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19/09/2000 - 03h40

EUA pedem transição política pacífica no Peru

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JAVIER VALENZUELA, do El País, em Washington

Duas questões inquietaram ontem a chancelaria norte-americana: a falta de certeza em relação à data das novas eleições peruanas e a reação das Forças Armadas do país em relação ao anúncio feito pelo presidente Alberto Fujimori de que irá afastar-se da Presidência e acabar com o serviço secreto do país. A Casa Branca pediu que as Forças Armadas dêem seu apoio a uma transição pacífica rumo a "uma democracia plena".

Durante sua participação na Cúpula do Milênio da ONU, na semana retrasada, a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, pediu que o presidente Alberto Fujimori realizasse uma profunda "reforma" no controverso Serviço de Inteligência Nacional (SNI). Vladimiro Montesinos, chefe do SNI, havia entrado na mira de Washington depois que foram levantadas contra ele fortes suspeitas de envolvimento na venda de 10 mil fuzis Kalashnikov de fabricação russa para a guerrilha colombiana.

Segundo Philip Reeker, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Fujimori "estremeceu" ao escutar que os EUA não iriam manter "uma relação bilateral normal" até que fosse feita a reforma do SNI.

A pressão norte-americana sobre Fujimori aumentou após a veiculação do
vídeo em que Montesinos tenta subornar Alberto Kouri, político da oposição.

Autoridades dos EUA temem que as Forças Armadas do Peru -que deram um golpe de Estado em 1968 e governaram o país até 1980- possam se opor ao afastamento de Montesinos e ao fechamento do temido SNI.

"É muito difícil saber se os militares irão acatar uma decisão dessas. Não sabemos se eles forçaram Fujimori a tomar sua decisão por preocuparem-se com Montesinos ou se o presidente não conseguia livrar-se de Montesinos e por isso teve de dizer que iria afastar-se do poder", disse um funcionário do governo dos EUA.

As autoridades norte-americanas afirmaram que não possuem pistas em relação a uma possível agitação militar ou de qualquer outro setor da sociedade voltada para obstruir os planos de Fujimori de realizar novas eleições.

O porta-voz da Casa Branca, Joe Lockhart, afirmou que o país comemorou "esse importante passo dado pelo presidente Fujimori rumo à plena democratização".

"Pedimos a todos os partidos políticos e a toda a sociedade peruana que trabalhe em prol de uma transição pacífica", acrescentou Lockhart.
Washington afirmou ainda que busca não se envolver muito no assunto para evitar possíveis acusações de que o país controla as relações na América Latina.

"Algumas vezes, quando os Estados Unidos se envolvem demais, especialmente no que se refere à América Latina, o próprio envolvimento provoca um efeito negativo. É melhor agir em silêncio e deixar que outros assumam o papel mais principal", comentou uma autoridade dos EUA.
John Hamilton, embaixador norte-americano em Lima, pediu que "medidas transparentes sejam adotadas daqui em diante para restaurar a confiança do povo peruano".

A decisão de afastamento, anunciada por Fujimori no sábado à noite, foi saudada no domingo pela Casa Branca e pelo Departamento de Estado como uma "medida sábia". Foi uma saída para o dilema que Washington enfrentava em relação ao Peru.

Os EUA criticaram a falta de transparência do processo eleitoral e ameaçaram adotar sanções unilaterais contra o país após as eleições do dia 28 de maio, em que Fujimori conseguiu seu terceiro mandato. Mas não chegaram a romper com um sólido aliado na luta contra o narcotráfico.

A Casa Branca manifestou ainda seu anseio de que o Peru trabalhe com a Organização dos Estados Americanos no planejamento das eleições anunciadas pelo presidente, alegando que essa seria a melhor maneira de "garantir uma transição mais estável".

Leia o texto do colunista Marcio Aith Fujimori jogou a toalha...na cabeça de FHC

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