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30/04/2005 - 21h30

Em dois dias, ações rebeldes matam 65 no Iraque

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da Folha Online

Rebeldes iraquianos desencadearam mais uma onda de ataques com bombas neste sábado, dando seqüência a ações sofisticadas que causaram a morte de ao menos 65 pessoas nos últimos dois dias. No sudeste da capital Bagdá, foi encontrada uma vala que pode conter até 1.500 ossadas, a maioria de mulheres e crianças.

Apenas neste sábado, cinco carros-bomba explodiram em Bagdá, causando a morte de 17 iraquianos e um soldados dos Estados Unidos, segundo informações de um porta-voz do Exército dos EUA, Greg Kaufman. Outros seis carros-bomba explodiram em Mossul, no norte do país, onde ataques ocorrem com freqüência.

Nesta sexta-feira, em uma das mais sangrentas ações rebeldes no Iraque nos últimos meses, a explosão de dez carros-bomba, além de ataques com morteiros e armas de fogo, deixaram ao menos 38 mortos e mais de cem feridos. As ações foram acompanhadas de uma gravação atribuída ao terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi prometendo mais ataques contra militares americanos.

Em 1º de março, o ataque mais mortífero em ação única desde a queda de Saddam Hussein, em abril de 2003, matou 115 pessoas em Hilla, 95 km ao sul da capital Bagdá. Um carro-bomba explodiu em frente a um posto médico onde centenas de recrutas aguardavam para fazer exames de admissão ao Exército do Iraque.

Os ataques deste sábado incluem um homem-bomba que teve como alvo um posto militar conjunto das forças dos EUA e do Iraque, matando um militar iraquiano e ferindo outros sete. Minutos depois, um segundo suicida se explodiu perto de um comboio ferindo 18 pessoas.

Em Baquba, ao norte de Bagdá, dois civis ficaram feridos na explosão de uma bomba. Cinco pessoas, suspeitas de "atividades terroristas", foram presas.

Em Latifiya, 40 km ao sul de Bagdá, a polícia encontrou os corpos de dois jovens crivados de balas.

Onze imãs [líder religioso muçulmano] sunitas, suspeitos de incentivar atividades terroristas entre os fiéis, foram detidos entre esta sexta-feira e sábado em um bairro da zona sudeste de Bagdá, segundo o Ministério do Interior do país. Os religiosos estariam pedindo aos fiéis que não reconhecessem o novo governo iraquiano, dominado por xiitas e curdos.

Ossadas

Neste sábado, escavações levaram à descoberta de 18 valas próximas à cidade de Samawa (cerca de 250 km ao sudeste de Bagdá), das quais já foram retiradas cerca de cem ossadas, mas cujo número total pode ultrapassar 1.500.

A maioria das ossadas é composta de mulheres, crianças e adolescentes, segundo investigadores, e apresentavam marcas de tiros, supostamente de fuzis AK-47, sugerindo execução sumária. As ossadas estavam cobertas com trajes típicos curdos, grupo étnico que foi duramente perseguido no Iraque durante a ditadura de Saddam Hussein, nos anos 80.

O local havia sido identificado no ano passado como possível lugar de ocultação de cadáveres, mas as investigações começaram apenas no início deste mês.

O local é mais um dos cerca de 300 que se suspeita serem covas coletivas descobertos desde que Saddam foi tirado do poder, em 2003. Alguns contêm poucas dezenas de mortos, enquanto outros, incluindo um na cidade de Basra (sul do Iraque), têm milhares.

Na região de Samawa, de maioria xiita, outros 27 locais são suspeitos de também serem covas coletivas. Um levante da população local foi esmagado por Saddam em 1991.

Segundo um funcionário americano encarregado de reunir provas de crimes cometidos por Saddam Hussein em seu governo, os curdos enterrados nas valas descobertas perto de Samawa foram levados ao sul do país durante a ofensiva conhecida como a "Campanha Anfal". Foi uma ação contra a população curda, nos anos de 1987 e 1988.

Saddam também é acusado de ter atacado a população curda da cidade de Halabja (norte do Iraque), em 1988, com gás venenoso, deixando cerca de 5.000 mortos.

Os restos encontrados estão sendo submetidos a exames e os resultados devem ser reunidos como provas para acusar Saddam e seus auxiliares por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, cometidos enquanto comandaram o Iraque.

Com agências internacionais

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