Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/06/2005 - 13h50

Embaixador volta a Amã para saber do brasileiro sumido no Iraque

Publicidade

EMÍLIA BERTOLLI
da Folha Online

O embaixador brasileiro Affonso Celso de Ouro-Preto voltará a Amã (Jordânia) nos próximos dias em uma nova investida para obter mais informações sobre o destino do engenheiro João José de Vasconcellos Júnior, 50, seqüestrado no Iraque há mais de cinco meses. A informação foi confirmada à Folha Online pelo Itamaraty e pela família do engenheiro desaparecido.

Esta pode ser uma chance de a família receber alguma informação sobre o paradeiro de Vasconcellos Jr., mas eles não se mostram muito animados. "Os trabalhos continuam, mas, de fato, ainda não deram resultado", disse Luis Henrique de Vasconcellos, 47, irmão do refém.

Divulgação
O engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr.
Segundo ele, a família agora espera "qualquer informação" sobre o brasileiro seqüestrado. "Pior que uma desgraça, é uma desgraça sem fim. Queremos saber o que aconteceu com ele no Iraque", afirmou.

A informação sobre a viagem de Ouro-Preto [embaixador especial para o Oriente Médio] --divulgada pelo Itamaraty em nota no sábado (18)-- foi confirmada pela assessoria de imprensa do governo, que não revelou a data precisa da viagem. Ouro-Preto já esteve em Amã em março passado, na tentativa de resolver o seqüestro, mas voltou ao Brasil sem soluções efetivas para o caso.

"Resposta"

O anúncio da viagem do embaixador a Amã pode ser uma resposta às críticas feitas ao Itamaraty na semana passada, quando a família do engenheiro disse se sentir desamparada pelo governo brasileiro.

"Este realmente é o nosso sentimento. Depois de um silêncio de vários dias do governo, procurei o Itamaraty para saber notícia do meu irmão e fui informada que o embaixador Ouro-Preto já estava há muito tempo no Brasil", disse Isabel Vasconcellos, referindo-se ao embaixador.

Nesta quinta-feira, Luis Henrique desmentiu à Folha Online que o governo do Brasil tenham deixado de dar notícias, acrescentando que o Itamaraty entrou em contado com eles [os familiares] para avisar sobre a viagem de Ouro-Preto e informar que o embaixador vai "retomar os contatos e as negociações" no seqüestro de Vasconcellos Jr..

A ministra [cargo abaixo do de embaixador] Maria Nazareth Farani Azevedo, segundo Luiz Henrique, é a responsável pelo repasse de informações sobre o caso à família de Vasconcellos Jr., quando há novidades. Ele disse também que "há contatos estabelecidos "diariamente" entre Teresa [mulher do brasileiro seqüestrado] e as equipes de busca no Iraque e em Amã.

Odebrecht

Luis Henrique disse ainda que uma equipe da construtora Norberto Odebrecht, empresa para a qual Vasconcellos Jr. prestava serviços até ser seqüestrado, continua trabalhando no desaparecimento do brasileiro.

Mas Luis Henrique não pôde confirmar se a empresa britânica Janusian Risk Security Management --contratada pela Odebrecht para fazer a segurança dos funcionários da construtora no Iraque, e que também estaria ajudando nas buscas-- ainda continua no caso. "Há outras pessoas trabalhando [com a construtora]", disse.

No dia do ataque ao carro de Vasconcellos Jr., dois seguranças da Janusian, que o protegiam, morreram na ação.

Pistas

O irmão do refém disse [sem especificar a fonte] que a família já recebeu inúmeras "pistas falsas" sobre o paradeiro de Vasconcellos Jr., e que alguns fatos ocorridos durante e após o seqüestro continuam sendo "um mistério".

"Já recebemos informações de que ele estaria morto, ferido, e até mesmo em ótimo estado de saúde no Iraque", diz Luis Henrique. "Mas quando pedimos prova sobre o estado de saúde de João, as informações se revelam falsas".

Ele também disse que uma vistoria foi realizada no veículo de seu irmão logo após o seqüestro, e que apesar dos vários tiros de metralhadora na lataria do carro, os passageiros não foram atingidos porque estavam protegidos por uma blindagem interna.

As investigações também revelaram que não havia sangue na parte do veículo onde Vasconcellos Jr. estava sentado. "O grupo usava armamento pesado, e qualquer ferimento desse tipo provoca sangramento imediato e abundante."

Grupo organizado

De acordo com ele, o seqüestro de Vasconcellos Jr. foi realizado por um grupo "organizado de 20 a 30 homens", que interrompeu o comboio da Janusian que transportava o engenheiro para o aeroporto de Bagdá, onde ele ia iniciar a viagem de retorno ao Brasil, em 19 de janeiro último.

Na ocasião, dez seguranças da Janusian acompanhavam o engenheiro, e "muitos foram feridos" pelos seqüestradores. Logo após o ocorrido, um comunicado do Exército americano informava que dois seguranças da Janusian --um britânico e um iraquiano-- foram mortos. A informação foi confirmada depois pela empresa.

"É um grande mistério o fato de não conseguirmos informações até agora. Ao contrário dos outros seqüestros [ocorridos no Iraque] há sempre a divulgação de vídeos e informações sobre os reféns. A única coisa que temos é o vídeo mostrando a carteira de mergulhador [de Vasconcellos Jr., exibida pela rede de TV Al Jazira em 22 de janeiro]."

O grupo Esquadrões Al Mujahidin reivindicou a autoria do seqüestro do brasileiro, e disse que agiu ao lado do grupo Ansar al Sunna. Segundo Luis Henrique, nenhum representante desses grupos entrou em contato direto com as equipes que procuram Vasconcellos Jr. no Iraque.

Especial
  • Leia mais sobre seqüestros no Iraque
  • Leia o que já foi publicado sobre o seqüestro do brasileiro no Iraque
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página