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01/08/2005 - 22h21

Morte de rei Fahd deve representar poucas mudanças na política saudita

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da EFE

A morte do rei Fahd da Arábia Saudita não deve representar mudanças radicais na política do reino petroleiro, pois seu sucessor, Abdullah, já governava o país desde que o monarca ficou doente, em 1994.

A prova mais palpável disso é que a morte de Fahd quase não afetou os mercados de valores da região e o preço do petróleo, embora a Arábia Saudita seja o maior produtor e exportador mundial desta matéria-prima.

"Em geral, não são esperadas grandes mudanças na política interna e externa do país, pois o novo soberano exercia um poder total há quase uma década", declarou hoje à EFE Mohammed Qadri Said, assessor do Centro Al Ahram de Estudos Políticos e Estratégicos.

O rei Fahd perdeu todos seus poderes em 1994, depois de sofrer um derrame cerebral, quando sua figura ficou relegada a meros atos cerimoniais.

Reformas

No entanto, Al Said e outros especialistas disseram que a morte de Fahd, considerado fundador da Arábia Saudita moderna, pode permitir que Abdullah acelere a tímida tendência reformista dos últimos anos.

"É evidente que existe uma nova vocação em questões domésticas, mas (o rei) ainda não está preparado para enfrentar a militância islamita que impregna a sociedade saudita e que há dois anos ameaça o regime", acrescentou o especialista.

Isto não quer dizer que as mulheres receberão seus direitos imediatamente ou que sejam concedidas permissões para construir templos de outras religiões, disse.

A Arábia Saudita é um dos países do mundo que mais comete violações dos direitos humanos.

As mulheres não têm direito a voto e não podem dirigir veículos. Além disso, só podem sair à rua acompanhadas por um homem de sua família e tapadas da cabeça aos pés, completamente de preto.

A forma de governo é uma monarquia autoritária que beira à ditadura, proíbe a liberdade de culto e recorre à decapitação e à tortura para punir os crimes.

Petróleo

Além disso, existem diferenças econômicas que começaram a surgir após 20 anos de bem-estar gerado pelo petróleo. Essa situação criou um ambiente favorável para o surgimento de dezenas de radicais islâmicos, quinze deles autores materiais dos atentados de 11 de setembro de 20001 em Washington, Nova York e Pensilvânia.

Os poucos que se atrevem a levantar a voz no reino acusaram o próprio Abdullah de estimular indiretamente, com sua política e durante sua regência, a aparição de homens como Osama bin Laden, líder da rede terrorista internacional Al Qaeda.

Eles também acusam o novo rei de colocar o país em seu atual estado de risco, com a realização de uma repressão violenta e sem medida sobre os movimentos radicais, que nos últimos dois anos cometeram dezenas de atentados e deixaram mais de cem mortos.

"Não acredito que o novo rei Abdullah esteja disposto a mostrar qualquer tipo de tolerância, mas é de esperar que esteja preparado para dar outra oportunidade aos islamitas para que interrompam sua campanha de terror", disse à EFE Mohammed Salah, escritor especialista em política saudita.

"Acredito que agora o novo monarca terá mais liberdade para exercer sua vontade", acrescentou.

Críticas

Os islamitas criticam a aliança quase total da família real saudita com a política de Washington, estabelecida por Fahd e visível em ações como o controvertido apoio à recente invasão do Iraque.

Nos últimos anos, Abdullah se mostrou um pouco mais resistente e, em algumas ocasiões, rejeitou propostas e pedidos da Casa Branca.

Fontes sauditas citadas por redes de televisão árabe garantiram que não haverá mudanças na política petrolífera do reino.

Há anos, a Arábia Saudita começou a exercer um papel de comando no mercado, baseada em seu papel de principal produtor de petróleo do mundo e no fato de ser o mais fiel aliado dos Estados Unidos.

Quando os preços do produto dispararam, o país aumentou a produção sem levar em conta as ambições de seus aliados da Opep.

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