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23/06/2005 - 11h43

Análise: Búlgaros elegerão Parlamento para chegar à UE

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ROBERTO KOCH
da France Presse, em Sofia

Os búlgaros vão às urnas neste sábado (25) para eleger um Parlamento que os conduza à União Européia em 2007 e faça o país, mesmo depois de importantes reformas estruturais, sair de uma situação dominada pelo desemprego e a corrupção.

No total, 6,9 milhões de eleitores deverão escolher 240 deputados em 31 zonas eleitorais, e 22 partidos políticos apresentaram candidatos.

O Partido Socialista (PSB, oposição), herdeiro do Partido Comunista (PCB) que governou o país durante 45 anos e possui de 38 a 45% das intenções de voto, é o favorito para suceder a coalizão de centro-direita dirigida pelo primeiro-ministro Simeão da Saxônia-Coburgo-Gotha.

O Movimento Nacional Simeão 2º (MNS 2º, no poder), o partido do ex-rei, conta com 22% a 25% das intenções de voto. O Movimento para os Direitos e Liberdades (MDL, no poder), o partido das minorias turca e muçulmana aliado ao governo, obtém de 8% a 11%. As Forças Democráticas Unidas (FDU, direita, oposição) têm de 10 a 13,5%.

O MDL já indicou que está disposto a mudar de aliança para entrar em um governo de centro-esquerda com o PSB, que, por sua vez, considera "possível" essa coalizão.

Para fazer com que 8 milhões de búlgaros sejam aceitos na UE, a próxima assembléia nacional deverá continuar com as reformas iniciadas há quatro anos pelo atual primeiro-ministro, estimam os observadores.

E para não comprometer a entrada do país na UE em 2007, depois das rejeições de França e Holanda à Constituição Européia, também deverá colocar em andamento a reforma da justiça exigida pela Comissão de Bruxelas e que o antigo rei Simeão 2º, que chegou triunfalmente ao poder em 2001 e vencedor de seis moções de censura durante a legislatura, resistiu a iniciar.

A Bulgária assinou em 25 de abril um tratado de adesão à UE que prevê adiar por um ano sua integração se Sofia não respeitar os compromissos assumidos ante a Comissão Européia.

O primeiro-ministro Simeão 2º não conseguiu elevar o nível de vida de seus compatriotas, tal como havia se comprometido fazer "em 800 dias" após sua chegada ao poder.

Monarca que governa sem reinar, Simeão 2º, 68, é considerado uma espécie de "rei mudo".

'Não é muito falador, não participa nas intrigas políticas, prefere uma diplomacia discreta e deixa que os especialistas se pronunciem", comentou Miroslava Yanova, diretora do instituto de pesquisas MBMD. Depois de quatro anos no poder, a opinião pública considera esse comportamento uma fragilidade, acrescentou.

Eleito com entusiasmo popular, este homem fino, elegante e poliglota colocou em andamento profundas reformas estruturais e integrou a Bulgária à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em 2003, depois do país ter sido um dos mais fiéis aliados da União Soviética.

Mas por não conseguir melhorar de forma estável o nível de vida de seus cidadãos, sua popularidade passou de 70% em 2001 a 37% em recente pesquisa do instituto Sova-Harris.

"Reduzimos o desemprego, a economia e recebemos dois bilhões de euros em investimentos diretos estrangeiros em 2004", diz Simeão.

Nascido em 16 de junho de 1937, em Sófia, Simeão 2º foi rei com seis anos de idade, depois da morte de seu pai, Boris 3º, em 28 de agosto de 1943.

Um referendo do regime comunista em favor da república o afastou do trono em 1946 e ele se exilou em Madri (Espanha), onde viveu 40 anos sem nunca abdicar e até a volta triunfal ao poder.

Favorito nas pesquisas, Serguei Stanichev, 39, do PSB, encarna a transformação e o rejuvenescimento de um partido herdeiro do PC búlgaro.

Stanichev se opôs à participação búlgara na guerra do Iraque e prometeu retirar o contingente búlgaro imediatamente após a eleição de seu partido. O candidato socialista defende a adesão da Bulgária à UE, mas quer que isso seja submetido a um referendo nacional.

Filho de um ex-dirigente do PCB, Stanichev possui uma visão aberta do mundo, como muitos filhos da "nomenclatura" que estudaram no exterior. Stanichev virou membro do PCB em 1989 e, em 2000, já fazia parte do comitê diretor do partido, chegando à direção do mesmo em 2002, em substituição ao atual presidente da República, Guerogui Parvanov.

Seu modernismo declarado costuma surpreender os partidários, como quando ele apareceu recentemente a uma reunião política vestido de caubói e numa motocicleta. Vive há dez anos com Elena Yontcheva, uma estrela da televisão búlgara, conhecida por suas reportagens na Tchetchênia e no Iraque.

"Planejamos preservar a estabilidade macroeconômica e financeira, mas queremos mudar a atitude irresponsável do Estado em relação aos problemas comuns das pessoas", declarou Stanichev ao jornal "Standart".

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