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26/04/2005 - 11h21

Cardeal italiano diz que Bento 16 surpreenderá críticos

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da France Presse, no Vaticano
da Folha Online

O cardeal italiano Carlo Maria Martini, considerado o principal rival de Joseph Ratzinger --atual papa-- durante o conclave [reunião de cardeais para a escolha do papa] , afirmou nesta terça-feira que o controvertido religioso transformado em Bento 16 romperá com muitos prejulgamentos e surpreenderá inúmeros críticos.

"Estou certo de que Bento 16 tem reservado muitas surpresas a respeito de prejulgamentos e de lugares comuns, características que alguns críticos associaram à sua personalidade", afirmou Martini em uma longa entrevista ao jornal italiano "La Repubblica".

Fotomontagem/Folha Online
Carlo Maria Martini (à esq.), cardeal italiano, e Bento 16
Martini, 78, arcebispo emérito de Milão (norte da Itália), considerado um dos cardeais mais cultos e progressistas do Colégio Cardinalício, e que o próprio Ratzinger, 78, define como "diferente por formação e temperamento", diz acreditar que o novo papa será transformado de fato pela responsabilidade assumida.

"Estou certo de que a grande responsabilidade que pesa sobre o novo papa o converterá cada vez mais em uma pessoa sensível e aberta aos problemas que agitam os corações dos crentes e não-crentes, o que conseqüentemente abrirá novos caminhos", disse.

Martini, que se mudou para Jerusalém há alguns anos para estudar textos bíblicos, reconheceu que a eleição de Ratzinger para substituir João Paulo 2º nasceu também do desejo de ter um pontificado breve após o último e longo papado.

No entanto, mesmo sob o estrito segredo imposto pela Constituição Apostólica sobre o conclave, Martini deu a entender que como líder de uma corrente crítica não se opôs à eleição do primeiro papa alemão da história recente, chamado de "guardião do dogma" por suas severas posições no campo doutrinário.

"A diversidade nos une. O Evangelho no ensina que é justamente o irmão diferente que devemos amar", acrescentou.

Ao analisar as primeiras intervenções públicas de Bento 16, Martini disse que não detectou elementos inovadores, mas, sim, a confirmação das grandes linhas traçadas por seu antecessor João Paulo 2º.

"Não vi nada de inovador em seu primeiro discurso, que fora provavelmente preparado de antemão pelas repartições competentes. O mais positivo foi a confirmação das grande linhas de abertura estabelecidas por João Paulo 2º."

Sobre outros temas mais internos, como o pedido de um colegiado maior dentro da igreja --com o estabelecimento de uma relação nova entre a Cúria e os bispos de todo o mundo-- e um maior diálogo com as outras religiões, Martini se diz convencido de que o novo papa, então considerado um homem de ferro, "não será rígido".

"São pedidos fortes de boa parte da igreja e estou seguro de que o novo papa vai considerá-los seriamente e tudo se resolverá de forma eficaz."

Ante os desafios que a sociedade moderna impõe à igreja, a necessidade de paz e de uma maior espiritualidade, Martini é otimista. "A igreja e a sociedade se movem em ritmos diferentes... mas a igreja tem as chaves dos corações dos homens e não perderá o trem da história", disse.

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