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07/07/2005 - 16h37

Ministro prevê saída de soldados italianos do Iraque para este ano

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EMILIA BERTOLLI
da Folha Online

A retirada dos soldados italianos do Iraque deve "respeitar a resolução da ONU" [que prevê a saída das forças de coalizão até dezembro deste ano], afirmou nesta quarta-feira o ministro italiano das Relações Exteriores, Gianfranco Fini.

O ministro fez as declarações em entrevista após ministrar palestra sobre os desafios da União Européia (UE) na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

"Quando estive no Iraque no mês passado, falei com o premiê [Ibrahim al] Jaafari, e ele me disse que o prazo da resolução 1546 da ONU vai ser respeitado."

O documento emitido pelo Conselho de Segurança da ONU em 8 de junho de 2004 estipula que as forças de coalizão permaneçam no Iraque até que o processo político de formação de um novo governo, o que deve ser feito até 31 de dezembro deste ano.

Em 24 de junho passado, o presidente George W. Bush disse que os Estados Unidos --país que lidera as forças de coalizão do Iraque-- não vão fazer "nenhum planejamento" para a retirada dos soldados do país.

Fini afirmou que dos 3.000 soldados italianos que estão no país, 25 morreram em ataques e acidentes. Os militares enviados pela Itália estão em Nassiriah (sul) onde, segundo ele, há "95% de segurança". O contingente italiano é o quarto maior estrangeiro, ficando atrás apenas da Coréia do Sul (3.600 soldados), do Reino Unido (8.000 soldados) e dos Estados Unidos (130 mil soldados).

Em 4 de março passado, a morte de um agente italiano por soldados dos EUA no Iraque criou um clima de tensão entre Itália e EUA. Nicola Calipari foi atingido por soldados americanos logo depois de libertar a jornalista italiana Giuliana Sgrena, seqüestrada em janeiro, na capital Bagdá. À época, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, chegou a anunciar o início da retirada italiana em setembro próximo, mas pressões externas fizeram com que ele desistisse da idéia.

Brasil

A visita de Fini também foi marcada por uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira. O ministro afirmou que o Brasil "é importante estrategicamente" e que existem "enormes possibilidades" de melhorar as relações econômicas entre os dois países.

Mas Fini não manteve o otimismo ao falar do acordo econômico entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), parado desde outubro de 2004. Em setembro próximo líderes dos dois blocos devem se reunir em Bruxelas (Bélgica) para voltar a discutir o acordo.

"Não creio que esse acordo possa ser feito em breve (...) o acordo é muito ambicioso e amplo", disse o ministro.

Os dois blocos tentam há cinco anos um acordo de liberalização gradual do comércio. A UE oferece liberalizar o comércio para 96% da pauta comercial entre as duas regiões, mas os 4% que ficarão de fora incluem açúcar e carnes, dois dos produtos mais competitivos do Mercosul. Para carnes, a UE oferece uma cota, mas o açúcar foi excluído.

União Européia

Fini defendeu a integração política da UE, e afirmou que a rejeição da Constituição européia --documento que unificaria politicamente os 25 países-membros da UE-- em referendos realizados pela França, em maio, e Holanda, há pouco mais de um mês, foi "um trauma para a Europa".

"Os cidadãos de todos os países [da UE] têm medo pelo futuro (...) há uma conjuntura econômica difícil e uma imigração de dimensões bíblicas (...) os europeus têm medo de perder a identidade", disse o ministro.

A imigração é um dos principais problemas enfrentados pelos países europeus atualmente, que têm endurecido as regras para a permanência de imigrantes, provenientes da África e do Oriente.

Além disso, o ministro italiano disse concordar com o processo de "agregação econômica, social e política" com "valores comuns" e defendeu a entrada da Turquia na UE. "Tenho medo que uma negativa [da UE, em relação ao pedido de filiação turca] crie um efeito bumerangue na política internacional (...) deixar a Turquia significa jogar [fora] a ponte entre o mundo cristão e o mundo muçulmano".

Em 3 de outubro próximo, a UE vai passar a negociar com a Turquia sua adesão ao bloco. Para entrar, é preciso que o país cumpra uma série de exigências, como a realização de uma reforma constitucional, a abolição da pena de morte e a paridade sociocultural entre homens e mulheres, segundo o ministro.

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