos de adolescentes do movimento católico conservador Comunhão e Libertação, enquanto dez estudantes poloneses mostravam um cartaz, assinado por centenas de pessoas, com os dizeres: "Te esperamos em Colônia" (Alemanha), numa referência às Jornadas Mundiais da Juventude, programadas para agosto.
Desta vez, o outrora cardeal Joseph Ratzinger pareceu menos poderoso, com uma voz delicada, e o tom, apesar do ligeiro sotaque alemão, doce.
"É um prazer este encontro e saúdo cordialmente os jornalistas, fotógrafos, operadores de TV e todos aqueles que pertencem ao mundo da comunicação. Agradeço por sua visita e pelo serviço prestado nestes dias à Santa Sé e à Igreja Católica", disse em italiano.
"Desejo continuar este diálogo frutífero e compartilho da idéia de João Paulo 2º de que o desenvolvimento atual da comunicação social impulsiona a Igreja a uma revisão pastoral e cultural, que permite a ela enfrentar o mundo em que vivemos", acrescentou.
Em seu breve discurso em várias línguas, ele citou seu antecessor, recordou o conclave na capela Sistina e pediu, surpreendendo a audiência, que fosse rezado um Pai Nosso em italiano.
"Que lástima que não falou em espanhol", comentou, decepcionada, a panamenha Eunice Meneses Araúz, da revista "Panorama Católica". "Esperava pelo menos uma palavra em polonês, pelo menos um agradecimento. Eu amo todos os papas, sem me importar com a nacionalidade, porque é o pastor de todos, mas esperava uma palavra de agradecimento", afirmou o polonês Remigiosz.
O argentino Guillermo Martini, do arcebispado de Buenos Aires, disse que seria lindo ter escutado o papa em espanhol.
Como fez no dia anterior com os cardeais, Bento 16 repetiu seu agradecimento a todos os presentes. O porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, disse: "Na próxima vez falará em espanhol, certamente, é que hoje queria uma cerimônia breve".
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Análise: Ao receber imprensa, Bento 16 tenta melhorar sua imagem
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da France Presse, no Vaticano
Numa tentativa de melhorar sua imagem de duro e intransigente, Bento 16 recebeu a imprensa neste sábado no Vaticano e agradeceu pelo trabalho realizado nas últimas semanas.
Em sua primeira audiência pública, Bento 16 procurou seduzir as pessoas presentes com um estilo espontâneo e simples e foi interrompido em várias ocasiões por ovações e aclamações de jovens, que gritavam "Bento, Bento!".
Saudando com as mãos abertas, sorridente e meio intimidado, o novo papa se mostrou bem diferente de seu antecessor, um experimentado ator de teatro, que conhecia os ritmos e as técnicas para se dirigir às massas.
Na moderna sala Paulo 6º, diante de cerca de 4.000 pessoas, boa parte delas jornalistas, Bento 16 se expressou perfeitamente em italiano, inglês, francês e alemão, mas não pronunciou uma só palavra em espanhol, apesar de comunidade hispânica ser majoritária na Igreja Católica.
O papa entrou na sala por uma porta lateral e evitou o contato com a massa, que teria ocorrido se houvesse entrado pela passagem central. "Vem aqui, vem aqui!", gritavam grupos de adolescentes do movimento católico conservador Comunhão e Libertação, enquanto dez estudantes poloneses mostravam um cartaz, assinado por centenas de pessoas, com os dizeres: "Te esperamos em Colônia" (Alemanha), numa referência às Jornadas Mundiais da Juventude, programadas para agosto.
Desta vez, o outrora cardeal Joseph Ratzinger pareceu menos poderoso, com uma voz delicada, e o tom, apesar do ligeiro sotaque alemão, doce.
"É um prazer este encontro e saúdo cordialmente os jornalistas, fotógrafos, operadores de TV e todos aqueles que pertencem ao mundo da comunicação. Agradeço por sua visita e pelo serviço prestado nestes dias à Santa Sé e à Igreja Católica", disse em italiano.
"Desejo continuar este diálogo frutífero e compartilho da idéia de João Paulo 2º de que o desenvolvimento atual da comunicação social impulsiona a Igreja a uma revisão pastoral e cultural, que permite a ela enfrentar o mundo em que vivemos", acrescentou.
Em seu breve discurso em várias línguas, ele citou seu antecessor, recordou o conclave na capela Sistina e pediu, surpreendendo a audiência, que fosse rezado um Pai Nosso em italiano.
"Que lástima que não falou em espanhol", comentou, decepcionada, a panamenha Eunice Meneses Araúz, da revista "Panorama Católica". "Esperava pelo menos uma palavra em polonês, pelo menos um agradecimento. Eu amo todos os papas, sem me importar com a nacionalidade, porque é o pastor de todos, mas esperava uma palavra de agradecimento", afirmou o polonês Remigiosz.
O argentino Guillermo Martini, do arcebispado de Buenos Aires, disse que seria lindo ter escutado o papa em espanhol.
Como fez no dia anterior com os cardeais, Bento 16 repetiu seu agradecimento a todos os presentes. O porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, disse: "Na próxima vez falará em espanhol, certamente, é que hoje queria uma cerimônia breve".
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