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01/05/2005 - 17h31

Itália divulgará sua versão sobre morte de agente secreto no Iraque

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da France Presse, em Roma

A Itália divulgará na segunda-feira sua própria versão sobre as circunstâncias da morte do agente da Inteligência italiana, que foi baleado e morto por soldados norte-americanos no Iraque após libertar a jornalista e refém Giuliana Sgrena, informaram neste domingo fontes da chancelaria do país.

O relatório sobre a morte do dia 4 de março de Nicola Calipari, chefe dos serviços de Inteligência italiano no exterior, será divulgado na tarde desta segunda-feira (2) pelo Ministério das Relações Exteriores.

"No relatório fica evidente um fato: que Calipari morreu por uma reação injustificada da patrulha americana, ou seja, por erro", ressaltaram fontes próximas à chancelaria.

A Itália e os Estados Unidos discordam sobre a morte de Calipari, o que provocou tensões na relação dos dois países, sólidos aliados na guerra contra o Iraque.

Segundo a Itália, houve problemas de coordenação entre as diversas forças que operam no Iraque, enquanto que os Estados Unidos afirmam que seus soldados atuaram segundo o procedimento e que todo o caso se tratou de um trágico acidente, por isso não poderiam ser adotadas sanções contra os responsáveis.

A Itália teme que aconteça o mesmo que em 1998, quando 20 pessoas morreram nos Alpes italianos por culpa de um avião norte-americano e cujo piloto foi absolvido por um júri militar dos EUA sem ter ficado um dia sequer preso.

Calipari, considerado um herói nacional, tentava proteger com seu corpo a repórter Giuliana Sgrena, então libertada após um mês de seqüestro.

Os Estados Unidos divulgaram no sábado seu próprio relatório sobre o caso, em que sustentam que o veículo que conduzia Calipari, Sgrena e outro agente da Inteligência italiana circulava em velocidade excessiva na estrada que leva ao aeroporto, motivo que, segundo o Pentágono, justifica o modo de agir dos seus soldados.

Os dois peritos italianos, que participavam de uma investigação conjunta com funcionários norte-americanos, se negaram a confirmar as conclusões do relatório do Pentágono.

Os italianos consideram que a operação de retirada da jornalista foi conduzida no Iraque segundo as normas e asseguram que os norte-americanos haviam sido informados de que os italianos se deslocavam até o aeroporto de Bagdá.

Os europeus ressaltam ainda que um capitão norte-americano, que se encontrava no posto de controle, sabia que se tratava de uma missão relacionada com Sgrena.

"As maiores discrepâncias estão na interpretação das normas de combate, em particular as que regulamentam o uso da força nos postos de controles, já que não estão escritas e se estabelecem oralmente de acordo com as circunstâncias", asseguraram fontes da chancelaria italiana.

O relatório italiano confirmará que os soldados americanos que dispararam não tinham grande experiência, já que era a primeira vez que prestavam serviço naquela estrada, considerada a mais perigosa do Iraque.

A Justiça da Itália iniciou uma investigação penal pela morte de Calipari e pediu oficialmente que o relatório americano seja incluído como material de estudo.

No entanto, o processo na Itália parece não ter maior relevância, pois os Estados Unidos não admitem que seus soldados sejam processados em outro país ou por cortes internacionais.

A atitude dos Estados Unidos reacendeu o debate na Itália contra a guerra no Iraque, cuja opinião pública se opôs majoritariamente, e várias forças políticas pediram mais uma vez a retirada dos três mil soldados do país posicionados no Iraque.

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