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15/06/2005 - 16h18

Morte de Terri Schiavo gerou batalha judicial familiar

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da Folha Online

O caso da americana Terri Schiavo, 41, que morreu em 31 de março último, após passar 15 anos em estado vegetativo persistente, foi uma longa batalha judicial que movimentou, além da família, setores políticos e religiosos dos Estados Unidos.

A "luta" entre o marido e ex-guardião legal de Terri, Michael Schiavo, e os pais dela, Bob e Mary Schindler, começou em 1998, quando Michael pediu às cortes americanas pela morte de sua mulher. Ele se baseava na argumentação de que Terri teria dito reiteradas vezes --antes de entrar em estado vegetativo-- que não gostaria que sua vida fosse mantida artificialmente, caso algo lhe acontecesse.

Os pais alegavam que Terri devia continuar viva porque possuía um "estado mínimo de consciência". Apesar de terem obtido laudos médicos comprovando o fato, a Justiça americana permaneceu ao lado do marido, e, em 18 de março último, determinou pela terceira vez a retirada do tubo de alimentação que garantia a vida da paciente.

Sabe-se que a suspensão da alimentação pelo tubo estomacal fez com que Terri passasse por um processo de desidratação, provocando a falência de seus órgãos. Em casos assim, diversas substâncias liberadas pelo corpo levam o paciente a sentir sonolência, que progride para um coma, levando à morte. Tal processo pode ser doloroso em pessoas que ainda apresentam cosnciência.

Terri morreu no dia 31 de março, e foi cremada na Pensilvãnia, como queria seu marido. A causa de sua morte até hoje não foi determinada.

Estado real

Apesar de toda a discussão, uma das maiores dificuldades do caso era compreender o estado real da saúde de Terri.

O estado vegetativo persistente é conceituado pelos médicos como uma condição em que não há mais funcionamento do córtex cerebral [considerada a 'parte nobre' do cérebro, que concentra a atividade cognitiva]. O dano cerebral pode ser causado por trauma ou anoxia --falta de oxigênio no cérebro.

Terri sofreu uma parada cardíaca em 1990 causada provavelmente por deficiência de potássio, o que fez com que seu cérebro ficasse sem receber oxigênio, e, a partir daí, deixou de apresentar as funções corticais.

Para especialistas, no estado vegetativo persistente apenas a parte 'automática' do cérebro está em funcionamento, onde estão ativas, por exemplo, as funções que regulam o sono, reações básicas de reflexo, como sucção e acompanhamento do olhar. No estado vegetativo persistente, as funções voluntárias, ou conscientes, inexistem.

Diversos estudos médicos apontam que, se um paciente sofre um dano cerebral causado por falta de oxigênio, como era o caso de Terri, a recuperação se torna muito difícil, caso não haja evolução do estado de saúde nos três meses subseqüentes ao acidente.

Coma e estado vegetativo persistente

O coma, segundo especialistas, é um rebaixamento do nível da consciência. Já no estado vegetativo persistente, não há nível algum de consciência. A reação desses pacientes a qualquer estímulo exterior são apenas reflexos, e não há percepção do que acontece ao seu redor.

Mesmo que uma pessoa esteja em coma e inconsciente, é possível detectar impulsos elétricos no córtex cerebral, por meio do eletroencefalograma [exame da atividade elétrica do cérebro].

No caso de Terri, o neurologista Ronald Cranford, que acompanhou a paciente, afirmou que vários exames comprovaram o diagnóstico de estado vegetativo. Em 2002, por exemplo, a realização de dois eletroencefalogramas demonstrou 'a inexistência de atividade cerebral'.

Pacientes com danos cerebrais passam por vários exames neurológicos, para detectar qualquer atividade cerebral. Geralmente, são realizados eletroencefalogramas com estimulação dolorosa, auditiva e luminosa. Se houver qualquer reação, o aparelho demarca um ritmo diferente no funcionamento cerebral. Quanto maior é a lesão cerebral, menos resposta cerebral há, segundo especialistas.

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