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30/04/2005 - 18h37

Atentados aumentam pressão sobre o novo governo iraquiano

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da France Presse, em Bagdá

Os rebeldes não dão trégua no Iraque. Enquanto o primeiro-ministro do país Ibrahim al-Jaafari ainda tenta formar seu gabinete, aumenta o número de atentados no país, espalhando morte e destruição por todo o território.

Na sexta-feira (29) começou uma nova onda de ataques, que causou a morte de cerca de 40 pessoas, deixou 100 feridos e está sendo interpretada como um desafio aberto ao governo, democraticamente eleito e aprovado pela Assembléia Nacional iraquiana na última quinta-feira (28).

Mais três atentados com carro-bomba foram realizados neste sábado em Bagdá, um deles perto da sede do grupo sunita, o Conselho do Diálogo Nacional, matando cinco pessoas e ferindo 26, segundo fontes de segurança.

Duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas no bairro Zayuna de Bagdá em um primeiro ataque suicida com carro-bomba contra um comboio composto por iraquianos e americanos. "Os mortos e feridos são todos civis", disse uma fonte do Ministério do Interior.

Este atentado foi reivindicado pelo grupo de Abu Mussab al-Zarqawi, chefe da rede terrorista Al-Qaeda em um comunicado atribuído ao líder rebelde em um site islamita.

"Hoje, um leão da brigada dos mártires atacou (...) um grupo da polícia e da guarda nacional", afirmou o comunicado divulgado em um site islamita e assinado pela organização Al-Qaeda na Mesopotâmia.

O texto, cuja autenticidade não pôde ser confirmada, afirmou que o ataque deixou mortos e destruiu veículos.

Na zona oeste de Bagdá, um policial morreu ao ser atingido por um tiro quando saía de casa. No norte do país, uma mulher iraquiana morreu e quatro soldados ficaram feridos em um atentado suicida com carro-bomba que tinha como alvo um comboio da polícia em Mossul, no norte do Iraque, informaram fontes médicas e policiais.

Segundo Ezzedine Mohammad, médico do hospital de Mossul, dois soldados estão gravemente feridos.

Em Baquba, ao norte de Bagdá, dois civis ficaram feridos na explosão de uma bomba. Cinco pessoas, suspeitas de "atividades terroristas', foram presas.

Em Latifiya, 40 km ao sul de Bagdá, a polícia encontrou os corpos de dois jovens crivados de balas.

Onze imãs sunitas, suspeitos de incentivar atividades terroristas entre os fiéis, foram detidos entre sexta-feira e sábado em um bairro da zona sudeste de Bagdá, informou uma fonte do Ministério do Interior do país.

Segundo a mesma fonte, os religiosos também pediam aos fiéis que não reconhecessem o novo governo de Ibrahim al-Jaafari, dominado por xiitas e curdos.

Prioridade

Jaafari disse que sua prioridade será combater os insurgentes. No entanto, ainda está envolvido nas negociações para completar seu gabinete ministerial. Três meses depois das eleições o Iraque ainda não possui um ministro da Defesa.

Outros cargos vitais, incluindo a pasta do Petróleo e dois postos de vice-primeiro-ministro, permanecem vagos. Enquanto isso prosseguem as discussões entre os aliados do governo, que fazem considerações étnicas ou sectárias.

A coalizão xiita que apóia Jaafari ainda não chegou a um acordo sobre a melhor pessoa para o ministério do Petróleo e rejeitou todos os nomes apresentados pelos sunitas para a pasta da Defesa.

Os sunitas, que não estão bem representados no Parlamento por causa de seu boicote às eleições, querem mais do que os cinco ministérios que receberam, exigindo inclusive o da Defesa.

Jaafari desistiu de viajar neste sábado a Istambul, onde participaria de um encontro regional com chanceleres dos países vizinhos do Iraque, por estar ocupado em resolver a crise governamental.

"O primeiro-ministro está em negociação para completar a lista de membros de seu gabinete", declarou em Istambul o chefe da diplomacia iraquiana Hoshyar Zebari.

"Jaafari deve apresentar o gabinete completo para que preste juramento ante a Assembléia Nacional na próxima terça-feira", acrescentou.

O vice-presidente Ghazi al-Yawar, líder tribal sunita, advertiu que os cinco ministros nomeados de sua comunidade podem até renunciar.

Os sunitas, que eram dominantes na época de Saddam Hussein, também temem uma retomada da política iniciada após a invasão, que tinha como meta retirar as pessoas ligadas ao antigo regime das Forças Armadas e da administração pública.

O Exército americano anunciou neste sábado, em um relatório, que não vai punir os militares autores dos tiros que mataram o agente secreto italiano Nicola Calipari.

Calipari morreu quando tentava proteger a ex-refém italiana e jornalista Juliana Sgrena dos disparos dos militares americanos contra o automóvel em que viajavam na estrada para o aeroporto da capital do país.

"É um trágico acidente e a Força Multinacional no Iraque expressa seu mais profundo pesar à família de Calipari", afirma um comunicado que cita as conclusões da investigação dirigida pelo general Peter Vangjel.

"A investigação chegou à conclusão de que o veículo que se aproximou do posto de controle não reduziu a velocidade e que os soldados atuaram como manda o procedimento habitual.

O Exército americano anunciou ainda a morte de quatro de seus soldados na quinta-feira em um ataque com bomba na cidade de Tall Afar, a oeste de Mossul.

Desde o início da invasão, em 2003, o número de militares americanos mortos no Iraque chega a 1.572. Na sexta-feira, outros três soldados morreram em um atentado com carro-bomba.

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