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20/09/2000
-
03h47
LUIZ ANTÔNIO RYFF, da Folha de S.Paulo
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o Peru deve decidir seu futuro político sem ingerência externa, mas declarou que considera inaceitável um golpe de Estado no país.
"Golpe é inaceitável. Golpe na América do Sul é inaceitável", disse o presidente ao ser questionado sobre a crise política peruana e a possibilidade de desdobramentos não democráticos. FHC participou ontem de fórum sobre varejo organizado pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados), no centro de convenções do Riocentro, no Rio.
"Se o Peru for afastado da democracia, não tem como ter convivência com os demais países da América do Sul", afirmou ele, sem especificar que tipo de medidas o Brasil tomaria nesse caso.
FHC lembrou que a importância da manutenção de regimes democráticos foi um dos pontos discutidos durante a reunião de líderes da América do Sul em 1º de setembro, em Brasília -que contou com a participação do presidente peruano, Alberto Fujimori. "A condição para a convivência aqui (no continente) entre nós é o respeito à democracia", declarou.
FHC reconheceu que a democracia no país vizinho sofreu abalo. "Tenho certeza de que o povo peruano saberá buscar os caminhos que levem ao restabelecimento da ordem democrática", declarou.
Ele mencionou as críticas feitas ao governo brasileiro por ocasião do reconhecimento da eleição que deu a Fujimori o terceiro mandato consecutivo -pleito cuja lisura foi contestada por observadores internacionais. Um dos países que, na época, mais pressionaram contra o resultado foram os Estados Unidos.
"Fico feliz de ver que o povo peruano está encontrando outros mecanismos para resolver seus problemas, sem ingerência externa. Nós não aceitamos ingerência externa e, portanto, também não fazemos", disse FHC, que não quis opinar sobre as saídas para o impasse institucional peruano.
"Eu não conheço os detalhes. Eu não conheço sequer a Constituição do Peru e não sei como isso irá se realizar. É um problema do Peru", afirmou.
FHC -que não comentou se chegou a conversar com Fujimori sobre a crise peruana- disse que o governo brasileiro já havia se posicionado sobre o anúncio da convocação de eleições extraordinárias para a Presidência.
Ele se referia à nota do Itamaraty, divulgada no domingo, na qual o governo brasileiro admitia a "gravidade" das denúncias contra Vladimiro Montesinos, chefe informal do Serviço Nacional de Informações e braço direito de Fujimori, e elogiava a decisão do presidente do Peru de convocar eleições como "um passo adiante no esforço de aperfeiçoamento institucional".
A nota, porém, já trazia um alerta implícito para que Fujimori mantivesse o respeito à democracia e às instituições. "O governo brasileiro expressa sua confiança em que a evolução do quadro político peruano reforçará os mecanismos de diálogo existentes e assegurará inequivocamente a plenitude da ordem democrática."
Leia mais notícias internacionais na Folha Online
Leia o texto do colunista Marcio Aith Fujimori jogou a toalha...na cabeça de FHC
Clique aqui para ler mais informações sobre o governo Fujimori na Folha Online.
Golpe no Peru será "inaceitável", diz FHC
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O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o Peru deve decidir seu futuro político sem ingerência externa, mas declarou que considera inaceitável um golpe de Estado no país.
"Golpe é inaceitável. Golpe na América do Sul é inaceitável", disse o presidente ao ser questionado sobre a crise política peruana e a possibilidade de desdobramentos não democráticos. FHC participou ontem de fórum sobre varejo organizado pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados), no centro de convenções do Riocentro, no Rio.
"Se o Peru for afastado da democracia, não tem como ter convivência com os demais países da América do Sul", afirmou ele, sem especificar que tipo de medidas o Brasil tomaria nesse caso.
FHC lembrou que a importância da manutenção de regimes democráticos foi um dos pontos discutidos durante a reunião de líderes da América do Sul em 1º de setembro, em Brasília -que contou com a participação do presidente peruano, Alberto Fujimori. "A condição para a convivência aqui (no continente) entre nós é o respeito à democracia", declarou.
FHC reconheceu que a democracia no país vizinho sofreu abalo. "Tenho certeza de que o povo peruano saberá buscar os caminhos que levem ao restabelecimento da ordem democrática", declarou.
Ele mencionou as críticas feitas ao governo brasileiro por ocasião do reconhecimento da eleição que deu a Fujimori o terceiro mandato consecutivo -pleito cuja lisura foi contestada por observadores internacionais. Um dos países que, na época, mais pressionaram contra o resultado foram os Estados Unidos.
"Fico feliz de ver que o povo peruano está encontrando outros mecanismos para resolver seus problemas, sem ingerência externa. Nós não aceitamos ingerência externa e, portanto, também não fazemos", disse FHC, que não quis opinar sobre as saídas para o impasse institucional peruano.
"Eu não conheço os detalhes. Eu não conheço sequer a Constituição do Peru e não sei como isso irá se realizar. É um problema do Peru", afirmou.
FHC -que não comentou se chegou a conversar com Fujimori sobre a crise peruana- disse que o governo brasileiro já havia se posicionado sobre o anúncio da convocação de eleições extraordinárias para a Presidência.
Ele se referia à nota do Itamaraty, divulgada no domingo, na qual o governo brasileiro admitia a "gravidade" das denúncias contra Vladimiro Montesinos, chefe informal do Serviço Nacional de Informações e braço direito de Fujimori, e elogiava a decisão do presidente do Peru de convocar eleições como "um passo adiante no esforço de aperfeiçoamento institucional".
A nota, porém, já trazia um alerta implícito para que Fujimori mantivesse o respeito à democracia e às instituições. "O governo brasileiro expressa sua confiança em que a evolução do quadro político peruano reforçará os mecanismos de diálogo existentes e assegurará inequivocamente a plenitude da ordem democrática."
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