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07/08/2005 - 19h49

Autoridades russas elogiam tripulação de submarino encalhado

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da Folha Online

Vladimir Pepelyayev, vice-diretor da Marinha russa, elogiou neste domingo a tripulação do submarino AS-28, resgatado após três dias preso a 190 metros de profundidade. "O auto-controle da equipe [seis marinheiros e o representante da empresa fabricante do minissubmarino] permitiu que ela conservasse o oxigênio no veículo até o momento de seu resgate", afirmou.

As declarações do comandante da frota da Marinha do Pacífico, almirante Viktor Fyodorov, seguiram essa mesma linha. "Eles foram muito valentes. Durante toda a operação não ouvimos reclamações ou manifestações de desespero. Nessas cerca de 76 horas debaixo d'água eles apenas nos diziam que estavam bem."

O ministro de Defesa Sergei Ivanov também falou sobre a coragem e força de vontade da tripulação, para depois agradecer a ajuda internacional. "Gostaria de agradecer a todos que estenderam uma mão à Rússia nesse momento", disse, referindo-se ao Reino Unido, Estados Unidos e Japão.

Frio

Logo após saírem do minissubmarino, os marinheiros que lutavam contra a falta de oxigênio deram breves declarações sobre a angústia que viveram. "Estava muito frio. Não consigo nem descrever o frio que passei", afirmou um deles, não identificado.

O submarino emergiu às 4h26 (22h26 deste sábado, no horário de Brasília), após ficar preso no fundo do mar na península de Kamchatchkacosta (costa do Pacífico), a uma temperatura que variava entre 5ºC e 7ºC. O frio teria sido uma das principais dificuldades encontradas pelos marinheiros, que usaram roupas térmicas para se aquecer.

Eles também receberam instruções para ficarem deitados --qualquer tipo de esforço consumiria mais oxigênio-- e desligaram todas as luzes que podiam, para conservar a eletricidade no veículo.

Ao sair do veículo, os tripulantes estavam bastante pálidos. Um deles, que não se identificou, afirmou estar bem e feliz por poder se encontrar com sua esposa e filha.

O comandante da tripulação do submarino, tenente Vyacheslav Milashevsky, também afirmou estar bem e sorriu aos jornalistas presentes no local. Ao ser questionado se acreditava que seriam salvos, Milashevsky disse: "sim, sem dúvida alguma". Sua esposa, Yelena, afirmou ter dançado de tanta alegria ao saber que o incidente havia acabado bem.

A tripulação foi levada a um hospital, onde faria exames para identificar eventuais problemas de saúde. O porta-voz da Marinha russa, Igor Dygalo, disse que eles apresentavam "condições satisfatórias".

Resgate

O submarino emergiu depois que um veículo britânico operado por controle remoto conseguiu cortar os cabos que o prenderam na última quinta-feira, durante um treinamento de combate. O veículo enroscou nos cabos de uma antena submersa, que faz parte do sistema russo de monitoração da costa. A antena está ancorada em um suporte que pesa 60 toneladas.

Antes da chegada dos equipamentos britânicos e americanos, navios russos tentaram soltar o submarino e trazê-lo para águas mais próximas da superfície, onde mergulhadores poderiam acessar a embarcação, mas conseguiram movê-la muito pouco.

Os equipamentos estrangeiros chegaram à península às 10h (18h deste sábado, no horário de Brasília), e o Super Scorpio --robô britânico controlado por controle remoto que mergulha a uma profundidade de 1.515 metros-- conseguiu acessar o local onde o submarino estava encalhado, para cortar os cabos.

Ajuda internacional

O envio de ajuda internacional só foi feito depois que a Rússia pediu formalmente pelo auxílio de países que pudessem colaborar com o salvamento dos tripulantes, ao contrário do que aconteceu quando um outro submarino russo, o Kursk, ficou preso no mar de Barents. Na ocasião, o governo russo foi acusado de negligenciar o salvamento dos tripulantes da embarcação.

Em agosto de 2000, a explosão de um torpedo defeituoso dentro do submarino causou a morte dos 118 tripulantes, provocando um dos mais graves acidentes na história da Marinha russa.

Na época do Kursk, o país recusou várias vezes ajuda internacional, e só a aceitou quando praticamente não havia mais esperanças de salvar os marinheiros.

Crise

A crise deflagrada pelo resgate do submarino --que a Rússia não conseguiu fazer sozinha devido à falta de equipamentos e tecnologia-- indica que o presidente Vladimir Putin não cumpriu com sua promessa de renovar o equipamento da Marinha russa.

Dmitry Rogozin, diretor do partido nacionalista Rodina disse que irá pedir por uma investigação sobre o papel da Marinha russa no incidente.

Rogozin afirmou querer saber o porquê de a Rússia não ter veículos que trabalham em águas profundas, similares aos que os Estados Unidos e o Reino Unido possuem.

Com agências internacionais

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